Símbolos e objetos litúrgicos
"A Eucaristia é um mistério altíssimo, é propriamente o Mistério da fé, como se exprime a Sagrada
Liturgia:
Nele só, estão concentradas, com singular riqueza e variedade de
milagres, todas as realidades sobrenaturais. [...] Sobretudo deste
Mistério é necessário que nos aproximemos com humilde respeito, não
dominados por pensamentos humanos, que devem emudecer, mas atendo-nos
firmemente à Revelação divina" (carta encíclica Mysterium Fidei).
As palavras do papa Paulo VI ajudam-nos a compreender o papel da
sagrada liturgia. Somos, por natureza, apegados aos sentidos. Diante de
uma realidade sobrenatural, como o é a santa missa, a liturgia vem em
nosso socorro, para que, através de símbolos e gestos concretos,
alcançemos o entendimento daquilo que pela fé cremos. Não que se exija
do fiel que o mistério seja plenamente entendido, pois este é, antes,
para ser crido, mais que explicado; mas, iluminados pela sagrada
liturgia, possamos dirigir a Deus o
culto de adoração que lhe é devido, de modo que a nossa oração seja um espelho fiel da nossa fé.
Um símbolo litúrgico será necessariamente simples, pois a
realidade que ele nos faz penetrar é também simples, como o é o Criador
de todos os mistérios. Portanto, não desprezemos os gestos, as palavras
ditas, as
vestes, o
sagrado rito, por sua simplicidade, para não corrermos o risco de
desprezarmos também o mistério que esses símbolos escondem e apontam. Se
um homem enamorado devota às cartas de sua namorada o amor que dirige à
sua autora, muito mais devemos nós, também, zelar para que a santa
missa seja sempre honrada e respeitada, em toda a sua inteireza.
OBJETOS LITÚRGICOS
Os
objetos
litúrgicos, também chamados de "alfaias", são aqueles que servem ao
culto divino e ao uso sagrado, razão pela qual não podem ser manuseados
de modo displicente, muito menos de forma desrespeitosa. Os objetos
usados no culto divino devem ser feitos de materiais nobres, ornados de
tal forma que invoquem a riqueza dos mistérios que eles servem.
A encíclica
Sacrosanctum Concilium assim descreve a importância da dignidade dos objetos utilizados na liturgia:
"A Igreja preocupou-se com muita solicitude em que as alfaias sagradas contribuíssem para a dignidade e beleza do culto".
Dessa forma, não cumpre o papel a que se propõe, objetos que não
exaltem essa dignidade, tais como cálices de vidro comum ou patenas
improvisadas, feitas de materiais desprovidos de valor. Vamos conhecer
os objetos mais importantes:
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Âmbula - também chamada de cibório ou píxide; é utilizada para a conservação e distribuição das hóstias consagradas aos fiéis. |
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Cálice - recipiente onde se consagra o vinho durante a missa. |
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Patena - pequeno prato,
geralmente de metal, utilizado na consagração do pão. Também é usada na
distribuição da comunhão, para prevenir a possibilidade de queda das
partículas consagradas ou partes delas. |
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Teca - pequeno estojo, geralmente de metal, onde se leva a Eucaristia para os doentes. |
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Hóstia - pão não fermentado (ázimo) circular. Ao pão maior chamamos hóstia, consagrada e consumida pelo sacerdote durante a missa. Aos menores, consagrados e distribuídos aos fiéis, chamamos partículas. Essas, uma vez guardadas no sacrário para adoração dos fiéis, e que são consumidas na missa seguinte, chamamos reserva eucarística. |
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Turíbulo - é o objeto utilizado na incensação. Nele é colocado o incenso,
uma resina aromática, sobre a brasa. O incenso, que simboliza a oração
elevada a Deus, é depositado no turíbulo, pelo sacerdote, e guardado na naveta, um pequeno vaso utilizado para o seu transporte. |
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Crucifixo - além da cruz processional, que abre a procissão de entrada, há um crucifixo menor, que fica sobre o altar, durante a a missa. |
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Galhetas - dois recipientes para a colocação da água e do vinho, para a celebração da missa. |
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Corporal - tecido em forma quadrangular sobre o qual se coloca o cálice com o vinho e a patena com o pão. |
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Pala - cartão quadrado, revestido de pano, utilizado para cobrir a patena e o cálice. |
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Sangüíneo - ou purificatório. É um
tecido retangular com o qual o sacerdote, depois da comunhão, limpa o
cálice e, se for preciso, a boca e os dedos. |
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Manustérgio - toalha com que o sacerdote enxuga as mãos no rito do lavabo. |
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Caldeirinha e aspersório - a caldeirinha é o recipiente utilizado para colocar água benta para a aspersão. O aspersório é um pequeno bastão metálico com o qual a água benta é aspergida. |
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Ostensório - é o objeto que serve para expor o Santíssimo para a adoração dos fiéis e também para dar a bênção eucarística. Nele há a parte central fixa, chamada de custódia, que contém uma parte móvel, transparente, circular, a luneta, onde se coloca a hóstia consagrada para adoração. |
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Círio Pascal - uma vela grande,
benzida na missa solene da Vigília Pascal, no Sábado Santo. É utilizado
nas missas celebradas durante o Tempo Pascal e também, no ano inteiro,
nos batizados. Representa, na liturgia, a luz de Cristo. |
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Além desses objetos, há também os castiçais, candelabros, velas, a
bacia a jarra, utilizadas no rito do lavabo, um pouco antes do
ofertório. Tais objetos devem ser confeccionados com o mesmo decoro e
bom gosto que se exigem dos demais objetos sagrados.
LIVROS UTILIZADOS NA MISSA
Os primeiros cristãos guardavam os livros
sagrados com todo o cuidado e não permitiam que caíssem nas mãos dos
infieis. No tempo das perseguições, o ato de entregá-los às autoridades
pagãs era considerado uma fraqueza. Os nossos livros litúrgicos, à
semelhança dos demais objetos utlizados no culto divino, devem ser
ornados de tal forma que apontem para o tesouro que eles encerram: a
Palavra de Deus.
São usados normalmente dois livros litúrgicos: o missal, no altar,
colocado perto do corporal, e o Lecionário, no ambão, para as leituras.
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Missal - livro utilizado pelo sacerdote.
Lecionário - contém as leituras. Pode ser dominical (domingos e dias de festa), semanal (leituras dos dias de semana) ou santoral (sonelidades da memória dos santos e leituras específicas para a administração de sacramentos).
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Evangeliário - é o livro que contém o texto do evangelho para as celebrações dominicais e para as grandes solenidades.
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VESTES LITÚRGICAS
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Alva - é uma túnica longa, de cor branca, amarrada na cintura por um cordão grosso chamado cíngulo. |
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Amito - é uma peça que o sacerdote põe sobre os ombros ao se vestir com os paramentos para a celebração eucarística. É posto antes da alva. |
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Casula - é exclusiva do sacerdote. Trata-se de um manto que se veste sobre a alva e a estola. O diácono usa a dalmática, sobre a alva e a estola. |
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Estola - veste litúrgica do sacerdote. A
estola fica encoberta quase totalmente pela casula. A estola do diácono
difere da do sacerdote: é colocada em diagonal, correndo do ombro
esquerdo à cintura direita. |
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Véu umeral - manto ricamente ornado, usado pelo sacerdote na
bênção do Santíssimo. Durante as procissões, ao conduzir o Santíssimo, o sacerdote usa a capa pluvial. |
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CORES UTILIZADAS NA LITURGIA
As cores
litúrgicas variam de acordo com o tempo litúrgico ou a solenidade que se
celebra. As cores aparecem nas vestes do sacerdote e do diácono, na
toalha do altar e do ambão e, eventualmente, nas cortinas colocadas
atrás do altar (onde houver).
Branco - simboliza a paz, a vitória, a ressurreição, a pureza
e a alegria. É utilizado na Quinta-feira Santa, na missa solene da
Vigília Pascal do Sábado Santo e em todo o Tempo Pascal. Também é usado
no Natal, nas festas dos santos não mártires e nas festas do Senhor, com
exceção da Sexta-Feira Santa.
Vermelho - simboliza o amor, o sangue, o martírio, o fogo. É
utilizado no Domingo de Ramos, na Sexta-Feira Santa, no domingo de
Pentecostes, nas festas dos apóstolos e dos santos mártires e dos
evangelistas.
Verde - simboliza a esperança. É usado em todo o Tempo
Litúrgico comum, quando não há uma festa de um santo ou do Senhor.
Nesses casos, utiliza-se a cor adequada.
Roxo - simboliza a penitência. Usa-se nos tempos penitenciais
(Quaresma e Advento). Também se pode utilizá-lo nos ofícios e missas
pelos fiéis defuntos.
Preto - simboliza o luto. É utilizado geralmente nas missas rezadas pelos mortos.
Rosa - significa a alegria. É utilizado somente em duas
ocasiões, no tempo litúrgico: no terceiro domingo do Advento, tambem
chamado 'Gaudete', e no quarto domingo da quaresma, chamado de
'Laetare'. Tais celebrações, em que se destaca a alegria, foram
inseridas nos tempos penitenciais como forma de alentar os fiéis em meio
aos rigores próprios daqueles tempos.
OUTROS SÍMBOLOS
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IHS - Iesus Hominum Salvator, Jesus Salvador dos homens. Símbolo fartamente utilizado nos paramentos litúrgicos, em portas de sacrário e nas hóstias. |
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XP - são as duas primeiras letras da palavra Cristo em grego: ΧΡΙΣΤΌΣ. É um dos mais antigos símbolos do Cristianismo. |
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Alfa e Ômega - respectivamente, a primeira e a última letra do alfabeto grego. Jesus é o "alfa e ômega", princípio e fim de todas as coisas. |
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Cordeiro de Deus - Jesus Cristo. Nas palavras de S. João Batista: "Ecce Agnus Dei" (Eis o Cordeiro de Deus). |
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O TEMPLO
"A arte sacra deve caracterizar-se pela sua capacidade de exprimir adequadamente o mistério lido na plenitude de fé da Igreja" (Ecclesia de Eucharistia).
Nossos templos, portanto, devem ser sinais inequívocos da nossa propria
fé. O decoro, a harmonia, a beleza, mesmo nos edifícios mais austeros,
tudo deve testemunhar a dignidade do culto que lá se celebra.
Selecionamos, a seguir, as expressões pelas quais são conhecidas as
principais partes do templo.
Altar - mesa fixa, destinada à celebração eucarística. É o
lugar onde se renova o sacrifício redentor de Cristo. De acordo com as
normas da liturgia, cada altar conserva, numa cavidade especial, grãos
de incenso, relíquias de santos e um documento de consagração assinado
pelo bispo. Antes, os altares eram encostados à parede, sendo o
altar-mor (o principal da igreja) localizado em um nível mais alto,
acessível por um número ímpar de degraus. Após a reforma litúrgica do
Concílio Vaticano II, o altar fica numa localização mais central do
presbitério, permitindo ao sacerdote circundá-lo, na celebração.
Sacrário ou tabernáculo - pequeno compartimento onde são guardadas as partículas consagradas. Deve ficar no local de maior dignidade do templo.
O tabernáculo deve ser confeccionado de modo a exprimir a riqueza do
tesouro que contém. Uma lâmpada vermelha acesa avisa ao fiel que o
sacrário contém o Santíssimo. O cibório, com a reserva eucarística, é
velado por uma pequena cortina, chamada conopeu, com a cor litúrgica do
dia.
Ambão - é uma tribuna destacada destinada à liturgia da
palavra, localizada no presbitério. Consta de uma plataforma alta,
sustentada por colunas ou por um alto pedestal, delimitado por
parapeitos que se prolongam ao longo da escada de acesso. Em sua acepção
mais simples, um pequeno móvel, onde se coloca o lecionário ou
evangeliário, para as leituras.
Presbitério - é a parte da igreja reservada aos oficiantes
(presbíteros). Com freqüência, situa-se num nível mais elevado, para pôr
em relevo a sacralidade do lugar e também para tornar mais visível o
desenrolar do rito sagrado aos fiéis. É, por assim dizer, o espaço vital
do templo, onde se desenvolve todas as ações litúrgicas. Nele estão o
altar, a cátedra do bispo (quando houver), os assentos para os
sacerdotes, o ambão, etc.
Credência- pequena mesa, próxima do altar, onde se colocam os objetos litúrgicos que serão utilizados na celebração.
Púlpito - era o lugar onde o presidente predicava, geralmente
um lugar elevado de modo a que todos pudessem ouvir a homilia. Os
templos construídos mais recentemente não mais trazem púlpitos.
Geralmente, a predicação é feita no presbitério, no ambão.
Nave da igreja - é o espaço do templo reservado aos fiéis. |
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