domingo, 7 de abril de 2013

Robério Braga anuncia investimentos para o Festival de Parintins deste ano

À frente da 4ª edição do Seminário de Revisão Crítica do Festival Folclórico de Parintins, o secretário de Estado de Cultura do Amazoans fala sobre a importância da festa para o Estado e as novidades para o centenário dos bois

Robério Braga titular da Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas, anuncia investimentos
Robério Braga, titular da Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas, anuncia investimentos (Antônio Lima)
 
No ano em que Caprichoso e Garantido comemoram seus centenários e que o Governo do Estado entrega um bumbódromo totalmente reformado à cidade de Parintins, o secretário de Estado da Cultura do Amazonas, Robério Braga, ressalta a importância da festa dos bois-bumbás para o Amazonas e para o Brasil.
 Empenhado na realização de um evento cada vez mais grandioso e profissional, o secretário esteve à frente, na última semana, do 4º Seminário de Revisão Crítica do Festival Folclórico de Parintins. O evento teve como objetivo apresentar a estrutura física do novo bumbódromo, como o acesso, os serviços prestados, a segurança, os novos sistemas de sonorização e de iluminação, dentre outros temas referentes à operacionalização técnica do Festival.
Entre um painel de apresentação e outro – o seminário contou com a presença de especialistas de renome nacional como Piter Gaspel e Antônio Carlos Rodão – Robério Braga falou a A CRÌTICA sobre as novidades para este ano e suas expectativas para o Festival Folclórico do centenário.

Qual o objetivo e a importância da realização do Seminário Revisão Crítica do Festival Folclórico de Parintins?
Já é o quarto seminário e o objetivo foi extremamente alcançado, que é a integração dos órgãos públicos das áreas federal, estadual e municipal, além dos prestadores de serviço e dos bois. É um seminário que nos permite ser a coordenação do evento. A Secretaria de Cultura coordena o funcionamento de todos os demais órgãos e tem a responsabilidade central pela atividade. Então, é preciso saber o que cada um vai fazer, integrar as atividades que têm interface e resolver todas as questões operacionais. São quase 40 instituições discutindo. Tanto que nós, para esse seminário, sempre trazemos uma motivadora organizacional de fora com especialidade de trabalhar com grupos de discussão.

Esse ano, os dois bumbás estão comemorando 100 anos de existência. O que vai haver de especial por conta desse marco comemorativo dos bois de Parintins?
Primeiro, tem o grande presente para o povo do Amazonas e para o País, que é o novo bumbódromo. Um investimento audacioso do Governo Omar Aziz da ordem de quase R$ 40 milhões. É um bumbódromo adequado ao novo tempo da festa, à nova dimensão que a festa ganhou ao longo dos anos, às necessidades operacionais e técnicas do festival e à condição dos interesses do público. Dentro de uma lógica do governo que valoriza as oportunidades, a acessibilidade também foi uma preocupação. Para as pessoas que têm necessidades especiais, temos rampa, elevador, tradução em libras, audiodescrição, lugar para cadeirantes, enfim, acessibilidade 100%. A reforma amplia também 2500 lugares para cada boi na galera, gratuitamente. Amplia 1400 lugares na arquibancada especial, amplia 48 camarotes. Moderniza o bumbódromo de uma maneira inigualável. Não há nenhum outro equipamento público com a infraestrutura de som e luz e operacional que nós vamos ter. Nós teremos, no bumbódromo de Parintins, o maior anfiteatro aberto do País. Não só em capacidade, como em condições operacionais.

E a questão da transmissão televisiva do festival? Com esse cenário que está se apresentando: duas emissoras transmitindo, cada uma responsável por transmitir a apresentação de um dos bumbás, como será feita a operacionalização técnica disso?
O festival já é transmitido por diversas emissoras de rádio. Todas trabalham juntas. A novidade é a transmissão de imagem. Porque transmissão de Internet e transmissão de emissora de rádio têm sido feita normalmente por diversos portais e emissoras. Esta opção é uma opção dos bois. O direito de imagem é um direito privativo das agremiações folclóricas: Caprichoso e Garantido. Cabe ao governo acompanhar a decisão que os dois adotarem. Não vamos nos intrometer nisso. O que vimos aqui esta semana foram técnicos das duas empresas trabalhando em conjunto e conhecendo em conjunto as condições operacionais do bumbódromo. Se eles vão trabalhar juntos, se eles vão trabalhar separados, se vão trabalhar integrados, é um problema das emissoras com os dois bois.

Mas, no que diz respeito ao espaço físico no bumbódromo para a transmissão, vai haver alguma adaptação? Vai haver mais de uma cabine de transmissão, por exemplo?
Existe apenas uma cabine de transmissão, que será ajustada às necessidades que surgirem. Nós, a essa altura, não temos como fazer uma nova cabine. Agora, não é isso que vai impedir ou criar dificuldade para a transmissão do festival. O que couber ao governo fazer, do ponto de vista operacional e logístico, para atender à necessidade do festival em qualquer das áreas, o governo vai fazer.

E o espaço para a unidade móvel de transmissão, nessa nova configuração do bumbódromo, está assegurado?
Nós temos um espaço hoje que já estaria reduzido com o crescimento das edificações do bumbódromo. As modificações feitas já reduziram um pouco a área externa. Mas, nós vamos em uma visita com o governador Omar Aziz amanhã e, a partir de amanhã, todas as semanas eu vou a Parintins, justamente para examinar essa questão logística de carros, geradores, que são extra-prédio. Porque só agora é que começa a se desenhar o que de área externa vai sobrar. Mas isso, certamente, não será dificuldade.

Qual a sua avaliação da evolução artística e folclórica dos bois ao longo das últimas décadas?
Eu acompanho o Festival Folclórico de Parintins desde a Copa do Mundo de 1970. Quando Pelé, Tostão e companhia estavam jogando, eu estava lá, no boi de Parintins. Exatamente quando eu fazia o primeiro ano da faculdade de Direito. E acompanho todos os anos desde então. Já fui presidente da comissão julgadora. O espetáculo que eu vi, mudou muito. Não tem absolutamente nada a ver com o que os bois faziam naquela época. Em alguns momentos, quando entra a vaqueirada, por exemplo, lembra um pouco. O festival que eu vi, era numa quadra de futsal, do lado da igreja, depois foi num campo de futebol, onde o festival já se modificou bastante, no chamado tabladão. E, quando foi feito o bumbódromo, ele, então, começou o processo mais acelerado de transformação, de mutação e de composição cênica com outras linguagens. Ele deixou de ser um festival folclórico de boi-bumbá para ser uma festa folco-carnavalesca, no sentido científico da palavra. Nada pejorativo, no sentido técnico. Hoje ele mescla lendas com rituais, com simbologias, com o boi-bumbá. Tanto que, em determinado momento, no regulamento eles exigiram a presença do Pai Francisco e Catirina para lembrar um pouco o velho boi-bumbá. Hoje é tão importante para o Estado e para o País, que qualquer investimento em Parintins é justificável. Tanto para a criação de emprego e renda quanto para projeção do Amazonas e mesmo do Brasil.

E, depois de tanto tempo acompanhando o festival, qual o seu boi-bumbá: Caprichoso ou Garantido?
Ainda não resolvi. Sinceramente. As pessoas pensam que não é verdade. Mas te digo por que não: o boi é uma coisa impressionante. O Garantido, no espetáculo de hoje dá um show. O Caprichoso entra e faz melhor. Amanhã, os dois fazem um desastre. É uma mutação muito grande. Por isso ainda não me decidi.

Já que o senhor não tem boi de predileção, e que os bumbás se acusam mutuamente de não estar fazendo 100 anos em 2013, podemos perguntar para o historiador: qual boi está realmente completando um centenário este ano?
É muito difícil você fixar uma data do surgimento das brincadeiras populares. Vou dar um exemplo: meu pai hoje teria 126 anos, nasceu em 1989. Em 1934 e 35, ele brincava de boi e brincava de brigue. Hoje não tem mais brigue e o boi ficou. Mas que boi ficou? Em 1856 já tem registro de boi-bumbá no médio Amazonas. O que se está falando é da mobilização social que ganhou o nome de Caprichoso ou Garantido, da brincadeira de boi que existe em Parintins.

Jornal acritica -07 de Abril de 2013 - OMAR GUSMÃO

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