domingo, 13 de abril de 2014

A CASA DO TEMPO PERDIDO


Antiga Casa Mamed, localizada em frente a Pracinha do Relógio
 foto: Frank Chaves, Marcondes e Caxuxa - 2012






















Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu.
Bati segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade; a outra metade são cinzas.
Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando
pela dor de chamar e não ser escutado.
Simplesmente bater. O eco devolve
minha ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.

O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado.


Por Carlos Drummond de Andrade

Nenhum comentário:

Consulta de opinão

ALBUM DE ITACOATIARA