O rio, sempre o rio, unido ao homem, em associação quase mística, o
que pode comportar a transposição da máxima de Heródoto para os condados
amazônicos, onde a vida chega a ser, até certo ponto, uma dádiva do
rio, e a água uma espécie de fiador dos destinos humanos. Veias do
sangue da planície, caminho natural dos descobridores, farnel do pobre e
do rico, determinante das temperaturas e dos fenômenos atmosféricos,
amados, odiados, louvados, amaldiçoados, os rios são a fonte perene do
progresso, pois sem ele o vale se estiolaria no vazio inexpressivo dos
desertos. Esses oásis fabulosos tornaram possível a conquista da terra e
asseguraram a presença humana, embelezaram a paisagem, fazem girar a
civilização - comandam a vida no anfiteatro amazônico.
Leandro Tocantins (2001, p.278)
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