terça-feira, 18 de março de 2014

Aluno com nota melhor consegue salário mais alto, mostra estudo



Notas melhores na escola são seguidas por maior remuneração no mercado de trabalho. Essa hipótese acaba de ser testada no Brasil e se mostrou verdadeira.
Um estudo da Fundação Itaú Social, que será divulgado hoje, revela que alunos com nota 10% maior em português no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) têm remuneração 5% superior no início da carreira.


Para pontuações 10% mais altas em matemática, o incremento de renda é de 4,6%.
A pesquisa, conduzida pelos economistas Andréa Zaitune Curi (FGV) e Naércio Menezes Filho (Instituto de Ensino e Pesquisa - Insper), foi realizada em todas as unidades federativas, com grupos de jovens de duas gerações, uma nascida em 1977 e 1978 e outra em 1987 e 1988.



"Esses resultados são importantes porque mostram o valor do aprendizado", afirma Menezes Filho.

"Havia muita dúvida no Brasil se o efeito de mais anos de estudo poderia ser amplificado com mais qualidade."

Os resultados do estudo descontam o efeito que outras variáveis -como sexo, cor ou o fato de ter frequentado uma faculdade após o ensino médio- possam ter sobre ganhos salariais futuros.



Dessa forma, o aumento de 5% no salário para um aluno que teve pontuação 10% maior do que outro em português não inclui o ganho extra que ele também possa ter conseguido por ter cursado uma faculdade, por exemplo.

Segundo Patrícia Mota Guedes, gerente de educação da Fundação Itaú Social, já há consenso sobre a importância de mais anos de escolaridade, mas faltam avaliações sobre o impacto da qualidade do ensino.



O estudo, diz ela, preenche essa lacuna. Patrícia espera que a conclusão da pesquisa ressalte a importância de reforçar a aprendizagem de cada aluno, independentemente do seu nível de proficiência.

Há cerca de duas décadas, estudos internacionais indicam o forte impacto da qualidade do ensino escolar sobre os salários futuros. O ganho de renda reflete a maior produtividade do aluno que aprendeu mais.



No Brasil, as pesquisas existentes têm foco no efeito dos anos de escolaridade sobre o desempenho no mercado de trabalho.

Segundo a Fundação Itaú Social, é a primeira vez que um estudo analisa o impacto da qualidade do ensino no país.

Uma das dificuldades para pesquisas desse tipo no Brasil é a falta de dados para acompanhar o desempenho individual de cada aluno.



O estudo da Fundação Itaú Social contorna essa barreira acompanhando duas gerações, uma nascida em 1977 e 1978 e outra em 1987 e 1988, agrupadas de acordo com algumas características.

São analisados os resultados da pontuação desses grupos no Saeb e, posteriormente, seus salários com idade entre 22 e 23 anos.



"O fato de que encontramos um ganho salarial expressivo já no início da carreira é importante porque esse ganho tende a se ampliar ainda mais com o tempo", diz Menezes Filho.

Os pesquisadores também analisaram dados do Censo Demográfico e da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio).



Érica Fraga - Folha de São Paulo

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