sexta-feira, 13 de setembro de 2013

ESTUDO REALIZADO PELA SEPLAN IDENTIFICA FONTES DE POTENCIAIS NEGÓCIOS NO AMAZONAS

O estudo pretende construir uma nova perspectiva econômica para o Estado, trabalhando com várias das situações consideradas “ideais” para o desenvolvimento amazonense.
Um Amazonas forte, bem menos dependente da Zona Franca de Manaus e que explora riquezas naturais, minerais e outras potencialidades de maneira racional. A princípio, esse cenário parece algo inatingível, muito distante da realidade econômica local.

Mas, um estudo realizado pela Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan) pretende construir uma nova perspectiva econômica para o Estado, trabalhando com várias das situações consideradas “ideais” para o desenvolvimento amazonense.
O “Plano estratégico de desenvolvimento do Amazonas 2012-2030”, elaborado por um grupo de trabalho da Seplan– que tem à frente o mestre. Luiz Almir Menezes Fonseca – identifica diversas atividades econômicas que podem ser desenvolvidas em terras amazonenses, como por exemplo, a produção de pescado, a indústria naval, o turismo ecológico e projetos para o setor mineral e logístico.
Para o doutor em economia Socioambiental e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), José Alberto Machado, a falta de vontade política é o maior adversário do desenvolvimento local. “Faltam políticas prioritárias. Para você ter uma ideia, muito se fala do nosso potencial mineral, mas somente no atual governo alguém se preocupou em criar uma secretaria exclusiva para cuidar da questão. Só que esta pasta não foi nem estruturada ainda! Então é complicado”, criticou José Alberto. Ele vê um outro adversário na “zona de conforto” criado pela Zona Franca de Manaus. “Os tributos oriundos do comércio e das indústrias da Zona Franca criaram uma acomodação muito grande. Sinceramente, acho que só vão acordar no dia em que acontecer uma hecatombe. Não vejo possibilidade de mudanças”, opinou, cético.
O Presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, também defende que a mudança passa, prioritariamente, pela vontade política Federal e Estadual. “Não podemos nos dar ao luxo de esperar que algo de diferente aconteça. A Zona Franca de Manaus está aí há 46 anos e pouca coisa foi feita para desenvolver outras potencialidades do Amazonas. No ciclo da borracha, aconteceu a mesma coisa e de uma hora para outra, perdemos nossa grande fonte. Temos, sim, que lutar pela prorrogação da ZFM por mais 50 anos, mas não podemos perder a oportunidade de desenvolver outras matrizes econômicas”, analisou.
Uma das propostas no estudo da Seplan é a implantação do Complexo de negócios industrial, comercial, de defesa e de serviços logísticos do Amazonas (Conam), no Puraquequara, que concentraria algumas empresas do polo naval, do setor mineral e de plataforma logística, além de um porto.
Oitenta instituições estão inseridas como parceiras dentro do planejamento estratégico 2012-2030. O grupo possui um blog (www. Gtpe2030. blogspot. com.br).
Airton Claudino - Titular da Seplan
“Estamos preparando o plano na base de discussões. As perguntas básicas são onde estamos? Onde gostaríamos de estar em 2030? A ideia é envolver todas as instituições públicas e a sociedade organizada em um grande debate. Se todo mundo olhar o que está sendo proposto e colaborar com sua ideia, vamos, ao final deste estudo, conseguir mapear todas as necessidades locais. E com este plano uma vez implementado, qualquer governo que vier, terá uma espécie de manual a ser seguido. Um manual, construído na base do diálogo, que mostra que Estado a sociedade quer daqui há 17 anos. O interessante é que o grupo de trabalho que produz este planejamento é formado por pessoas daqui. Não contratamos nenhuma consultoria de fora. Queríamos gente daqui, falando da realidade local”.
Exploração mineral questionada
O mapeamento e a exploração de recursos minerais do Estado, como ouro, silvinita, gás, petroleo, manganês e urânio presentes no Amazonas é um dos pontos fortes do planejamento proposto pela Seplan. Mas, para o sociólogo Luiz Antônio Nascimento, a exploração mineral tem que ser vista com cautela. “Eu tenho uma visão muito crítica sobre este assunto. Em todos os lugares onde a exploração mineral foi feita no Brasil, o resultado social foi desastroso. Só houve concentração de riqueza para meia dúzia. Em Minas Gerais, nos locais onde mais se tinham minérios, como o Vale do Jequitinhonha, só sobrou pobreza. Em Serra Pelada, no Pará, aconteceu a mesma coisa. E não precisamos ir tão longe. As minas de Pitinga não mudaram as condições miseráveis em que se encontra Presidente Figueiredo. Não há nenhuma garantia que a exploração mineral beneficie a sociedade como um todo”, enumerou o sociólogo.
Luiz, acredita que o desenvolvimento de outros setores pode trazer uma distribuição melhor de renda e aí sim, proporcionar melhores condições a todos. “Em 1999 fiz uma pesquisa que apontava que o setor pesqueiro empregava 90 mil trabalhadores na época. Hoje, o Distrito Industrial gera cerca de 110 mil empregos. E se compararmos os investimentos que o setor pesqueiro recebe com os do DI, você percebe o abismo. Outro polo pouco aproveitado é o moveleiro. Não se aproveita 50% de uma árvore”, ressaltou.
O sociólogo ainda criticou a falta de proximidade entre os setores do Governo e a Universidade. “O desenvolvimento estratégico precisa ser pensado a partir das nossas características. Aí você pega o seguinte: A Bahia tem cinco Universidades públicas, o Pará tem quatro, Minas Gerais tem nove. Aqui, existem duas. Mas nós estamos de costas para a universidade. Você não vê o papel do desenvolvimento tecnológico gerado pelas universidades no Estado. A grande verdade é que se hoje a Zona Franca de Manaus quebrasse, não haveria nenhum setor que a ZFM ajudou a desenvolver que sustentasse a economia local”, alertou.
Além das riquezas minerais, as potencialidades naturais do Estado também estão presentes no estudo, como o pescado, as frutas e hortaliças da região.
O polo cerâmico e oleiro localizado nos municípios de Novo Airão, Iranduba e Itacoatiara é um dos destaques de “recursos naturais” previstos no planejamento estratégico para o Estado.
Vinte e oito recursos minerais no Estado, foram listados pela Seplan, em 24 municípios do Estado.

Fonte: Jornal Acrítica

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