Para fazer circular sua literatura, jovens escritores apostam suas fichas em caminhos alternativos
De
uns tempos para cá, tornou-se mais fácil para os jovens escritores
tirarem aqueles manuscritos da gaveta e darem um novo gás a antigos
projetos. As pequenas editoras, em especial, têm apostado no talento de
uma nova geração de autores, facilitando o processo de publicação das
suas obras. Mas, quando o negócio aperta, a autopublicação pode ser um
caminho possível, seja no papel ou na Internet.
Aos
21 anos, o estudante de Geografia Rodrigo Porto é um exemplo de
escritor que pratica o bom e velho estilo “do it yourself” (faça você
mesmo). Nascido em Goiânia, mas radicado em Manaus há dois anos, ele
começou produzindo fanzines por conta própria – hoje, ele já tem dois
livros publicados de forma independente. “Procurei uma editora, mas o
contato foi difícil e o custo não é muito acessível para quem está
começando”, contou.
“Se
vira” (2012), o livro mais recente, carrega no nome a essência do que
levou Porto a correr atrás do seu sonho. “Contei com vários parceiros e
amigos nesse processo de publicação. Em comparação com o primeiro livro,
que teve o miolo fotocopiado, essa obra já é mais bem produzida, com
desenhos profissionais, trabalho de edição, diagramação e impressão
colorida”, explicou o escritor.
Para
divulgar seu trabalho, Porto ainda prefere a estratégica boca-a-boca.
“Busco passar minha literatura adiante, então ofereço as obras em
praças, na faculdade e em feiras literárias. É um trabalho que dá para
fazer com qualquer tipo de pessoa que se interesse por literatura”,
concluiu ele.
CORRENDO ATRÁS
Publicado
em 2010 e lançado em Manaus, Rio Branco e São Paulo, “Por mais um dia” é
um romance que narra história de superação de Fernanda após a perda dos
pais em um acidente durante a Copa de 1994. Quem assina a obra é a
escritora Thayanne Azevedo, de 23 anos. Finalizado em seis meses, o
livro de 93 páginas foi impresso e distribuído pela editora paulista All
Print, mas foi a autora quem bancou a publicação.
“Quando
o escritor é novo no mercado, as editoras não costumam custear as
obras. Elas auxiliam em todo o processo, assinam contrato, mas o
escritor é que se responsabiliza por pagar a produção do livro”,
explicou Thayanne. A primeira tiragem de “Por mais um dia” foi de mil
exemplares, mas em algumas livrarias de Manaus e Rio Branco (onde ela
nasceu) a obra já está esgotada.
Para
Thayanne, o mercado editorial no Amazonas ainda é muito fechado, o que
obriga os novos escritores a procurarem métodos alternativos para dar
vazão às suas produções. Segundo ela, a vantagem de ser publicada por
uma editora, ainda que de pequeno porte, é o registro na Biblioteca
Nacional. Apesar disso, ela não se descuida da formação profissional.
“Frequentei
algumas Bienais Internacionais em São Paulo e tive a chance de
participar de oficinas voltadas para escritores iniciantes. Eles ensinam
técnicas de como formar um ambiente e caracterizar personagens, por
exemplo”, contou ela, acrescentando que esses cursos por si só não
garantem um bom material literário.
“É
preciso dom, pesquisa e estudo”, completa. No que depender desses três
fatores, a história de Thayanne na literatura vai ser longa - o próximo
romance já está engatado e tem até título provisório: “Até o fim”.
Confiança na escrita
Um
dos cabeças por trás do blog “Gonca Livros” (http://bit.ly/Y5OOTm), o
pernambucano Marcos Capella assina um post da página no qual dá algumas
dicas que considera cruciais para quem quiser ter sucesso com a
autopublicação.
“As
vantagens desse sistema é o simples fato de você diminuir a distância
entre o autor e o seu leitor. Com a autopublicação os autores não
precisam convencer alguém que ele escreve bem ou que ele vale a pena ser
publicado, basta ele confiar na sua escrita”, declarou ele em
entrevista ao BEM VIVER.
Segundo
o estudante de Direito e escritor nas horas vagas, o amor pela escrita
tem que nascer com a pessoa, embora seja possível se tornar um autor
melhor. “A grande tendência é que as várias oficinas oferecidas pelo
Brasil sejam substituídas por cursos universitários como acontece na
América do Norte e na Europa. Eu acredito na grande ajuda que elas
oferecem para trazer novos talentos para as estantes das livrarias”,
finalizou o blogueiro.
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