sábado, 8 de março de 2014

Conheça o projeto do novo Vivaldão para a copa 2014

Manaus na Copa: veja os bastidores do projeto que credenciou a capital

Projeto da Arena da Amazônia teve um custo de R$ 15 milhões; sustentabilidade do estádio, infraestrutura da capital e PIB também pesaram na decisão final

Por Manaus
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No dia 31 de maio de 2009, Manaus foi confirmada como uma das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. A notícia era aguardada por muitos, mas vista com certa distância por outros. O fato é que, no momento do anúncio, aproximadamente 50 mil pessoas se reuniram para vibrar do lado de fora do antigo estádio Vivaldo Lima. A euforia foi grande, mas parte daquele público não sabia o que Manaus fez para conseguir ser uma das 12 cidades premiadas. Primeiro, para ser candidata, a cidade teve que desenvolver um projeto que englobasse, além de um estádio, medidas voltadas para a infraestrutura, entre outros requisitos. Mas como conseguir ter um projeto atrativo e que desbancasse fortes concorrentes? Uma das medidas foi construir a Arena da Amazônia. Na segunda reportagem especial sobre o novo estádio de Manaus, o globoesporte.com mostra os caminhos percorridos para convencer a Fifa de que a capital do Amazonas estava credenciada para receber a Copa 2014.
Anúncio Manaus na Copa 2014 (Foto: Muniz Neto) 
Na área externa do Vivaldão, público acompanhou anúncio da Fifa no dia 31 de maio de 2009 (Foto: Muniz Neto)



Por estar na região amazônica, os idealizadores também pretendiam fazer um dos mais modernos e sustentáveis estádios do mundo, com reaproveitamento da água da chuva para irrigar o gramado, a utilização de lâmpadas com energia solar e outras medidas que dessem ao estádio o selo de sustentabilidade.
Arena da Amazônia projeto (Foto: Reprodução) 
Projeto da Arena da Amazônia foi inspirado em elementos da região amazônica (Foto: Reprodução)
O ex-titular da Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazonas (Seplan), Denis Minev, um dos líderes do projeto, explicou como foi que chegaram ao formato escolhido para a Arena da Amazônia. Segundo ele, "a ideia é que fosse algo amazônico. Então veio a ideia do cesto indígena e do couro da cobra”. 
 - Naquela altura buscamos uma empresa que tivesse uma perna no Brasil. E a GMP [alemã], que tinha feito na África do Sul quatro estádios e na Alemanha mais quatro, era a empresa ideal. Com tantos itens que precisavam ser especificados, fizemos essa busca a arquitetos que realmente entendessem até porque com um projeto de mais de 600 páginas, se pegar alguém que não entenda fica mais difícil – contou.
Arena da Amazônia projeto (Foto: Reprodução) 
O projeto da Arena da Amazônia preenche todos os requisitos da Fifa (Foto: Reprodução)


Após a aprovação, a GMP 'colocou as mãos na massa' na elaboração do projeto, que custou cerca R$ 15 milhões. E para chegar ao projeto ideal, um dos responsáveis, o arquiteto Ralf Amann, informou que o mito de Manaus e os potenciais da floresta amazônica foram levados em conta, principalmente porque conferem à cidade um grande poder de atração para o turismo.
- Por essa razão (potencial turístico), na fase de elaboração do projeto do estádio de Manaus, decidimos conceber um estádio bem simples que, por outro lado, seja uma espécie de citação ao lugar especial situado bem no meio da floresta tropical – explicou.
O estádio não deve ser projetado apenas como uma edificação funcional, mas também se deve concebê-lo como uma parte da paisagem urbana"
Ralf Amann
De acordo com Ralf, o principal interesse durante a concepção do estádio é criar um espaço para os espectadores, onde eles se sintam bem. Isso inclui uma série de atributos arquitetônicos, mas também uma fácil orientação. 
- Além disso, a construção de estádios se tornou mais qualitativa na medida em que eles também ganham uma ênfase maior como marco urbanístico. Portanto, o estádio não deve ser projetado apenas como uma edificação funcional, mas também se deve concebê-lo como uma parte da paisagem urbana, na qual ele se integra harmonicamente ou cria destaques arquitetônicos.
 Sistema especial de fachadas
O projetista da Arena da Amazônia explicou que como Manaus é uma cidade quente, foi criado um sistema especial, composto por fachadas climáticas e elementos de sombreamento, o que propicia uma ventilação natural das arquibancadas.
- Devo lembrar também que a gestão ativa da água aumenta a sustentabilidade do estádio. Através da utilização de materiais de construção de origem predominantemente local, reduz-se a poluição ambiental resultante do transporte de materiais.Além disso, os arquitetos da GMP confiaram na competência existente no setor da construção civil brasileira, como, por exemplo, na construção com concreto. Esses dois aspectos resultam em um efeito econômico favorável na região, bem como em um balanço ecológico positivo sob o ponto de vista do ciclo total de vida da construção – frisou Ralf.  
Iluminação
O projetista explicou que as áreas de acesso público receberão um sombreamento eficaz tornando possível uma máxima utilização da luz diurna e que o consumo de energia para a iluminação artificial no interior do prédio ficará abaixo das exigências com vidros de proteção da luz do sol reduzindo a entrada de raios solares e de calor. 
- Através da interação com as aberturas na fachada, surge uma ventilação natural que propicia um microclima agradável. Além disso, um sistema de refrigeração sem CFC e um ar condicionado controlado de forma descentralizada contribuem para temperaturas agradáveis com uma elevada eficiência energética. O equipamento técnico do prédio, bem como os sistemas acústicos e de iluminação são controlados através de automação inteligente do prédio, podendo ser utilizados por setor e separadamente, algo que reduz ainda mais o consumo de energia – destacou Ralf.
Mosaico projeto Arena da Amazônia (Foto: GloboEsporte.com) 
Espaços internos projetados para a Arena da Amazônia (Foto: GloboEsporte.com)

Baixo consumo de água
Outro ponto que difere a Arena da Amazônia é como será feita a utilização da água nas dependências do estádio. As vigas da cobertura do estádio atuam como grandes calhas para captar enormes quantidades de água das chuvas. Com isso, a água é recolhida e será usada na descarga dos banheiros, reduzindo o consumo de água potável em 45%. Além disso, foram projetadas torneiras controladas eletronicamente e a irrigação do gramado será feita com a água pluvial recolhida. Sem contar que o estádio possui uma estação interna de esgoto.
- Para nós, em uma edificação no clima quente tropical da Amazônia, está em primeiro plano não apenas a proteção da estrutura da construção, mas também obter temperaturas interiores agradáveis. Para reduzir as cargas de resfriamento com um mínimo possível de consumo de energia e de trabalhos técnicos, mesmo diante das condições climáticas extremas, nós criamos pré-requisitos favoráveis para atingir temperaturas ambientes agradáveis – revelou Ralf.
antes da criação do projeto

Manaus conseguiu a vaga na Copa do Mundo. Mas o que foi feito pelo governo antes de chegar no projeto da Arena da Amazônia? De acordo com o ex-secretário Denis Minev, que assumiu a frente do projeto, ao lado da GMP, após o trabalho ser iniciado pela Secretaria de Estado de Cultura, o projeto levou cerca de oito meses para ser elaborado, desde o seu processo de criação até o momento da oficialização da candidatura.
- O Brasil foi selecionado em dezembro de 2007 e, no primeiro semestre de 2008, foi decidido que Manaus iria se candidatar a ser uma das cidades sedes. Já em fevereiro de 2009 tinha que ser entregue todo o projeto que inicialmente ficou com a Secretaria de Cultura e em seguida veio para a Seplan, já no segundo semestre de 2008 – explicou, ao ressaltar que, na época, a candidatura de Manaus era vista com o uma "necessidade" para o Estado. 
- Naquele momento se viu a necessidade da candidatura de Manaus a Copa do Mundo, pois se sabia que com ela se viria vários investimentos que ajudaria o Amazonas, com obras além da Arena da Amazônia. Mas acho que o que fez Manaus ganhar de fato, além do projeto e tudo mais, foi o turismo, localização e o PIB da cidade que era mais alto que o de Belém – emendou.
Arena da Amazônia (Foto: Divulgação) 
Projeto gráfico da Arena da Amazônia (Foto: Divulgação)




Um dos pontos mais criticados na época, sobre o projeto de Manaus para a Copa, era a demolição do estádio Vivaldo Lima, principal palco do futebol amazonense. Para Denis, foi observada a necessidade da demolição do estádio, pois “se fosse fazer os reparos no Vivaldo Lima padrões Fifa, se gastaria o mesmo valor ou até mais um pouco”.
- Na nossa avaliação, Manaus estava muito competitiva com Belém e avaliando todos os requisitos da Fifa, se viu que o Vivaldão não se enquadrava nos padrões que eram exigidos, como ângulo das cadeiras e até mesmo os camarotes que são exigências. Como a reforma teria que mudar isso e outras coisas. Uma obra de reforma muito profunda sairia mais caro do que demolir e fazer outro estádio – justificou. 
UGP Copa
Logo após o processo de criação e início das obras na Arena da Amazônia, já em dezembro de 2010, foi criada a Unidade Gestora da Copa (UGP-Copa), com objetivo de coordenar as ações do mundial que até então eram lidaredas pela Seplan.
- Como a Seplan tem um objetivo especifico com o planejamento do Estado, o governador viu a necessidade de que precisava de uma estrutura para focar em todas as coisas que iriam ser feitas. Que envolviam não só a construção da Arena da Amazônia, mas também a preparação da segurança da cidade como o a instalação do centro integrado de segurança – disse o coordenador da UGP Copa, Miguel Capobiango.
Copa além do estádio
Realizar uma Copa do Mundo não depende apenas de um grande projeto de estádio. A infraestrutura de uma cidade também pesa na escolha. O projeto de Manaus também abraçou outros setores. Infelizmente, nem tudo previsto na matriz de responsabilidade da Copa foi executado, como é o caso da mobilidade urbana. Parte das outras obras previstas ainda está a caminho.

 Projetos Propostas
 CATsAmpliação e qualificação do Centro de Atendimento ao Turista (CAT) da Praça Tenreiro Aranha e a implantação de dois novos CATs (um na Ponta Negra e outro na Rodoviária de Manaus).                                                                                                                                                                                                                                             
Porto de Manaus Melhorias na infraestrutura portuária da capital amazonense estão na matriz de responsabilidade da Copa.
Sinalização de viasO projeto de revitalização da sinalização de ruas, avenidas e de pontos históricos de Manaus para Copa do Mundo de 2014 prevê a instalação de 400 placas com informações em dois idiomas (português e inglês), de acordo com a Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur).                                                                                                                         
 CICCUm novo Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) funcionará ao lado do Centro Integrado de Operações (Ciops), em Manaus. É o principal projeto voltado ao monitoramento de segurança na capital.
 
Centro de ConvençõesO Centro de Convenções do Amazonas (CCA) será usado como suporte aos órgãos que atuarão na Copa do Mundo. Foi erguido ao lado da Arena da Amazônia.
 
Reforma do aeroporto internacionalO projeto, orçado em R$ 444,46 milhões, foi idealizado para a Copa de 2014. A capacidade de passageiros deve subir de 6,4 milhões para 13,5 milhões de passageiros por ano.  
 Hotéis É projetada para a Copa 2014 uma oferta de 23.373 leitos considerando a oferta de hotéis de municípios da Região Metropolitana de Manaus, 20 hotéis de selva e opções de hospedagens alternativas (barcos de turismo e hotéis de luxo). A expectativa é que Manaus receberá 120 mil turistas no período do mundial.                                                                                                                                                                                                                 
 Fifa Fan Fest     O Fifa Fan Fest utilizará estruturas temporárias e a infraestrutura existente da Praia da Ponta Negra, em Manaus. O espaço de 36 mil m² do Fifa Fan Fest terá capacidade para receber um público aproximado de 35 mil torcedores, por dia, durante o evento.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   
Comunicação 4GManaus passa a contar com quatros redes de banda larga de quarta geração de operadoras de telefonia.


globoesporte.com

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