quinta-feira, 15 de março de 2012

Plano piloto de estudos do pinhão manso criado por Moysés Israel em Itacoatiara, torna-se fonte de energia limpa e alvo de pesquisa de importantes institutos de pesquisa da amazônia

Pesquisa desenvolve biocombustível a partir de espécies vegetais da Amazônia

Projeto estudou o potencial de espécies amazônicas para a produção de novos combustíveis de origem vegetal, menos poluentes

O pinhão manso foi a espécie pesquisada que apresentou melhor desempenho para obtenção de biocombustível
O pinhão manso foi a espécie pesquisada que apresentou melhor desempenho para obtenção de biocombustível (Divulgação)
 
Obter biocombustível a partir de espécies vegetais do bioma amazônico e utilizar essa fonte de energia ‘limpa’ para fornecer energia elétrica para comunidades isoladas da Amazônia.
Esse é o objetivo de um projeto que está sendo coordenado pela professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Cristiane Daliassi, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
O projeto ‘Estudo e caracterização de espécies oleaginosas do Estado do Amazonas para produção de biodiesel’ estudou o potencial de espécies amazônicas para a produção de novos combustíveis de origem vegetal, menos poluentes.
O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (Pipt).

A pesquisa
De acordo com a coordenadora do projeto, o primeiro passo foi realizar um levantamento das espécies oleaginosas do Amazonas, juntamente com o Inpa e a Embrapa. A partir da escolha das espécies a serem pesquisadas, as plantas foram levadas para o Laboratório de Pesquisa e Ensaio de Combustíveis (Lapec), para a extração do óleo, contou Daliassi.
“Utilizamos o pinhão manso, presente na região de Itacoatiara, o óleo de maracujá, extraído das sementes da fruta, também o babaçu, muito comum em Autazes (interior do Amazonas), além do óleo de virola e piramium”, relatou a pesquisadora.
Os frutos ainda passaram por um estudo do seu poder calorífico antes de serem submetidos a dois tipos de processos químicos: o craqueamento – que consiste na quebra das moléculas, usando uma fonte de aquecimento – e a transesterificação, onde a quebra das moléculas ocorre por meio da mistura do óleo com álcool.
“No caso dos óleos vegetais, nossa intenção com o craqueamento é obter hidrocarbonetos com propriedades semelhantes à gasolina. Já no processo de transesterificação, misturamos o óleo ao álcool utilizando catalisadores para obter uma molécula menor, com características mais próximas do diesel, que pode ser utilizada como um combustível mais limpo”, explicou.
Segundo a pesquisadora, entre as espécies amazônicas pesquisadas, o pião manso foi a que se mostrou mais promissora em ambos processos químicos.
“Por conta disso, ela já está sendo alvo de estudos no Brasil inteiro. Na nossa região também é uma espécie muito promissora, principalmente para viabilizar ou aumentar o abastecimento energético de populações isoladas”, analisou.

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