segunda-feira, 17 de agosto de 2015

IMPEACHMENTE TAMBÉM DA SOCIEDADE!




Confesso que senti saudades de viver em uma sociedade honesta, harmônica, coesa e decidida. Isso me ocorreu ao ver uma pequena parte da sociedade consciente, exigindo mudanças para o Brasil. Senti saudades do tempo em que a política surgia do povo, para o povo e em seu nome era exercita. Do tempo em que havia fidelidade partidária. Da época do bi partidarismo e dos embates entre MDB e ARENA, dos comícios e das campanhas modestas, com médicos, advogados, poetas, escritores se expondo seus nomes pelo bem comum de todos! Ah, como sinto saudades, mas não desejo o retorno do Governo Militar. Uma mudança nos valores morais da sociedade para que ela volte a escolher bem seus candidatos e cobre trabalho deles no decorrer do exercício do mandato, já seria mais do que o suficiente! 



Hoje tudo mudou, a sociedade apodreceu e nada é mais inútil do que gritar “fora Dilma, fora Dilma”. A presidente saiu fortalecida das manifestações que transcorreram de forma pacífica, sem incidentes, badernas, mascarados ou black “bostas”, como chamei as pessoas que se infiltram no meio dos manifestantes para tumultuar, agredir, insultar, queimar, destruir, enfim, gerndo balbúrdia onde não cabe, destruindo tudo. É preciso pedir o impeachment de toda sociedade que se vende na hora de votar, acredita em promessa de papai noel, em fantasmas, em boatos, em delírios noturnos e até em programas eleitoreiros! A sociedade se corrompeu e corrompe as pessoas!


Foi no domingo, ao assistir “indecisos cordões”, marchando, pedindo e gritando pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff como cantou Geraldo Vandré. E pensei, não seria melhor pedir o impeachment da sociedade apodrecida, sem valores, ética, moral e deixar descer tudo pela latrina do vaso sanitário de uma vez só? Talvez do cheiro fétido que exalasse, talvez possa surgir alguma coisa melhor, uma sociedade mais moral, ética e justa, pensando mais no Ser do que no Ter. O jornalista e articulista Diogo Maianard em publicação em uma rede social, disse que“o impeachment, na minha visão, funciona como um botão que se aperta para dar descarga na privada. Você já fez...o que precisava ser feito e não precisa olhar mais os seus dejetos, misturados ao papel higiênico usado”. Seria mesmo, tão simples assim?


Desconhecia que o articulista Diogo Maianard jogava papel no vaso sanitário para obstruí-lo em algum momento, mas isso é outra coisa que não pensei, mas fiquei sabendo que o jornalista também faz, infelizmente, para desespero dos seus vizinhos do prédio. Mas isso não vem ao caso! Senti saudades, sim, de um tempo em que a sociedade respeitava a ordem, cultivava a ética e a moral, cantava o hino nacional com a mão no peito na Escola, mesmo que forçado, tinha disciplinas de Moral e Cívica e estudava a Organização Política Social do Brasil – OSPB -, respeitava professores em sala de aula e a Escola era local para se aprender em processo de ensino-aprendizagem quase perfeito e não local para desaprender, como ocorre hoje. Senti saudades do tempo em que a imunidade parlamentar era apenas para o político discursar na tribuna da oposição sem medo de sofrer represálias e processos pelo regime militar e, não, também para o prédio da Câmara Federal. Enfim, senti vontade de voltar ao passado e voltei para ver apenas professores, médicos e a sociedade humana sendo mais valorizadas e não desrespeitada como está ocorrendo hoje!


Como parte integrante da sociedade que também precisa descer pela descarga como sugeriu Diogo Maianard, os partidos políticos são formados por essa mesma sociedade apodrecida. Os partidos políticos vivem brigando pelo poder, sem se preocupar com mais nada em torno do coletivo, da sociedade que os deu origem e lhes dá guarida e voto para que existam os vereadores, deputados estaduais, federais e senadores. Todos os partidos políticos, sem exceção, também precisam desaparecer. Em todos os partidos políticos, como também na sociedade existem boas ou más pessoas, honestas e desonestas, corruptas e incorruptíveis. Mas tudo precisa mudar e o o início da mudança está na sociedade que precisa escolher melhor os candidatos e não só no Governo que administra o Brasil, que é apenas um reflexo da sociedade, Se o partido existe e o político se elegeu, o parlamentar não se auto elegeu, não foi via golpe. Alguém votou nele para que esteja lá, mesmo sem representar a sociedade que caminha para um lado e o político caminha diametralmente em sentido oposto!


De tudo que vi dos “indecisos cordões” marchando com bandeiras na mão e gritando pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, de positivo mesmo, só algumas coisas: uma democracia mais fortalecida, o juiz Sérgio Moro recebendo mais apoio e força e uma proposta do Ministério Público para reunir assinaturas e desengavetar projetos de Lei das prateleiras da Câmara dos Deputados, punindo com mais rigor corruptos e corruptores. Hoje, como está, ainda é mais vantagem ser corrupto do que ser honesto no Brasil porque as penas são menores do que a de um crime de homicídio. Mais é um crime também e mata a educação, os sonhos de alunos, pacientes em hospitais etc. Os corruptos e corruptores terão tempo de sair da cadeia e viver com o dinheiro que desviaram porque a pena é baixa, menos do que quatro anos e ainda recebem beneficios! 


A presidente Dilma Rousseff saiu mais fortalecida das manifestações. Ela é como madeira mole que enverga ao vento, mas continua firme, mesmo com sua popularidade quase chegando ao chão. Depois que se puxar a descarga e descer a sociedade apodrecida pelo vaso sanitário, olharei para trás e verei se dos restos que devem ficar, poderá surgir uma nova sociedade forte, unida, determinada e menos alienada politicamente como a que temos hoje no Brasil! Os milhões de brasileiros, integrantes da sociedade, que foram as ruas e “marcharam em indecisos cordões”, talvez tenha esquecido de puxar a descarga para que também descerem juntos com o Governo do PT, PSDB, PSTU, PRONA, PSOL, PT, PP, PT do B e outros que existirem. Como disse, em todos os partidos, existem políticos honestos e desonestos e a Câmara Federal se transformou em um grande balcão de negócios escusos e negociatas inconfessáveis!


Por: Carlos Costa:
Jornalista, Assistente Social, Escritor, Cronista, e nas horas vagas.. poeta.

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