sábado, 17 de janeiro de 2015

Entidades cobram solução definitiva para fomentar logística de grãos no Amazonas

Representantes do setor na região dizem que pacote anunciado pelo Governo Federal é uma medida emergencial



MANAUS
- As medidas anunciadas pelo Governo Federal para fomentar a logística de grãos do agronegócio brasileiro foram minimizadas pelas entidades que representam as empresas do setor no Amazonas e os países pan-amazônicos. De acordo com o presidente da Associação PanAmazônia, Belisário Arce, as medidas anunciadas são muito bem vindas, mas têm caráter emergencial, paliativo, sem grandes benefícios para o Amazonas. “Precisamos de solução definitiva para a logística na Amazônia”, avaliou.
O pacote anunciado pelo governo inclui melhorias na infraestrutura de corredores multimodais em seis Estados: Mato Grosso, Roraima, Amazonas, Pará, Tocantins e Maranhão em especial a garantia de trafegabilidade na BR-163, entre os municípios de Sorriso-MT e Marituba-PA. As medidas visam evitar os congestionamentos de veículos no corredor de acesso ao Porto de Santos, e melhorar as condições de transporte na região Norte.
Segundo Arce, toda solução para a região precisa ter caráter pan-amazônico, ou seja, que englobe o espaço continental amazônico integralmente. “Isso depende de muitos fatores, dentre os quais uma intensa coordenação por parte das lideranças empresariais e políticas dos Estados e dos países amazônicos”, sugeriu.
 

Ações estratégicas para viabilizar o escoamento da safra agrícola 2014/2015 foram apresentadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Foto: Reprodução/Shutterstock
Os ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, e a Secretaria de Portos, Edinho Araújo, apresentaram na terça-feira (13), em Brasília-DF, ações estratégicas para viabilizar o escoamento da safra agrícola 2014/2015. O objetivo é dar continuidade às ações adotadas para evitar congestionamentos de veículos no corredor de acesso ao Porto de Santos, além de melhorias na infraestrutura dos corredores multimodais do Arco Norte nos estados do Mato Grosso, Rondônia, Amazonas, Tocantins e Maranhão.
Arce defende a ideia de que as medidas para beneficiar a logística do Amazonas e consequentemente promover a integração nacional, venham de dentro dos Estados envolvidos. “É essencial também que as instâncias amazônicas sejam empoderadas e que as decisões tomadas em âmbito federal reflitam os anseios dos amazônidas e não visões de centros de poder de fora da Amazônia”, frisou.
Na opinião do presidente da Associação PanAmazônia, promover a infraestrutura logística que conecte a parte Norte da Amazônia ao resto do Brasil, requer urgência por ser imprescindível para o desenvolvimento sustentável da região e do país. “O que é mais urgente e imperioso”, alertou Arce.
Ainda segundo Arce, o extremo Norte da Amazônia já se interliga pela BR-174 à Venezuela, pela Ponte de Letten à República Cooperativa da Guiana, e pela Ponte de Oiapoque-Saint Jorge à Guiana Francesa. “Essa ponte foi finalizada em 2011, mas ainda não inaugurada!!!”, disse.
Arce explica que o Arco Norte, apesar de precário, já atende à região Sul da Amazônia, integrando pela BR-163, Mato Grosso, Rondônia, sul do Amazonas, sul do Pará, Tocantins e Maranhão. A oeste, a Amazônia se conecta ao Pacífico pela Transoceânica, que passa pelo Estado do Acre e chega ao porto de Illo no Peru.
Ainda lembrando que falta a ligação terrestre entre as partes Sul e Norte da Amazônia, “que se daria pela BR-319, que tem de ser pavimentada e complementada com a construção de pontes”, observou. Arce também disse que falta transformar os rios Nappo e Solimões em hidrovias, de fato. “O que permitiria transporte eficiente entre o Estado do Amazonas, Peru e Equador”, afirmou.  Belisário Arce, natural de Manaus, pan-amazonista engajado, organizou a obra literária “Desafios Logísticos na Amazônia Continental, lançado em 2014. Por uma Amazônia altiva, integrada e forte Fetramaz 
De acordo com a Federação das Empresas de Logística, Transportes e Agenciamento de Cargas da Amazônia (Fetramaz), as medidas anunciadas possuem grande importância para o escoamento da safra de grãos do Centro-Oeste, em especial da soja. A BR-163 é um importante canal de escoamento da produção de soja para o Norte. Sob a ótica do PIM, a conclusão da rodovia, com seu asfaltamento, oportunizará uma nova rota para o fluxo de caminhões e semirreboques com cargas do PIM por Santarém/Miritituba/PA.
O representante da Fetramaz, Raimundo Augusto, disse que em relação às oportunidades da soja, há um estudo sendo realizado por um pesquisador da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) que avalia a possibilidade de escoar parte da produção de soja do Centro-Oeste do país por meio de contêineres em Manaus. “Como a safra precisa ser escoada de forma mais eficiente, parece-me uma boa oportunidade para o Centro-Oeste, mais do que para o Polo Industrial de Manaus (PIM).
Segundo informações que tive, de uma pessoa que fez esse trajeto pessoalmente, esta rota vem sendo usada pelos caminhoneiros de maneira intensa, por isso a necessidade de manutenção. Todavia, contamos com seu asfaltamento”, informou Augusto.
Rios são parte da solução 
A produção da safra brasileira 2013/2014 foi de 193 milhões de toneladas. Para 2014/2015, a expectativa é que esse número alcance 202 milhões de toneladas. Foi o que revelou o 4º levantamento de grãos divulgado em 9 de janeiro pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
A ministra Kátia Abreu destacou que o complexo soja/farelo, que teve produção de 86 milhões de toneladas na safra 2014, tem uma previsão de 11% de aumento para 2015, com total de aproximadamente 96 milhões de toneladas. Para viabilizar o escoamento, o ministro dos Portos, Edinho Araújo, anunciou, entre outras, duas estratégias para o Plano Safra 2015, com foco no Porto de Santos. Uma delas é o aperfeiçoamento do sistema de agendamento de caminhões que acessam a instalação portuária. Antes, o controle era feito manualmente. Agora, será automatizado.
O sistema é denominado Portolog, ferramenta que faz parte do projeto “Cadeia Logística Portuária Inteligente” e que contemplará 12 portos públicos, sendo que Santos será o projeto piloto. Araújo disse, ainda, que o Porto de Santos contará com novo pátio neste ano. “Esse pátio terá capacidade de movimentar 650 caminhões por dia, foi credenciado pela Codesp no segundo semestre de 2014 e está a 20 minutos do Porto de Santos”, destacou o ministro dos Portos.
Em relação ao Arco Norte, haverá incentivo à instalação de novos terminais de uso privado no Pará, com a alteração da poligonal de Vila do Conde; início da operação do Tegram, com capacidade de movimentação de 10 milhões de toneladas por ano; e oito novas instalações portuárias privadas e mais três em processo de autorização na região Norte.
O Ministério dos Transportes realizará diversas ações. Entre elas, melhorias na infraestrutura para utilização de corredores multimodais em seis Estados (MT, RO, AM, PA, TO e MA); garantia de trafegabilidade na BR-163/MT/PA entre Sorriso/MT e Miritituba/PA, que já possui 809 km pavimentados; continuidade das obras de pavimentação da BR- 163/PA e de duplicação da BR-163/364/MT; manutenção das demais rodovias do Arco Norte: BR-364/174/158; incentivo à multimodalidade no Arco Norte, com financiamento de 426 embarcações hidroviárias com recursos do Fundo da Marinha Mercante para operação nas Hidrovias do Madeira e do Tapajós-Teles Pires; e incentivo ao uso do modal ferroviário, com a duplicação da ferrovia entre Campinas e Santos (223 km), que está 95,5% concluída.
 
Tanair Maria - Jornal do Commerciotmaria@jcam.com.br
Atualizado em 16/01/2015 07:46:03

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