sábado, 9 de março de 2013

Rosa é a cor do dia: Mulheres avançam em áreas outrora feudos masculinos

Doutora em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Maria Olívia Simão assegura fazer parte do passado o fato de que carreira científica era exercida somente pelos homens
Pesquisadoras, como Adriana Malheiro (FHemoam), que trabalha com células troncos, ocupam espaços que antes eram predominantemente masculino
Pesquisadoras, como Adriana Malheiro (FHemoam), que trabalha com células troncos, ocupam espaços que antes eram predominantemente masculino (Clovis Miranda)

Ainda não é visível, mas as mulheres ocupam, cada vez mais, espaços antes predominantemente masculinos, como na área científica. O perfil da pesquisa no Amazonas está mudando e tornando-se feminino, afirma a presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), Maria Olívia Simão. Com escolaridade maior que a dos homens, elas dominam não só a carreira científica, mas a educação em geral.

Doutora em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Olívia está desde 2011 presidindo a fundação estratégica para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no Estado. E assegura fazer parte do passado o fato de que carreira científica era exercida predominantemente pelos homens. Olívia afirma que para desenvolver trabalhos de pesquisas, as mulheres têm algumas aptidões que a levam a conseguir resultados interessantes, pois dificilmente abandona a busca de metas, ainda que mantenha a dupla jornada de trabalho, dando conta dos dois papéis de mãe e pesquisadora. Em outro aspecto, ela diz que a delicadeza da mulher é fundamental no exercício de algumas atividades em laboratórios, onde há exigência de precisão, uma habilidade feminina.

Embora admita que esse novo cenário, da mulher como protagonista na ciência, não está claro para a sociedade, que mantém o estereótipo do cientista como um homem vestido de jaleco e com aparência esquisita, Olívia aposta que o trabalho feito pelo órgão na divulgação da pesquisa, dará frutos a médio e longo prazos e mudará esse quadro.

Na área dos direitos humanos, no entanto, a Coordenadora da Marcha Mundial de Mulheres em Manaus, Francy Guedes, 52, ressente-se de mais respeito à mulher no seu dia a dia. Ao citar o elevado índice de casos de violência praticados contra a mulher, principalmente tendo os companheiros como autores desses atos, Francy lamenta a mulher aceitar, em nome de amor, relações nas quais é vítima de atos violentos. “Falta respeito a nós mesmas”, assegurou ela, citando a questão do trabalho, onde a mulher trava uma verdadeira batalha com o homem, que detesta ver a mulher lutando para ocupar um espaço que acha ser dele.  No entendimento dela, é preciso, no entanto, que as mulheres comecem a educar meninos para serem os novos homens, capazes de entender e respeitar as diferenças. Infelizmente, admite a ativista, as mães ainda educam para a separação. “Meninas lavam louça, varrem casa, os meninos ficam assistindo televisão”, observa ela, lamentando que na maioria das casas onde nascem crianças, as mulheres não tenham visão para entender que a mudança vai começar a partir delas.

Igualdade só virá pela educação
Desde que as mulheres eduquem os homens, não é utopia esperar que, no futuro, eles sejam iguais na sociedade, acredita a professora universitária Arlete Anchieta, 63, assistente social e coordenadora Fórum Permanente dos Afrodescentes do Amazonas (Fopa-Am). Ao destacar que a mulher é quem educa os filhos, por isso acaba passando para eles toda a carga da opressão sofrida, ela cita que os homens mais machistas são filhos de mulheres mais reprimidas.

Há, no entanto, mudanças acontecendo e a educação está determinando isso, explica ela, ao exemplificar o fato de hoje ver homens pais só de meninas viverem felizes e despreocupados com isso, fato impensável há algumas décadas. “Isso é resultado de educação”, afirma. Arlete, que dá aulas na Faculdade Salesiana Dom Bosco, cita a existência de uma legislação forte com a Lei Maria da Penha, estimulando a mulher a denunciar as agressões, importante para a auto-valorização da mulher.

Sem abrir mão de achar que um mundo melhor é possível, a professora diz que é possível ser otimista porque muitos estão trabalhando para que a educação aconteça. Ao finalizar, Arlete diz sentir que a sociedade está num caminho sem volta e, embora ainda tenha muita gente que ainda não entendeu esse caminhar, a educação é o caminho único e sem para assegurar a igualdade para os seres humanos.

acritica - ANA CELIA OSSAME

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