Descaso, incompetência e despreparo de agentes públicos deixa a segunda maior cidade do Estado sem porta de entrada
O porto de Parintins foi inaugurado em 2006, pelo então ministro
dos Transportes, Alfredo Nascimento. A obra já custou aos cofres
públicos mais de R$ 25 milhões
Nem
o título de sede do maior evento cultural da região Norte do País tem
livrado a ilha de Parintins (a 325 quilômetros de Manaus) de outro tipo
de isolamento: o econômico. As duas únicas portas de entradas do
município estão fechadas atualmente. O Porto de Parintins foi
interditado pela terceira vez. O aeroporto, há mais de três anos, só
funciona à noite - não pode operar do nascer ao pôr-do-sol. O fato de
gerar dividendos turísticos para o Amazonas não proporciona resultados
práticos à cidade quanto ao transporte e acessibilidade.
A recepção de turistas no aeroporto de Parintins funciona no improviso desde 2010, quando a Justiça Federal decidiu
fechar
o aeródromo por falta de condições de operação. De lá para cá, aviões
são autorizados a pousar e decolar durante o dia só no período do
festival folclórico, provisoriamente, por meio de medidas liminares. Até
hoje a determinação judicial para o pleno funcionamento do aeroporto
não foi atendida na totalidade.
Uma
Ação Civil do Ministério Público Federal (MPF/AM), de 2010, referendada
pela justiça, questiona, entre outras coisas, a manutenção de um lixão
nos arredores do aeródromo - o que atrai urubus e põe em risco a
aviação. A questão já havia sido levantada pela Agência de Aviação
Civil (Anac) em 2005. Além do problema, a Anac detectou que o nível de
proteção contra incêndio do aeroporto era “2”, quando deveria ser “5”.
Em
abril de 2009 e maio de 2011, a agência realizou novas inspeções no
aeródromo Júlio Belém e constatou que o aeroporto não tinha condições
satisfatórias de uso. Em janeiro de 2013, a Justiça Federal decidiu que a
Anac deve fazer outra vistoria no aeroporto, para avaliar se os
problemas foram sanados. A inspeção ainda não foi feita. Na mesma
decisão, a Justiça Federal ordena que o Ibama emita um laudo sobre as
condições ambientais nos arredores do aeródromo. O estudo não foi feito
até hoje.
Também sem condições
seguras de operação, o Porto de Parintins, que custou R$ 25 milhões aos
cofres públicos, está fechado por determinação da Marinha. Não há prazo
para que o terminal hidroviário volte a funcionar. A Capitania Fluvial
da Amazônia Ocidental e a Administração das Hidrovias da Amazônia
Ocidental acompanham o caso. A estrutura de ferro da ponte do cais do
porto apresenta fissuras. Os barcos estão ancorando no muro de arrimo do
terminal.
Ministério Público sem ações sobre o assunto
Nem
o Ministério Público Federal (MPF) nem o Ministério Público Estadual
(MPE) tem ações, atualmente, para apurar a aplicação inadequada de
recursos no Porto de Parintins. O MPF informou que, em 2009, instaurou
inquérito civil público para apurar possíveis irregularidades na
execução de convênio para a construção do terminal hidroviário, mas
recebeu comunicação do Dnit afirmando o cancelamento das transferências
federais.
Atendendo a requisição do
MPF no curso do inquérito, o Dnit informou que um dos convênios expirou
em 2006, sem que fosse emitida qualquer nota de empenho referente aos
recursos, e o outro teve todos os valores devolvidos ao Tesouro
Nacional, sem utilização e sem prejuízo à União. (Jornal acritica -
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