quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Crocodilo de 8 toneladas habitou Amazônia

Animal pré-histórico viveu há aproximadamente 8 milhões de anos no Acre, media cerca de 15,5 metros, do tamanho do Tiranossauro Rex
 
MANAUS – Quem nunca ouviu histórias de que na Amazônia, existem ou existiram jacarés gigantes. Será que realmente existiu crocodilos comparados ao tamanho de um caminhão? Um artigo produzido por pesquisadores brasileiros confirma que na Amazônia, há cerca de 8 milhões de anos, viveu um crocodilo que media 12,5 metros e pesava mais de 8 toneladas.
O estudo produzido por pesquisadores de universidades do Brasil, incluindo a Federal de Pernambuco e do Acre, foi publicado neste mês na revista científica, Plos ONE. O artigo apresenta o supercrocodilo Purussaurus brasiliensis (nome aportuguesado dado aos crocodyliformes extintos do gênero Purussaurus), animais semelhantes aos jacarés, mais com maiores dimensões, cerca de 12,50 metros de comprimento.
 

Foto: Divulgação. Desenho de Maurílio Oliveira - Museu Nacional, Rio de Janeiro
O animal pré-histórico viveu há aproximadamente a8 milhões de anos no Acre, media cerca de 12,5 metros e pesava 8,4 toneladas. Segundo os pesquisadores, os Purussaurus brasiliensis habitavam os megapântanos que existiam na região amazônica. O predador gigante era do tamanho do famoso Tiranossauro Rex, com a vantagem de ter a mordida duas vezes mais potente do que ao Tiranossauro. 
Os primeiros estudos que confirmam a existência da espécie gigante, que viveu na Amazônia, foram feitos pelo naturalista brasileiro Barbosa Rodrigues (1842-1909). A partir de placas dérmicas e fragmentos de mandíbula foi constatado que uma espécie de um predador gigante habitava a região. 
Em 1986, no Acre, o paleontólogo acreano Jonas Souza Filho, ex-reitor da Universidade Federal do Acre, encontrou um fóssil no rio Acre, no município de Assis Brasil. O achado se tratava de um crânio do Purussaurus com 1,30m. A descoberta do crânio e uma mandíbula de Purussaurus, coletada em 1985 serviu para reforçar a tese da existência dos jacarés gigantes da Amazônia.
Jonas Souza Filho, é um dos autores do artigo, e foi um dos pesquisadores que liderou a equipe responsável pelo achado do fóssil mais completo do Purussaurus. O paleontólogo acreano especialista no grupo dos jacarés, em seu pós-doutorado, na Univerisade de Brasília, publicou um livro infantil sobre o Purussaurus. Jonas se dedica há mais de 30 anos aos estudos dos vertebrados fósseis do Acre. 
Supercrocodilos 
A existência dos gigantes crocodilos da Amazônia estão ligadas a profundas variações climáticas que aconteceram no final do Período Mioceno e início do Plioceno, há cerca de 5 milhões de anos. Os crocodilianos (crocodilos e os jacarés) compõem atualmente um grupo restrito a 23 espécies de répteis arcossauros de médio a grande porte distribuídos ao longo da faixa intertropical do globo. Ocorrem em todos os continentes, exceto na Antártica e na Europa, com a América do Sul apresentando a maior diversidade relativa, possuindo oito espécies em quatro gêneros: Caiman, Melanosuchus, Paleosuchus e Crocodylus.
De hábitos semi-aquáticos, os crocodilianos viventes ocorrem sempre em localidades costeiras, pantanosas e/ou ribeirinhas. No entanto, a diversidade atual corresponde apenas a uma fração da diversidade de espécies, de hábitos, habitats, tamanho e disparidade morfológica que esta linhagem apresentou ao longo de toda a história geológica.
Os crocodilianos correspondem apenas a um ramo do grupo monofilético maior, mais inclusivo, denominado Crocodylomorpha. A história deste grupo inicia-se há cerca de 225 milhões de anos, entre o Triássico
Ilustrações de esqueletos de espécies de diversas linhagens de Crocodylomorpha, representando a disparidade de formas e diversidade de hábitos que este grupo apresentou desde sua origem no período Triássico até os dias atuais. 
A) o crocodilomorfo basal, “esfenossúquio”, Pseudhesperosuchus jachaleri Bonaparte, 1969, do Triássico Superior da Argentina, B) o notossúquio basal Simosuchus clarki Buckley et al., 2000, do Cretáceo Superior de Madagascar, 
C) uma forma marinha, o talatossúquio Metriorhynchus superciliosus (de Blainville, 1853), do Jurássico Médio a Superior da Europa, D) o baurussuquídeo Stratiotosuchus maxhechti Campos et al., 2001, do Cretáceo Superior do Brasil,
E) uma espécie vivente, o caimaníneo vivente Melanosuchus niger, ou jacaré-açu, ocorrente no Brasil e países amazônicos. Silhuetas em escala (barra = 50 cm) produzidas por Caio Bernardes (D) e Karen Carr (E) e extraídas de Parrish 1986 (A), Krause et al. 2010 (B) e Motani 2009 (C).
O registro de crocodiliformes no Brasil volta a ser tão numeroso e diversificado quanto aquele do Cretáceo Superior, ainda que concentrado em quase sua totalidade nos níveis superiores da Formação Solimões da Bacia do Acre e conhecidos também em depósitos correlatos no Peru, Bolívia, Colômbia e Venezuela. 
Estes depósitos continentais do norte da América do Sul, ou pan-amazônicos, possuem uma espantosa variedade e quantidade de fósseis de todos os principais grupos de vertebrados, sendo os crocodiliformes usualmente os mais frequentes nas centenas de sítios paleontológicos que, no caso do estado do Acre, são em sua maioria barrancas expostas pela ação erosiva dos rios e igarapés da região.
 
Jordânia Gamajordania.gama@portalamazonia.com
Atualizado em 25/02/2015

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