terça-feira, 10 de setembro de 2013

Entrevista com o sociólogo Renan Freitas Pinto

Sociólogo Renan Freitas Pinto - foto: Alexandre Fonseca
Sociólogo Renan Freitas Pinto - foto: Alexandre Fonseca
Estudioso da sociologia, o doutor Renan Freitas Pinto é um homem que não para. Após 40 anos dedicados à Universidade Federal do Amazonas (Ufam), ele acaba de se aposentar como professor titular do Departamento de Ciências Sociais do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) daquela instituição, mas não conseguiu se desligar dos projetos acadêmicos e do conjunto de obras sobre o pensamento sociológico.

Aos 70 anos, ele está finalizando um pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e preparando o lançamento, até o fim deste ano, de um livro sobre a Amazônia chamado "Teoria crítica em Adorno".

O sociólogo recebeu o EM TEMPO em sua casa onde conversou sobre política, manifestações populares, seus trabalhos e colaborações no lançamento de livros – até internacionais – e, sobre os cinco séculos de relações Brasil–Alemanha.
 
EM TEMPO – O senhor se aposentou após 40 anos dedicados à sociologia e, principalmente, à Ufam. Quais seus projetos a partir de agora?
Renan Freitas Pinto – A aposentadoria aconteceu em meio a um trabalho que não tem interrupção. Estou atuando no projeto de um livro que aborda os cinco séculos de relação Brasil-Alemanha e isso é uma oportunidade de demonstrarmos a importância da Amazônia para a construção da ciência ocidental. Até o fim do ano também estou focado no lançamento de dois livros: "Vozes da Amazônia", volume 2 e "Teoria Crítica em Adorno". Mas, na Ufam temos uma situação em que aqueles que se aposentam se ainda tiverem fôlego podem atuar na pós-graduação. É isso que estou fazendo.
 
EM TEMPO – Como começou esse trabalho sobre a publicação desses livros?
RFP - Esse trabalho teve início em uma experiência no campo de trabalho da Ufam com o projeto sobre a formação do pensamento social da Amazônia. E nosso objetivo era convidar nossos alunos de antropologia, sociologia e história a se interessarem por esses temas. Temos inclusive trabalho de mestrando sobre esse estudo.
 
EM TEMPO – Como sociólogo, o senhor sempre é requisitado para emitir opinião no campo da política. Como o senhor avalia essas últimas mudanças de comportamento do povo brasileiro, que tem ido às ruas protestar?
RFP – Esse momento não é novo, mas tivemos mudanças em alguns aspectos. Os políticos foram tomados de surpresa e viram que a população não está dormindo, e isso já é um ótimo resultado. A pauta de reivindicações também foi muito positiva. Tivemos como novo a participação das redes sociais, que apresentou um grande salto para esse movimento e conseguiu introduzir nessas manifestações uma turma jovem. O modo que eles se organizaram sem a participação de sindicatos ou partidos políticos demonstra um novo modelo de reivindicação da massa.
 
EM TEMPO – O povo está desacreditado em seus políticos?
RFP - A política deveria ser como o futebol onde todos conhecem as regras. O que vemos hoje nos movimentos é que o jogo político seja jogado claramente com a participação de todos. A população não quer mais políticos descompromissados. Alguns parlamentares criam blindagem entre seus eleitores após assumirem um cargo. A política é uma coisa muito séria e importante, e não está sendo feita dessa forma.
 
EM TEMPO – Esse novo cenário que se desenha poderá mudar o perfil político para 2014?
RFP - Acho que sim. Em alguns sentidos até já mudou. A médio e longo prazo acredito que as deformações ainda serão maiores. O Brasil politicamente não será o mesmo, agora o que ele vai ser ainda é uma incógnita. Temos que aguardar o que a sociedade tem a dizer e fazer sobre isso.

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