Campanha contará com um maior número de candidatos que podem dificultar a trajetória de Eduardo Braga e José Melo
MANAUS -
Com o troca-troca de partidos, sociólogos e cientistas sociais preveem
uma situação atípica que deve mobilizar as grandes forças políticas na campanha eleitoral no Amazonas no ano da Copa do Mundo. O destaque é a acirrada guerra de interesses dos grupos nos bastidores divididos no apoio a Eduardo Braga (PMDB) e José Melo (PROS), hoje as principais lideranças do Estado e virtuais candidatos à sucessão do atual governador Omar Aziz (PSD) em 2014.
Posicionados atualmente em palanques diferentes, Braga e Melo, que neste ano aumentou a sua popularidade junto ao eleitorado amazonense turbinado pela boa performance de Omar (com 74% de aceitação) na última pesquisa do Ibope, podem deflagrar uma disputa efervescente e levar a decisão para um possível segundo turno. Se confirmada essa previsão, o embate entre o senador e o atual vice-governador configuraria um fato histórico na política amazonense em termos de eleições majoritárias no Amazonas.
“Nos últimos tempos, Melo cresceu muito e pode
atrapalhar as pretensões de Braga, que hoje detém pelo menos 90% das
intenções de voto e tem o apoio de Omar, e levar a disputa para um
segundo turno. Ainda existe muito chão pela frente até o próximo ano
e esse cenário favorável ao senador pode mudar consideravelmente”, diz o
deputado estadual Arthur Bisneto, presidente estadual do PSDB, que
descarta o lançamento de uma candidatura própria de seu partido
nas eleições de 2014.
Dizendo-se amigo íntimo de Melo, mas sem
confirmar por enquanto que apoiará o virtual candidato nas eleições
do próximo ano, Bisneto diz que o vice-governador tem um perfil de
'líder nato' e reúne boas qualidades e condições suficientes para
desbancar Braga e sair vitorioso nas eleições majoritárias. “É um homem
muito educado, cumpre sempre pontualmente os horários de trabalho e
trata a todos com muita educação. Diante das adversidades, age com muita
diplomacia e é um hábil negociador”, afirma o deputado, numa referência
ao senador do PMDB, que adquiriu a fama de ser um truculento no trato
com as pessoas. “Melo é um candidato e tem tudo para surpreender durante
a campanha eleitoral”, acrescenta o parlamentar.
Com o apoio de
Omar a Braga, Melo teve que se desfiliar do PMDB para ser um virtual
candidato ao governo pelo PROS este ano. Se permanecesse no antigo
partido, continuaria sendo alijado de suas atuais pretensões porque
nas bases peemedebistas ele não reúne capilaridade suficiente para
enfrentar a preferência da cúpula da legenda pelo senador, que tem como
vantagem ainda o fato de ser o líder do governo Dilma Rousseff no
Senado Federal.
E, dificilmente, o atual ggovernador recuará da
decisão, pois esse é o caminho para Omar chegar ao Senado em 2014,
na visão do sociólogo Luiz Antônio Nascimento de Souza da Universidade
Federal do Amazonas (Ufam). “A estratégica política dos dois (leia-se
Braga e Omar) está muito bem definida. Eles se alternarão na
dobradinha – Braga volta ao governo e Omar assume o Senado”, diz
o sociólogo.
Ele prevê que a exprimeira- dama Sandra Braga, hoje
suplente do marido no Senado, ficaria inicialmente no cargo após a
desincompatibilização do líder peemedebista para disputar as eleições e,
posteriormente, assumiria uma secretaria estadual com a eleição de
Braga ao governo do Amazonas.
“Em termos de cenário
político, vejo que os mesmos caciques que hoje governam o Amazonas
continuarão no poder e apenas se revezarão nos cargos, a exemplo do
que fizeram antigas lideranças estaduais, como Gilberto Mestrinho e
Amazonino Mendes”, afirma. Ao contrário de Arthur Bisneto, o sociólogo
diz que José Melo não tem capilaridade para enfrentar Braga que,
segundo ele, é o virtual favorito para vencer as eleições. “Depois
do pleito, o hoje vice-governador, derrotado, certamente voltará a
ocupar uma secretaria de governo, de onde saiu e militou sempre”,
prevê.
Segundo sociólogos, a campanha de 2014 contará com um
maior número de candidatos que podem dificultar a trajetória de Braga
e Melo, apontados hoje como os dois maiores favoritos de chegar ao
Palácio Rio Negro em 2014. Ressentido pelo fato de ter sido
atropelado pelo senador Eduardo Braga no PMDB, o deputado estadual Chico
Preto (PMN) é outro virtual candidato que pode surpreender durante a campanha eleitoral.
Nos últimos três meses, a popularidade do parlamentar cresceu junto ao
eleitorado amazonense, fato que, a exemplo de José Melo, pode
turbinar também a sua candidatura ao governo.
Relegado de seu
projeto de disputar o governo pelo PMDB no próximo ano, Chico Preto
deixou recentemente o partido e voltou ao PMN criticando todo o grupo
político liderado por Braga. “O palanque apodreceu e não tenho mais
espaço no PMDB para disputar o governo estadual”, alfinetou ele, numa
clara referência à cúpula peemedebista que decidiu pela candidatura
do senador.
A deputada federal Rebecca Garcia (PP) é
outra virtual candidata ao governo do Estado com boas chances de chegar
ao Palácio Rio Negro. Depois de uma breve trajetória como secretária de
Governo da gestão Omar Aziz, a parlamentar ganhou uma maior projeção no
cenário político local, que a torna uma adversária forte
e bem competitiva nas eleições, além da vantagem de reunir grandes
volumes de recursos financeiros para bancar a campanha, como herdeira do
Grupo Garcia, liderado pelo empresário Francisco Garcia (PP), hoje
suplente da senadora Vanessa Graziottin (PCdoB).
PT, PSDB e PSB
O
PT também não descarta o lançamento de uma candidatura própria nas
eleições do próximo ano, segundo admitiu Valdemir Santana, presidente
regional do partido. Como os petistas estão rachados no Amazonas, por
ora ainda não se sabe quem deve ser o pretenso candidato da legenda, mas
o deputado federal Francisco Praciano (PT) é outro nome forte que desponta para disputar o pleito em 2014 e pode ameaçar os principais adversários durante a campanha eleitoral.
Banido
da gestão do prefeito Arthur Neto (PSDB) por anunciar publicamente que
disputaria o governo em 2014, Hissa Abrahão (PPS), considerado bom de
voto e eloquência, também deve manter a sua candidatura, mesmo com a
oposição do cacique pessedebista. “O Hissa é um bom nome, mas acho que
ele se precipitou em anunciar que sairia candidato, pois não era o
momento certo para essa decisão”, diz Arthur Bisneto, que não
descarta um apoio dos tucanos ao virtual candidato no Amazonas, apesar
da intransigência do pai, Arthur. Nos bastidores, está claro que o
prefeito só não se candidatará em 2014 por achar uma ação
precipitada que poderia afetar a sua popularidade junto
aos eleitores. “O Arthur é muito vaidoso e, de nenhuma maneira,
ele deixaria o Hissa disputar o governo. Ele quer estar sempre em
evidência no cenário político”, diz o sociólogo Luiz Antônio.
Segundo
o especialista, outro político quem não está morto e poderá
ressuscitar do 'sarcófago eleitoral' é Amazonino Mendes. “O
velho cacique só não tem mais dinheiro como os principais adversário de
hoje, mas reúne cacife suficiente para angariar recursos junto a
patrocinadores e surpreender de repente se lançando candidato em 2014”,
acrescenta.
Pelo lado do PSB, Serafim Corrêa sairá candidato ao
governo no próximo ano e, por enquanto, o político não cogita nenhuma
aliança do partido de apoio a sua candidatura. “Isso só vamos mesmo
decidir a partir de meados de 2014, quando reuniremos todos os
membros da legenda para definirmos a estratégia que será adotada durante
a campanha eleitoral”, afirmou.
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