As
comemorações dos 105 anos da Universidade Federal do Amazonas (Ufam),
que acontecem nesta sexta-feira (17), representam momentos de reflexão e
de reafirmação dos compromissos da instituição de ensino superior. A
afirmativa é da reitora da universidade, professora Márcia Perales, ao
lembrar que as conquistas foram resultado do esforço de muitos que
trabalharam e trabalham pela instituição.
Ela destaca o projeto
pioneiro desenvolvido no município de São Gabriel da Cachoeira (a 858
quilômetros de Manaus), cuja maioria da população é indígena, e o
desafio que é a implantação do curso de Medicina em outro município,
Coari (a 370 quilômetros), como desafios deste aniversário.
“Projetos
pioneiros importantes como o da interiorização foram implantados com
êxito”, disse Márcia, citando a Unidade Acadêmica de São Gabriel da
Cachoeira, na região do Alto Rio Negro, onde a universidade está há 20
anos, mas atua com mais regularidade nos últimos 10. Segundo ela, agora é
a oportunidade de responder a uma demanda reprimida existente no
município envolvendo as 700 comunidades de várias etnias do entorno do
município. Com a implantação do curso de licenciatura intercultural,
denominado Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável, houve a
possibilidade de construí-lo diferente dos padrões da instituição, sem a
perda da qualidade e do conteúdo acadêmico.
Cerimônia
Na
colação de grau de três etnias, tukano, baniwa e nheengatu, numa grande
maloca da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foinr) em
São Gabriel, realizada em parte na língua deles, a reitora descreve a
emoção com a revisão do ritual acadêmico de colação de grau por serem
alunos de características diferentes. “Esse curso tem uma construção
muito diferente e tivemos dificuldade junto ao MEC para implementá-lo
porque foge ao padrão”. O próximo desafio é atender a uma demanda de 1,2
mil inscritos para 120 vagas oferecidas. Há previsão de que, no máximo,
serão 180.
Outro desafio da atual administração é a implantação
do curso de Medicina em Coari, o que segundo Márcia Perales,
potencializa as dificuldades já encontradas na capital, pela necessidade
de contratação de professores titulados. No entanto, isso será
enfrentado por meio do Instituto de Saúde Biotecnologia, que aglutinou
cursos da área de saúde para facilitar a oferta nos municípios. A ideia é
que o curso em Coari seja implantado ano que vem, com 36 vagas. Para
isso, a Ufam depende de tratamento diferenciado dos órgãos
financiadores, diante das diferenças e singularidades regionais. “Nossa
autonomia financeira é muito limitada para as grandes necessidades que
temos”, assegura.
Falta de profissionais para o quadro docente

Com
115 cursos regulares e 177 no total sendo oferecidos em áreas como gás e
petróleo, arquitetura e engenharia, há dificuldades para captar
professores no mercado. Nesses últimos, prioridade número um do País, o
déficit é enorme, já que são 15 engenharias implantadas. Para suprir
esse déficit, Márcia Perales diz que a Ufam realiza parceria com
universidade de outros estados, após tentativas de abertura de concursos
públicos.
Nesse período, a instituição contabiliza a renovação
de quase 2/3 do seu pessoal por aposentadoria, inclusive a compulsória, o
que exige um trabalho de capacitação de recursos humanos mais intenso.
Nesse sentido, ela cita o Plano Institucional de Capacitação (PIC), que
oferece aos novos servidores sem titulação cursos de mestrado e
doutorado institucionais, criados pela Ufam e dirigidos ao pessoal do
interior do Estado.
Márcia destaca ainda a parceria da Ufam com a
área produtiva do setor privado, sem abrir mão, segundo afirma, dos
princípios da instituição de ensino e aponta o trabalho inédito que vem
sendo desenvolvido pela Pró-Reitoria de Inovação Tecnológica, destinada a
criar condições para apoiar os pesquisadores.