Notícias de fatos, que deveriam ser normais, receberam as páginas dos
jornais, espaço nas emissoras de rádio, televisão e muitos comentários
na mídia social. Duas pessoas encontraram dinheiro em seus quintais e o
levaram à polícia porque não lhes pertencia. Essas coisas que para
alguns soam como absurdas, é o comportamento de muitos brasileiros. Eu
mesmo já fui beneficiado por uma dessas pessoas que me devolveu, além
dos documentos perdidos, também a carteira e o dinheiro que nela estava.
Existem as pessoas que dizem: “Não é meu, não me pertence”. Ao
contrário que possa parecer, não é a minoria. Por vermos destacados da
mídia assaltos, roubos e falcatruas com dinheiro público, chegamos a ter
a impressão que a maioria é desonesta. O número de pessoas que pagam
suas contas – mesmo as da água que falta e da energia que falha -, que
devolvem o troco recebido a mais, que procuram os donos de objetos
deixados em lugar público, são sim, a maioria. Não recebem a atenção da
mídia porque são silenciosos e vivem, muitas vezes, sem luxo e com pouco
conforto.
Embora o senso comum queira fazer a pobreza andar junto com a
honestidade, nada é mais falso que isso. Entre os abastados também
encontramos pessoas honestas, porém, por serem vistos ao lado de ricos
com passado e presente duvidosos também são tachados de corruptos. Da
mesma forma um pobre que tenha um vizinho ladrão não tem o mesmo
comportamento.
Uma pessoa pobre que devolve o dinheiro achado – dinheiro que poderia
resolver muitos problemas momentâneos – merece destaque. O corrupto
dirá que ele é um idiota. Contudo, a maioria dos brasileiros se
identifica com ele. São pessoas que sentem o bolso queimar por carregar
algo que não lhes pertence. Os honestos ainda são a maioria dos
brasileiros e preferem renunciar ao conforto a se apossar de bens que
não conquistaram pelo trabalho.
O Brasil tem sido vítima de péssimos exemplos vindos de cima. Muitas
vezes advogados apresentam fatos de uma maneira que juridicamente não
pareçam crimes. Contudo, a população não acredita nisso. Se os corruptos
de Brasília tivessem a dor na consciência que tem aqueles que devolvem o
troco recebido a mais ou a polpuda soma que alguém jogou em seu quintal
numa possível fuga, talvez a maioria renunciasse ao posto que ocupe.
Atos como estes mostram que há uma verdade atrás dos fatos que o honesto
não quer mascarar.
Recentemente vimos um gesto bonito da presidente Dilma ao levar as
condolências aos familiares das vítimas em Santa Maria. Logo em seguida
apóia e se esforça para que Renan Calheiros seja eleito presidente do
Senado. Um gesto humano e edificante e outro degradante. O estímulo aos
corruptos no atacado tem relação direta com tragédias advindas de
corrupção no varejo. O povo desonesto tem todos os motivos para imitar o
grande corrupto que chega ao poder ajudado pela chefa máxima da nação.
Como a vida tem seus caprichos, aparecem os Zés da Silva para mostrar
que a ética deve ser praticada nas coisas mais simples. Parabéns a
estes brasileiros!
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