Texto publicado no Jornal Gazeta da Vizinhança de Dois Vizinhos, Paraná. (14/06/2010)
Podemos encontrar árvores em diversas condições. Nas áreas verdes como Parques, Praças, Fundo de Quintais, Jardins, às Margens dos Rios e/ou em nossas vias públicas (ruas e avenidas). A função das árvores é tão importante, que em cidades como Curitiba (reconhecida por seu respeito ao meio ambiente e qualidade de vida), somente técnicos com treinamentos e cursos de especialização podem tocar-las.
Em todas estas condições, o valor das árvores é estabelecido por suas diversas funções ao Meio Ambiente, dizemos então que as árvores, quando bem manejadas, contribuem de forma incondicional a qualidade de nossas vidas, trazendo benefícios tanto para o Ser Humano, quanto para os Animais e outras Plantas e Formações vegetais.
As árvores em nossas cidades, sejam os espaços urbanos como os rurais, garantem a melhor qualidade do ar que respiramos, temperaturas mais equilibradas, ambientes mais agradáveis, local para as aves nidificar, abrigo para inimigos naturais de pragas que atacam as lavouras, maior quantidade de água no solo, águas mais limpas, além de evitar a erosão, enchentes, e outras catástrofes urbanas e rurais.
O desenvolvimento acelerado proporciona às cidades, traz grandes prejuízos à qualidade de vida dos seus moradores. A biodiversidade nos centros urbanos limita-se aos parques, que de maneira geral são mal cuidados e insuficientes. Mesmo as árvores decorativas e de sombra são engolidas pela cidade ou são submetidas há podas anuais excessivas, feitas sem qualquer critério e sem conhecimento técnico, pois levam a perda das suas funções até a morte das mesmas.
Em princípio árvore alguma necessita de poda, pois quanto mais livremente uma árvore consegue desenvolver-se, mais bela e sã ela será. Quem já não transitou em ruas, onde as árvores crescem livremente e suas copas tocam-se formando um verdadeiro túnel verde? Quem já o fez, lembra-se da sensação agradável que foi estar ali, ainda que por poucos minutos. Porém, o que vemos pelas ruas do nosso município e região são árvores secas que dificilmente conseguem se regenerar dessa poda extrema.
A cultura da poda anual está inserida em nosso meio, é prática comum das nossas prefeituras. Todos os anos, colaboradores públicos sem qualquer orientação técnica efetiva (onde eles aprendam mais do que serrar os galhos), são empregados para o exercício da poda extrema. Essa poda que deveria ser de manutenção e formação da copa para melhor composição com o ambiente, acaba sendo extrema e causando diversos impactos ambientais à sociedade.
Por exemplo, uma das funções das árvores é a purificação do ar, que acontece pela extração dos agentes poluentes, tais como CO2 (dióxido de carbono) do ar, e uma vez que os galhos com as suas folhas são extraídos radicalmente das árvores, estas perdem sua capacidade de realizar esta atividade, uma vez que são as folhas, as grandes responsáveis pela fotossíntese e a remoção destes gases poluentes da atmosfera.
Ao se retirar os galhos, a árvore precisa se recuperar, contudo é comum após as podas extremas observarmos a geração de brotos e pequenos galhos na base da árvore, esta é a sua tentativa de recuperar-se o mais rápido possível e ter forças para cicatrizar as feridas deixadas pela poda.
Isto acontece porque os brotos que são lançados após a poda, servem para restabelecer o equilíbrio energético das árvores e assim garantir a continuidade da vida da árvore, já que na poda a ferida deixada pelo corte é muito mais danosa para a árvore, pois permite a entrada de bactérias e fungos que acabam destruindo a árvore por dentro.
É justificável a poda nos casos onde há a necessidade de defender os fios elétricos a fim de evitar curtos-circuitos ou quando essas estiveram atrapalhando o trânsito ou a sinalização. Nesses casos, a poda deve ser acompanhada por profissional qualificado que orientará o corte de maneira adequada.
Como já foi descrito, o problema da poda inadequada, assim como outras práticas em desacordo com o meio ambiente, é questão de cultura, só pode ser sanado com a mudança de consciência da sociedade e depende de cada um essa mudança. Contudo, a falta de informação também é substancial e nesse aspecto cabe a todos nós repassar as boas práticas ambientais para o bem da coletividade e sobrevivência do nosso planeta.
Nossa cidade possui os cursos de Engenharia Florestal e a Engenharia Ambiental, então deveríamos ser exemplos de bom manejo ambiental, com praticas corretas no uso dos espaços públicos e privados. Mas infelizmente ainda estamos longe desta realidade. A integração entre Órgão Publico, Universidade e Empresas, já se iniciou, mas ainda temos muito a trabalhar.
Este artigo foi elaborado pelo acadêmico de Engenharia Ambiental da Unisep, Marcos José Chaves, sob a orientação e revisão do Prof. Marcelo Langer
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