Gravuras têm mesmo padrão em Manaus, Silves e Itacoatiara
Desenhos talhados em rochas entre 2 mil e 7 mil anos atrás podem ter sido uma forma de comunicação entre os povos
Desenhos talhados em rochas entre 2 mil e 7 mil anos atrás podem ter sido uma forma de comunicação entre os povos
Desenhos rupestres de diferentes faces humanas e animais, talhados em rochas no período compreendido entre 2 mil e 7 mil anos atrás, podem ter sido a principal forma de comunicação entre os povos que habitavam onde hoje estão Manaus e os municípios de Itacoatiara (175,48 quilômetros de Manaus) e Silves (a 203,63 quilômetros).
O mesmo padrão de petróglifos (gravuras sobre pedras) encontra-se em rochas dos dois municípios e nas lajes de Manaus, cujos desenhos foram descobertos há quase dois meses, durante a seca. O sítio onde se encontra o maior número de “carinhas” é o Caretas, às margens do rio Urubu, afluente do rio Amazonas, em Itacoatiara, estudado desde o ano passado e que, agora, entra na fase da datação.
O Caretas é considerado raro porque são poucos os petróglifos estudados na Amazônia e ele é o primeiro do Amazonas a ser escavado, segundo a arqueóloga Helena Lima, coordenadora das pesquisas naquele local e pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). A singularidade do sítio Caretas está não apenas na grande quantidade de “carinhas” (aproximadamente 400 em uma extensão de pouco mais de um quilômetro), mas o fato de, no terraço adjacente, estar localizado um sítio cerâmico, o Pedra Chata, que deve ser alvo de pesquisa da equipe de Helena a partir de 2011.
Segundo Helena, a presença, ao mesmo tempo, de um “afloramento rochoso” e de um sítio cerâmico em um pedral às margens do rio Urubu são evidências de que as populações que habitavam o local o tomavam como especial. É que, conforme a arqueóloga, há outros pedrais às margens do rio Urubu sem desenhos rupestres. A importância do sítio também já começa a chamar atenção do poder público municipal de Itacoatiara.
O secretário de cultura do município, Quedinho Pantoja, diz que a prefeitura quer tomar medidas de proteção à área, para que o local não seja alvo de depredações. “A gente quer pedir o tombamento do local também. E realizar, junto com a equipe da Helena, cursos de educação arqueológica e patrimonial nas comunidades localizadas no rio Urubu”, disse. A preocupação de Pantoja tem fundamento.
Nesta semana, durante visita ao sítio Caretas, a reportagem identificou recentes traços de giz nos entalhes das gravuras. Assim como Helena Lima, que já pediu medidas de proteção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Pantoja pretende pedir a instalação de sinalizações na área para alertar a população sobre a necessidade de proteger o local.
Pesquisa chega na fase de datação
A pesquisa no Sítio Caretas, cuja primeira fase da escavação terminou neste mês, entra agora na etapa de datação.
Esta datação é um caso único já que fazer registros cronológicos de gravuras é muito complexo devido à ausência de sedimentação nas pedras. O imponderável permitiu que isto fosse possível. Durante a escavação, a equipe de arqueólogos encontrou um bloco soterrado de pedras com gravuras.
Constatou-se então que a partir de sua proximidade com sedimentos, será possível calcular, pelo menos, o tempo mínimo em que o bloco permanece nesta posição. O “perfil extratigráfico” será realizado em um laboratório norte-americano e vai analisar camadas do solo retiradas do sítio. Ainda não há data para a realização desta análise. “O lugar pode ter sido um marco paisagístico e muito requisitado por diferentes populações. Precisamos saber se foram as populações cerâmicas as responsáveis pelas gravuras ou se elas continuaram as que já existiam”, explica Helena Lima.
A arqueóloga acredita que a arqueologia no Amazonas pode avançar ainda mais, com investimentos em pesquisa, criação de cursos de Arqueologia e formação de material humano. Ela espera que a pesquisa no Caretas, cuja realização é viabilizada com bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vá além dos três anos previstos atualmente.
Relação é de respeito e admiração
A comunidade Nossa Senhora de Aparecida do Cararazinho mantém uma relação de respeito, admiração e encantamento com as proximidades Sítio Caretas. Ela está localizada a, aproximadamente, 15 minutos de distância do Sítio, em deslocamento de rabeta. A agricultora Mariana Ponto, 59, diz que, desde jovem, sabia da existência das “carinhas”.
“Dizem que foram os índios antigos que fizeram. É o que sei. Mas quase não vou lá agora”, contou. Mariana afirma que tem “um pouco de medo” de ir ao local porque, segundo dizem, há uma cobra grande nas proximidades das pedras.
A estudante Marisa Pinto, 20, filha de Mariana, diz que “a comunidade está vigilante” e que, desde que as pesquisas no sítio se iniciaram, as populações da área passaram a dar mais importância ao Caretas.
Elizandra Andrade, 13, da comunidade São José da Ponte, foi uma das alunas da Escola Municipal Desembargador Francisco das Chagas Auzier a receber orientações sobre a importância de se proteger o sítio Caretas. “A gente aprendeu a valorizar a área”, disse Elizandra.
O mesmo padrão de petróglifos (gravuras sobre pedras) encontra-se em rochas dos dois municípios e nas lajes de Manaus, cujos desenhos foram descobertos há quase dois meses, durante a seca. O sítio onde se encontra o maior número de “carinhas” é o Caretas, às margens do rio Urubu, afluente do rio Amazonas, em Itacoatiara, estudado desde o ano passado e que, agora, entra na fase da datação.
O Caretas é considerado raro porque são poucos os petróglifos estudados na Amazônia e ele é o primeiro do Amazonas a ser escavado, segundo a arqueóloga Helena Lima, coordenadora das pesquisas naquele local e pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). A singularidade do sítio Caretas está não apenas na grande quantidade de “carinhas” (aproximadamente 400 em uma extensão de pouco mais de um quilômetro), mas o fato de, no terraço adjacente, estar localizado um sítio cerâmico, o Pedra Chata, que deve ser alvo de pesquisa da equipe de Helena a partir de 2011.
Segundo Helena, a presença, ao mesmo tempo, de um “afloramento rochoso” e de um sítio cerâmico em um pedral às margens do rio Urubu são evidências de que as populações que habitavam o local o tomavam como especial. É que, conforme a arqueóloga, há outros pedrais às margens do rio Urubu sem desenhos rupestres. A importância do sítio também já começa a chamar atenção do poder público municipal de Itacoatiara.
O secretário de cultura do município, Quedinho Pantoja, diz que a prefeitura quer tomar medidas de proteção à área, para que o local não seja alvo de depredações. “A gente quer pedir o tombamento do local também. E realizar, junto com a equipe da Helena, cursos de educação arqueológica e patrimonial nas comunidades localizadas no rio Urubu”, disse. A preocupação de Pantoja tem fundamento.
Nesta semana, durante visita ao sítio Caretas, a reportagem identificou recentes traços de giz nos entalhes das gravuras. Assim como Helena Lima, que já pediu medidas de proteção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Pantoja pretende pedir a instalação de sinalizações na área para alertar a população sobre a necessidade de proteger o local.
Pesquisa chega na fase de datação
A pesquisa no Sítio Caretas, cuja primeira fase da escavação terminou neste mês, entra agora na etapa de datação.
Esta datação é um caso único já que fazer registros cronológicos de gravuras é muito complexo devido à ausência de sedimentação nas pedras. O imponderável permitiu que isto fosse possível. Durante a escavação, a equipe de arqueólogos encontrou um bloco soterrado de pedras com gravuras.
Constatou-se então que a partir de sua proximidade com sedimentos, será possível calcular, pelo menos, o tempo mínimo em que o bloco permanece nesta posição. O “perfil extratigráfico” será realizado em um laboratório norte-americano e vai analisar camadas do solo retiradas do sítio. Ainda não há data para a realização desta análise. “O lugar pode ter sido um marco paisagístico e muito requisitado por diferentes populações. Precisamos saber se foram as populações cerâmicas as responsáveis pelas gravuras ou se elas continuaram as que já existiam”, explica Helena Lima.
A arqueóloga acredita que a arqueologia no Amazonas pode avançar ainda mais, com investimentos em pesquisa, criação de cursos de Arqueologia e formação de material humano. Ela espera que a pesquisa no Caretas, cuja realização é viabilizada com bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vá além dos três anos previstos atualmente.
Relação é de respeito e admiração
A comunidade Nossa Senhora de Aparecida do Cararazinho mantém uma relação de respeito, admiração e encantamento com as proximidades Sítio Caretas. Ela está localizada a, aproximadamente, 15 minutos de distância do Sítio, em deslocamento de rabeta. A agricultora Mariana Ponto, 59, diz que, desde jovem, sabia da existência das “carinhas”.
“Dizem que foram os índios antigos que fizeram. É o que sei. Mas quase não vou lá agora”, contou. Mariana afirma que tem “um pouco de medo” de ir ao local porque, segundo dizem, há uma cobra grande nas proximidades das pedras.
A estudante Marisa Pinto, 20, filha de Mariana, diz que “a comunidade está vigilante” e que, desde que as pesquisas no sítio se iniciaram, as populações da área passaram a dar mais importância ao Caretas.
Elizandra Andrade, 13, da comunidade São José da Ponte, foi uma das alunas da Escola Municipal Desembargador Francisco das Chagas Auzier a receber orientações sobre a importância de se proteger o sítio Caretas. “A gente aprendeu a valorizar a área”, disse Elizandra.
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