segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Outra data para festejar o aniversário de Itacoatiara

Membro da Academia Amazonense de Letras afirma que o município é mais antigo e até já foi 'capital' do Amazonas


Itacoatiara está localizada numa região estratégica do Estado, às margens do rio Amazonas e próxima da foz do Madeira

Itacoatiara está localizada numa região estratégica do Estado, às margens do rio Amazonas e próxima da foz do Madeira (Euzivaldo Queiroz)
A cidade de Itacoatiara (a 170 quilômetros de Manaus) foi fundada em 1683 e atuou como a “capital” do Amazonas. Essas e outras teorias fazem parte de um levantamento de cinco décadas feitas pelo historiador Francisco Gomes que defende: Itacoatiara tem 329 anos e fará aniversário no próximo dia 9.
O “novo” aniversário de Itacoatiara bate de frente com os 139 anos calculados e comemorados pela prefeitura em abril deste ano. O erro, segundo o historiador, se dá porque os governantes insistem em comemorar apenas após o decreto que a criou como cidade, em 1874.
 “A data de criação foi mudada em 1974  pelos administradores da época. Desde então comemoram a data em que Itacoatiara foi elevada a cidade. A data de criação não foi anotada como data oficial pelos gestores porque todos eles são analfabetos e não se preocupam com a história do Município, mas infelizmente isso não é algo exclusivo aos gestores de Itacoatiara”, disparou Gomes.
Para o historiador, membro da Academia Amazonense de Letras, Itacoatiara foi criada por um grupo de jesuítas, com o território que estendia o atual município de Manicoré. “Em 1683 foi criado o primeiro núcleo por jesuítas suíços. Como se tratava de uma missão jesuítica itinerante que sofria constantes ataques de índios, a parte central do município só se tornou o que hoje é Itacoatiara em 1758, que anos depois retornou a se desmembrar para criar outros municípios”, afirmou.
Por anos a cidade foi considerado uma cidade-pólo do Norte do País. Entre as visitas “ilustres” catalogadas pelo historiador estão as dos dois exploradores Francisco Orellana e Pedro Teixeira, além dos presidentes Afonso Pena, Washington Luis, Getúlio Vargas, Café Filho e Juscelino Kubstbeck entre outros
“Entre 1823 e 1826 a cidade era considerado o centro do Amazonas, pois as decisões políticas centrais saíram da Vila da Serpa, nome dado a o município naquela época. Manaus, naquela época, era apenas uma vila com simples povoado e sem grandes poderes políticos”, disse.
Em abril deste ano uma série de eventos foi realizada pela prefeitura como forma de comemorar o aniversário da cidade. Entre as ações estavam corridas, teatros na praça e brincadeiras para as crianças. Para a próxima semana  nenhuma programação está prevista para a comemoração da outra data.
“Em Itacoatiara há um arquivo fantástico na sede da prefeitura que comprova essa data exata. Mas esses documentos estão se deteriorando, em uma situação de total abandono. O problema é cultural e vem de anos. A juventude precisa ser esclarecida sobre a história da própria cidade, mas não vejo interesse político para que isso mude”, disse.
Cidade tem localização estratégica
O desinteresse pela história dos municípios interioranos é apontado pelo historiador Francisco Gomes como o principal motivo da falta de informação.
“O lamentável é que os historiadores do Brasil, em especial os da Amazônia, são metropolitanos. Eles só gostam de se aprofundar de histórias das capitais. São raríssimos os livros de História do Amazonas que tratam dos municípios do interior. A maioria só cita e se aprofunda na capital”, afirmou.
O estudioso defende ainda que o interesse de se estudar a cidade não será alterado com a implantação da Região Metropolitana de Manaus, a qual Itacoatiara está inclusa como um dos municípios beneficiados.
 “A Região Metropolitana é uma falácia, não disse a que veio. Só traz, quando traz, um asfalto às cidades do entorno da capital. Sem contar que  é inconstitucional e  feita apenas com objetivos eleitoreiros”, diz.
Apesar disso, ele  afirma que Itacoatiara é uma cidade estratégica que deve ser destacada em poucos anos. “A cidade, por sua posição estratégica às margens do rio Amazonas e a poucos quilômetros de outro rio importante, o Madeira, será a cidade do futuro. Queiram os governos ou não”, completou.

Jornal acritica

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