O BLOG da FLORESTA visitou
a casa do escritor, redator-publicitário e engenheiro, Simão Pessoa,
57, e conversou um pouco sobre a cultura no Estado
e na capital. Simão já foi editor de vários jornais da capital, dentre
eles O Jornal do Comércio (Jcam), Diário do Amazonas e Jornal Amazonas
Em Tempo. O escritor possui 9 livros de poesia, 4 eróticos, 3 de música e
5 de folclore político e um site por nome: candiru.com. br e o blog
spot: Simão Pessoa, muito conhecido na região. Simão foi elogiado pelo
jornalista falecido, Milôr Fernandes em relação ao seu livro lançado em
1996, o 'Manual do Canalha' e foi citado por Fernandes na Revista Veja
através de uma resenha, além de ter sido indicado ao prêmio da Academia
Amazonense de Letras (AAL).
BLOGdaFLORESTA: Em sua opinião como está a cultura no Estado do Amazonas?
BLOGdaFLORESTA: Em sua opinião como está a cultura no Estado do Amazonas?
Simão Pessoa: Não possuímos política cultural e sim de eventos. O Robério Braga está no poder a vinte anos, nem o papa fica tanto tempo na gestão da Igreja Católica, posso dar um exemplo de uma administração que não valoriza os artistas: ele gasta 2 milhões em um festival de Jazz para meia dúzia de pessoas e não apoia o pessoal que está produzindo aqui, como bandas de rock, os grafiteiros, o pessoal que pratica skate. O pensamento do secretário de cultura é muito elitista, provinciano, está na hora de dar oportunidade a outras pessoas que tem uma visão mais atual do cenário cultural amazonense.
BLOGdaFLORESTA: E no município? Como você vê os trabalhos voltados para cultura de Manaus?
Simão Pessoa: Estou
dando um tempo para ver o que o prefeito Arthur Neto vai fazer, até
agora não vi nada, nem estou sabendo de projetos voltados para a cultura
municipal. No feriado no próximo dia 1˚ de maio, o dia do trabalhador, a
programação será realizada pela Força Sindical e a prefeitura cedeu a
Praia da Ponta Negra, mas não há participação da prefeitura, ela que
deveria estar planejando o evento para esse dia.
BLOGdaFLORESTA: Há uma mistura de festas, isso atrapalha as expressões culturais?
Simão Pessoa: Aqui é
uma invenção de mistura da cultura Boi-Bumbá na época de carnaval. Lá
em Parintins, por exemplo, em época de carnaval é só carnaval, com
marchinha e desfile de blocos, carnaval é carnaval, boi é boi. Existem
muitas bandas tradicionais de marchinhas daqui que precisam de apoio.
Aqui em Manaus existe uma academia de dança liderada pelo Márcio Prata
que não recebe recurso algum do governo e possui cerca de 250 equipes de
dança, recentemente ele recebeu um convite para ir ao Rio de Janeiro,
mas não tem apoio de ninguém e ele tem projeto de levar aulas de dança
de graça para os Centros de Convivência da Família, mas a cultura não
tem apoio.
BLOGdaFLORESTA: Nos dê um exemplo da desvalorização dos nossos artistas
Simão Pessoa: Ano
passado naquela ‘Virada Cultural’ os DJs daqui foram contratados para
ganhar um cachê de R$ 1.000 mil enquanto, por exemplo, o modelo Jesus
Luz que nem DJ é veio a Manaus para se apresentar durante uma hora e
recebeu R$ 100 mil. O cantor Fábio Júnior também veio por um cachê de R$
160 mil. O prefeito disse que não vai trazer ninguém de fora e que
todos os eventos serão feitos pelos artistas locais, estou apostando
nisso.
BLOGdaFLORESTA: Mas você é contra a vinda de artistas de fora?
Simão Pessoa: Estou
confiante no que disse o Arthur. Com o Robério Braga não se pode
contar, ele nunca tem dinheiro para ajudar os artistas locais, mas tem
dinheiro para trazer globais. Não sou contra que tragam artistas de
fora, mas o importante seria que os daqui fossem tratados como os de
fora, eles precisam de valorização, tantas pessoas estão fazendo arte na
periferia, mas não são apoiadas.
BLOGdaFLORESTA: E o interior do Estado?
Simão Pessoa: O
interior está abandonado, se na capital a situação já essa, imagina nos
municípios do interior. No tempo do Governo do Fernando Henrique
Cardoso, há uns 15 anos existia um Projeto do Ministério da Cultura para
a instalação de bibliotecas no interior, uma equipe do Rio de Janeiro
se deslocava até o interior para montar as bibliotecas, o prefeito só
precisava ceder um local e depois administrar, nenhum prefeito na época
aceitou, porque? Eles queriam o dinheiro e não o desenvolvimento
cultural da população.
BLOGdaFLORESTA: E como isso pode mudar?
Simão Pessoa: Através
da conscientização, os ‘caras’ querem manter o pessoal no ‘cabrejo’,
eles tem medo de criar pessoas conscientes, querem uma população que
fique mendigando, que viva uma relação de imploração. Não há fundo
estadual e nem municipal para cultura.
BLOGdaFLORESTA: Você vislumbra um futuro melhor?
Simão Pessoa: Não vislumbro nada, estou desacreditado. O Brasil não tem mais jeito.
Blog da floresta - Sara Matos
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