Em abril, artista amazonense lança livro onde reconstitui suas influências
O livro “Maya”, uma referência à deusa brâmane da ilusão, será
lançado no dia 25 abril pela Secretaria de Cultura (SEC), apesar de já
estar pronto há um ano
Adepto
de multilinguagens, com presença marcante na cena da cultura
underground no Brasil do fim dos anos 1960 e início dos anos 1970, o
amazonense Óscar Ramos resolveu contar no papel, pela primeira vez, o
percurso e os momentos-chave que contribuíram para a sua formação como
artista plástico. O livro “Maya”, uma referência à deusa brâmane da
ilusão, será lançado no dia 25 abril pela Secretaria de Cultura (SEC),
apesar de já estar pronto há um ano.
“Para
eu escrevê-lo não foi fácil, mas foi imediato: sentei na frente do
computador e em dois meses ele estava pronto”, explicou Ramos,
justificando a demora para a publicação do material autobiográfico. “Ano
passado foi um pouco complicado, estava fazendo filmagens fora de
Manaus e não tive tempo para tratar o livro. Na verdade, não tenho a
menor paciência para essas burocracias da fase de pós-produção”.
A
mudança de Itacoatiara para Manaus, aos 8 anos, a relação artística com
Luciano Figueiredo, a ida para a Espanha, o retorno para o Brasil e o
encontro do artista com o underground e o movimento tropicalista – essas
e outras passagens da vida de Óscar Ramos ganham destaque na obra, que
não tem, nem de longe, um caráter didático por opção do próprio autor.
Segundo ele, “Maya” também vem para preencher um vazio quando o assunto é
sua trajetória nas artes plásticas.
“Nunca
houve um trabalho de crítica do meu trabalho, pelo que dou até graças a
Deus, então nesse livro procuro conceituar, para mim e para os outros, o
conjunto da minha obra. Hélio Oiticica e Lygia Clark diziam que se eles
mesmos não conceituassem a obra deles, a crítica ia fazer bagunça. Não
deixar nenhum subsídio para o público é um problema dos artistas locais.
Não tem como deixar tudo à mercê do público, dos curadores e dos
críticos: o artista precisa dizer a que veio”, enfatizou.
AUSÊNCIAS
Apesar
de retratar a influência do cinema na arte de Óscar Ramos, o livro não
contempla a experiência do amazonense como profícuo diretor artístico em
grandes produções nacionais, como “Menino do Rio” (1981) e, mais
recentemente, a saga “Tainá”.
O autor
também aponta outros “buracos” na obra, como a sua atuação, junto a
Luciano Figueiredo, na produção da revista de artes e literatura
“Navilouca” (1971), idealizada por Waly Salomão e Torquato Neto. “Foi um
processo muito confuso, não tive forças para abrir um capítulo sobre
isso”, explicou Ramos.
O artista
contou, ainda, que o seu amor pelo falso lhe causou estranhamento
durante o processo de escrita. “Conto uma história de um tempo em que
ainda morava em Itacoatiara, onde morava a Dona Neném Fernandes, que
fazia flores de papel. Um dia, ela me deu uma flor verdadeira e fiquei
com ódio dela, porque eu queria a de papel, que não morria”, relembrou.
Mesmo
trazendo trechos autobiográficos como esse, Ramos se permitiu contar
apenas as experiências pertinentes à sua formação como artista plástico.
“São recortes da infância, da juventude e da vida adulta. Não conto
segredos e nem falo mal de ninguém. É uma experiência extremamente
pessoal, como se eu olhasse minha vida através de um microscópio para
enxergar tudo que o que me fez ser o artista que sou”, pontuou.
Serviço
o que é: Lançamento do livro “Maya”, de Óscar Ramos
onde: Biblioteca Pública do Estado do Amazonas, rua Barroso, Centro
Quando: 25 de abril, às 18h
fonte: Jornal acritica -
Nenhum comentário:
Postar um comentário