sábado, 14 de fevereiro de 2015

Cadeirante e especialista apontam falhas em obra de ciclovia, em Manaus

Doutor em transporte diz que melhorias em nova ciclovia são necessárias. A Prefeitura afirma que local é seguro e obras continuam em 2015.Usuário de cadeira de rodas diz que precisa descer de costas devido à altura da rampa de acesso  (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)Usuário de cadeira de rodas diz que precisa descer de costas devido à altura da rampa de acesso (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
 
Um trecho de uma ciclovia que deve ligar as zonas Centro-Sul e Oeste de Manaus foi construído pela Prefeitura de Manaus no canteiro central da Avenida Boulevard Álvaro Maia, Zona Centro-Sul. A obra foi inaugurada no fim de janeiro e recebe críticas de populares que circulam pela área. Para o doutor em engenharia de transportes e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Geraldo Alves, alguns trechos da obra entregue dificultam o tráfego de usuários de cadeiras de rodas e ciclistas. O prefeito Artur Neto disse que as ruas da capital não foram preparadas para o trânsito de bicicletas e que está procurando a melhor forma de execução do projeto de ciclovias.
O especialista Geraldo Alves aponta que a construção apresenta falhas em alguns pontos e que podem comprometer a segurança na via. "Aquela área, por ter um trânsito intenso, pode não ser uma boa escolha, mas a atitude de pensar na cidade como um local onde há outros tipos de meio de transporte, que não o carro, é muito boa", disse ao G1.
Para Geraldo, alguns trechos da obra impossibilitam o trânsito de pessoas que fazem uso de cadeiras de rodas. "Vejo que ainda tem muito a ser melhorado. O espaçamento entre as ruas e a calçada, próximo das pequenas rotatórias, mostra que é um trabalho mal finalizado. Aquele espaço deixa intrafegável para usuários de cadeira de rodas e faz com que o ciclista precise descer da bicicleta para poder fazer a travessia em segurança", comenta.
O especialista acredita que é preciso fazer ajustes e criar ciclofaixas em outras áreas de Manaus. "É necessário fazer uma ciclovia que, de fato, leve as pessoas para algum lugar. Interligar vias como a Djalma Batista, Álvaro Maia, André Araújo e outras, faz mais sentido e cria uma cultura de respeito para os usuários de outros meios de transporte. Ciclofaixas pela direita que permitam transitar sem interrupções, como o caso do Boulevard, por exemplo, faz mais sentido", sugere Geraldo.

Espaço entre calçada e rua dificulta passagem de ciclistas e cadeirantes   (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)Espaço entre calçada e rua dificulta passagem de ciclistas e cadeirantes (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
 
O usuário de cadeira de rodas, Adelson Simões, de 32 anos, precisa transitar pela Avenida Boulevard Álvaro Maia todos os meses, para buscar remédios em um hospital próximo da ciclovia. Ele passou pelo local nesta semana e afirma que a obra precisa de adequações. "Tem pontos que deveriam melhorar o acesso. Parece que foi mal planejado. A rampa está muito alta e se for subir ou descer de frente tem risco de cair na rua. Tive que virar de costas pra descer, o que também faz ter o risco de cair. Outra dificuldade são as faixas de pedestre que não estão na direção das rampas", crítica.

Espaço está sendo usado para caminhadas   (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)Espaço vem sendo usado também para caminhadas (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
 
Leonardo Aragão, de 29 anos,  é advogado e faz uso da bicicleta no dia a dia e afirma que não considera a obra do boulevard como ciclovia. "Aquilo não é ciclovia. O projeto inicial não era daquele jeito, o resultado é uma improvisação. Mentalidade de quem pensa que bicicleta é brincadeira e não meio de transporte. Isso é uma pena porque não incentiva, acaba criando um preconceito de que ciclista nunca está satisfeito", afirma.
Alguns pedestres afirmaram não entender o uso do canteiro central como ciclovia. "Bicicleta é meio de transporte e, portanto, deve trafegar na rua e não na calçada. O pedestre vai andar onde?  O correto é a ciclovia ser na rua, como em qualquer lugar do mundo",disse o sargento do exército, Eduardo Freire, de 26 anos.

Especialista aponta que ciclovia apresenta falhas que comprometem a segurança (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)Especialista aponta que ciclovia apresenta falhas  (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
 
O empresário Alberto Santos, de 66 anos sugeriu o uso de gradil em torno na calçada para  prevenir acidentes. Ele afirma que do jeito que está, o ciclista pode cair do centeiro central e ser atingido por algum veículo motorizado. "Colocando grade em volta dessa área deixa mais seguro e evita até de o pedestre atravessar em qualquer lugar", conclui.
O prefeito de Manaus, Artur Neto, disse que as ruas da capital não foram preparadas para o trânsito de bicicletas e a prefeitura está procurando o melhor modo de implantação. "Eles [ciclistas] aprovaram. Eu próprio sou ciclista, gosto muito de pedalar. Não vejo que exista algum risco de segurança. É o mesmo perigo que corro quando estou em uma calçada", disse o prefeito ao G1.

Prefeitura divulgou foto de projeto em seu Facebook; imagem mostra faixa de pedestre e área destinada a ciclistas (Foto: Reprodução/Facebook)Prefeitura divulgou foto de projeto em seu Facebook; imagem mostra faixa de pedestre e área destinada a ciclistas (Foto: Reprodução/Facebook)
 
Projeto
O projeto para implantação da ciclovia foi anunciado pela prefeitura em julho de 2013. As obras foram iniciadas em março de 2014 e foram paralisadas em seguida. À época, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) informou que a paralisação nas obras da ciclovia ocorreu por conta de adequações de projeto e definição de novos materiais. Um trecho - no Boulevard Alvaro Maia - foi entregue no final do mês de janeiro e, segundo a prefeitura, as obras de continuação iniciam ainda em 2015. A ciclovia deverá ligar as zonas Centro-Sul e Oeste.

Projeto da ciclovia da Avenida Brasil foi elaborada após pesquisa do Implurb, Pedala Manaus e um faculdade local (Foto: Divulgação/Implurb)Segunda etapa da obra que passa pela Avenida Brasil, na Compensa e vai até a Ponta Negra, na Zona Oeste deve começar em 2015 (Foto: Divulgação/Implurb)
 
Do G1 AM

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