domingo, 7 de abril de 2013

Faça você mesmo: as facilidades de publicar um livro

Para fazer circular sua literatura, jovens escritores apostam suas fichas em caminhos alternativos

Porto está em contato com uma editora do Sul para publicar um romance regional
Porto está em contato com uma editora do Sul para publicar um romance regional (Juca Queiroz)

De uns tempos para cá, tornou-se mais fácil para os jovens escritores tirarem aqueles manuscritos da gaveta e darem um novo gás a antigos projetos. As pequenas editoras, em especial, têm apostado no talento de uma nova geração de autores, facilitando o processo de publicação das suas obras. Mas, quando o negócio aperta, a autopublicação pode ser um caminho possível, seja no papel ou na Internet.
Aos 21 anos, o estudante de Geografia Rodrigo Porto é um exemplo de escritor que pratica o bom e velho estilo “do it yourself” (faça você mesmo). Nascido em Goiânia, mas radicado em Manaus há dois anos, ele começou produzindo fanzines por conta própria – hoje, ele já tem dois livros publicados de forma independente. “Procurei uma editora, mas o contato foi difícil e o custo não é muito acessível para quem está começando”, contou.
“Se vira” (2012), o livro mais recente, carrega no nome a essência do que levou Porto a correr atrás do seu sonho. “Contei com vários parceiros e amigos nesse processo de publicação. Em comparação com o primeiro livro, que teve o miolo fotocopiado, essa obra já é mais bem produzida, com desenhos profissionais, trabalho de edição, diagramação e impressão colorida”, explicou o escritor.
Para divulgar seu trabalho, Porto ainda prefere a estratégica boca-a-boca. “Busco passar minha literatura adiante, então ofereço as obras em praças, na faculdade e em feiras literárias. É um trabalho que dá para fazer com qualquer tipo de pessoa que se interesse por literatura”, concluiu ele.

CORRENDO ATRÁS
Publicado em 2010 e lançado em Manaus, Rio Branco e São Paulo, “Por mais um dia” é um romance que narra história de superação de Fernanda após a perda dos pais em um acidente durante a Copa de 1994. Quem assina a obra é a escritora Thayanne Azevedo, de 23 anos. Finalizado em seis meses, o livro de 93 páginas foi impresso e distribuído pela editora paulista All Print, mas foi a autora quem bancou a publicação.
“Quando o escritor é novo no mercado, as editoras não costumam custear as obras. Elas auxiliam em todo o processo, assinam contrato, mas o escritor é que se responsabiliza por pagar a produção do livro”, explicou Thayanne. A primeira tiragem de “Por mais um dia” foi de mil exemplares, mas em algumas livrarias de Manaus e Rio Branco (onde ela nasceu) a obra já está esgotada.
Para Thayanne, o mercado editorial no Amazonas ainda é muito fechado, o que obriga os novos escritores a procurarem métodos alternativos para dar vazão às suas produções. Segundo ela, a vantagem de ser publicada por uma editora, ainda que de pequeno porte, é o registro na Biblioteca Nacional. Apesar disso, ela não se descuida da formação profissional.
“Frequentei algumas Bienais Internacionais em São Paulo e tive a chance de participar de oficinas voltadas para escritores iniciantes. Eles ensinam técnicas de como formar um ambiente e caracterizar personagens, por exemplo”, contou ela, acrescentando que esses cursos por si só não garantem um bom material literário.
“É preciso dom, pesquisa e estudo”, completa. No que depender desses três fatores, a história de Thayanne na literatura vai ser longa - o próximo romance já está engatado e tem até título provisório: “Até o fim”.

Confiança na escrita
Um dos cabeças por trás do blog “Gonca Livros” (http://bit.ly/Y5OOTm), o pernambucano Marcos Capella assina um post da página no qual dá algumas dicas que considera cruciais para quem quiser ter sucesso com a autopublicação.
“As vantagens desse sistema é o simples fato de você diminuir a distância entre o autor e o seu leitor. Com a autopublicação os autores não precisam convencer alguém que ele escreve bem ou que ele vale a pena ser publicado, basta ele confiar na sua escrita”, declarou ele em entrevista ao BEM VIVER.
Segundo o estudante de Direito e escritor nas horas vagas, o amor pela escrita tem que nascer com a pessoa, embora seja possível se tornar um autor melhor. “A grande tendência é que as várias oficinas oferecidas pelo Brasil sejam substituídas por cursos universitários como acontece na América do Norte e na Europa. Eu acredito na grande ajuda que elas oferecem para trazer novos talentos para as estantes das livrarias”, finalizou o blogueiro.


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