Em enquete feita pelo jornal A Crítica, eleitores demonstraram que não acreditam em mudança com a realização das eleições municipais deste ano
No dia 7 de outubro ocorrerá o primeiro turno das eleições municipais. Em Manaus eleitores criticam incapacidade de resolver velhos problemas
A nove meses das eleições municipais, eleitores se mostram incrédulos quanto a mudanças importantes por parte dos futuros eleitos em outubro deste ano. É o que indica enquete feita ontem por A CRÍTICA, na Feira do Coroado, na Zona Leste de Manaus quando foram ouvidos dez eleitores. É nessa zona que se concentra o maior número de eleitores da capital - 130.127, de acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM).
Rosecley Coutinho, 40, feirante, reclama que a categoria está esquecida pelo poder público. “Eu sou feirante há 16 anos e vemos que em todas as eleições as coisas se repetem, as mesmas promessas são feitas e, lamentavelmente, nada muda”, desabafa.
Segundo ela, os problemas de assistência médica, odontológica, educação, segurança e de infraestrutura continuam desafiando a administração da cidade. O trânsito e o transporte público são outros problemas apontados pela feirante. “Todos os prefeitos que passaram pela Prefeitura de Manaus deixam a desejar, até hoje não vemos grandes mudanças. A cidade está um caos e a questão do ônibus é uma vergonha”, disse.
Para o técnico em Construção Civil, Aldenor Rodrigues, 45, o prefeito Amazonino Mendes (PDT) iniciou a administração fazendo um bom trabalho, mas nessa etapa final do mandato “anda pisando na bola”. “Ele (amazonino) se prejudicou quando permitiu o aumento da tarifa de ônibus”, afirmou.
Apesar de sete dos dez eleitores ouvidos expressarem descrença quanto à mudança na forma de fazer política, outros apostam em melhorias. É o caso do técnico e instrutor em Injeção Eletrônica, Jeremias Silva, um paraense que reside há 18 anos em Manaus. Ele afirma que 2012 será um ano bom e oportuno para os parlamentares mostrarem seus trabalhos. “Espero que os próximos vereadores e prefeito eleitos em 2012 continuem trabalhando em prol da cidade”, disse.
Segundo ele, apesar do episódio ocorrido em fevereiro de 2011, envolvendo o prefeito Amazonino Mendes (PDT) e a dona de casa Laudenice Paiva, do Estado do Pará, moradora de uma área de risco, na comunidade Santa Marta, Zona Norte de Manaus, “Amazonino continua sendo o melhor prefeito e o melhor governador que o Amazonas já teve”.
Omar Aziz
Há um ano no comando do Estado, como governador eleito, é Omar Aziz (PSD) o político que recebe mais votos de confiança. Para os eleitores Jeremias, Rosecley e Aldenor, Omar tem se revelado “um bom administrador”. “O trabalho dele está sendo desenvolvido de forma clara e ele levará adiante, da melhor forma, o que foi iniciado pelo ex-governador, o senador Eduardo Braga (PMDB).
“Ele (Omar) está cada vez mais buscando melhorar a vida dos amazonenses. É um bom governador”, disse Jeremias. “Pra mim ele é dez. Se continuar assim tá bom, espero que o governador não se contamine com a politicagem”, acrescentou Rosecley.
Permanência dos problemas
Dona de casa, a moradora do bairro São José I, Cris Crizostão, 47, vê a política sempre como a mesma coisa. Para ela, os candidatos só procuram a população em função do voto que essa pode oferecer, “depois de eleitos eles não cumprem as promessas feitas durante a campanha e desaparecem. “É sempre a mesma coisa. O prefeito deveria ir embora e levar junto os camelôs que estão nas calçadas. Por mim, já que ele falou que não vai se candidatar a reeleição, deveria fazer isso: retirar os camelôs que estão nas calçadas, atrapalhando os pedestres”, disse.
Segundo Cris, ano após ano, governo após governo e os problemas continuam. Ela aponta a falta de água, principalmente na Zona Leste da cidade como um problema que cada prefeito fala, promete resolver e não resolve. “Desde que o bairro foi criado esse problema existe, ninguém consegue resolver, mas as contas de água temos que pagar na data certa”, reclama.
Nas duas últimas eleições municipais, a falta de água e de segurança pública foram temas principais entre os candidatos que disputavam a Prefeitura de Manaus.
Mudança tem que ser de todos
A feirante Cleia Maria, 45, não está satisfeita com a gestão de Amazonino Mendes frente à Prefeitura de Manaus e nem com os vereadores e deputados. “Eles só aparecem por aqui (na região da Feira do Coroado) na época das eleições, depois desaparecem e quando precisamos de assistência não temos a quem recorrer”, criticou.
Revoltada, Cleia disse que a vontade dela é reunir todos os eleitores para, no dia da eleição, realizarem um protesto e que ninguém votar. “O político só enxerga o povo na hora que quer voto, depois fica cego e surdo”, desabafou. Mas, admite que pensa em votar nas eleições deste ano.
O estudante Thiago Freitas, 28, defende que só haverá mudança na política se houver, primeiro, mudança na ação das pessoas, dos eleitores e dos que estão se candidatando. “Só muda se forem novas pessoas para concorrer, porque se forem os mesmos políticos as coisas continuam do mesmo jeito e também se os eleitores mudarem de conduta e se tornarem-se mais críticos, mais participativos ”, disse.
Thiago disse que espera ver na campanha política deste ano os candidatos apresentando suas propostas de forma limpa e sem corrupção.
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