segunda-feira, 21 de abril de 2014

O cultivo em fachadas é mais simples do que parece, embeleza a cidade e é bom para a dieta

Fachada de residência com horta vertical implantada: cultivo de hortaliças é feito por hidroponia
O uso de espécies vegetais para ornamentar paredes e muros é um hábito antigo que acompanha a história do paisagismo. Mas nos últimos anos, especialmente porque o crescimento das cidades afastou o homem do contato com a natureza e reduziu as áreas disponíveis para o verde, vem se intensificando o desenvolvimento de tecnicas para implantação de jardins verticais.
Com o apoio de tecnologia e inovações, como sistemas de irrigação automatizados e substratos mais leves, essas propostas diferem, em muito, dos antigos muros cobertos por trepadeiras plantadas no chão. Normalmente compostos por módulos que podem ser de material cerâmico, plástico de engenharia ou metal, essas novas fachadas verdes demandam menos manutenção. Tais soluções também possibilitam o cultivo em áreas reduzidas e a combinação de diferentes variedades vegetais, inclusive aromáticas, flores exóticas, ervas e hortaliças.
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Veja exemplos de fachadas verdes e eco-eficientes10 fotos

Bosque vertical é como vem sendo chamado esse edifício projetado pelo estúdio Boeri, atualmente em construção no centro de Milão (Itália). A fachada das duas torres residenciais abrigará árvores de 3 m a 9 m de altura, além de arbustos e espécies florais Divulgação
Divulgação
Hoje, o consumidor brasileiro tem à sua disposição variados sistemas para a construção de jardins verticais, muitos deles flexíveis e ajustáveis a cada tipo de aplicação. Uma das novidades -ainda pouco utilizada- é indicada para uso em fachadas inteiras de edifícios, sem limitação de altura, ou para recobrir grandes superfícies envidraçadas.
Batizada de brise vegetal, a solução é composta por jardineiras dispostas externamente à edificação, afastadas das janelas e presas por cabos e suportes de aço inoxidável. “Trata-se de um sistema apropriado para edifícios novos ou para converter os existentes nos chamados “prédios verdes”, pela consequente redução de 30% a 40% do consumo de energia do complexo”, comenta João Feijó, diretor da Ecotelhado, ressaltando que as novas soluções de infraestrutura verde permitem tornar as cidades mais humanas e agradáveis, sem abrir mão da praticidade e conforto necessários.
A vantagem desse e de outros tipos de eco-fachada, sobretudo quando implantados em superfícies que recebem grande incidência de luz solar, é justamente aumentar a eficiência energética dos edifícios. Segundo Patricia Maia e André Miranda, sócios diretores da GreenWall Ceramic, uma parede verde erguida com módulos cerâmicos pode diminuir em até três graus a temperatura interna, proporcionando economia considerável no uso do ar-condicionado.
Tal redução do consumo de energia ajuda a minimizar o custo inicial de implantação do sistema que, em um primeiro momento, pode parecer alto. Um kit para a instalação de uma parede verde, com sistema de irrigação automatizado, chega a custar R$ 250 por metro quadrado, sem contar o valor das plantas.
Mas quando bem implantados, os ganhos proporcionados pelas fachadas verdes são grandes, não se restringindo apenas aos seus usuários diretos, mas se estendendo também à vizinhança. Mesmo sem vegetação densa, um jardim vertical ajuda na redução de gás carbônico. Tanto que a existência de uma superfície desse tipo conta créditos em certificações de sustentabilidade para edifícios verdes.
Também não é à toa que grandes cidades, como Londres, Seattle (Estados Unidos) e Toronto (Canadá) estabeleceram nos últimos anos políticas de incentivo ao uso das fachadas (assim como de telhados) verdes, como forma de aumentar a superfície vegetada em suas áreas urbanas.
A criação de corredores com paredes verdes pode ser ainda mais impactante na luta contra os poluentes e funcionar como um filtro para a poluição nas grandes cidades. De acordo com um estudo recente conduzido por cientistas das universidades de Birmingham e Lancaster, na Grã-Bretanha, a redução de poluentes no ar pode chegar a 30% com a implantação maciça de fachadas cobertas de plantas.

Juliana Nakamura
Do UOL, em São Paulo

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