Governador tem evitado falar da crise institucional que ronda o seu governo. Ele afirma que não há greve dos cabos e soldados, apenas reivindicações que não poderão ser atendidas – foto: divulgação
Dois dias depois de os “praças” se rebelarem contra o governo, encabeçando uma paralisação de parte dos oficiais da Polícia Militar reivindicando o pagamento da data-base, a aplicação das promoções e outras melhorias internas, o governador José Melo (Pros) evita falar do assunto e de um possível racha de sua base aliada na Assembleia Legislativa do Estado (Aleam) por conta desse desgaste.
Ontem, durante o lançamento do Programa Gestão Integrada de Saúde (GIS), o chefe do Poder Executivo evitou falar com a imprensa sobre o pronunciamento do deputado estadual Platiny Soares (PV), que ameaçou romper com o governo caso o pleito dos militares não sejam atendidos.
‘Blindado’ por sua assessoria de comunicação, que impedia que os jornalistas fizessem mais perguntas sobre a questão, Melo se limitou a dizer que não existe greve dos policiais, pois, conforme a Constituição, polícia não pode fazer greve. Segundo ele, o que há é um movimento reivindicatório.
“Esse assunto já foi tratado com o novo comandante-geral da PM, que elencou alguns itens que podem ser resolvidos sem que tenha que despender recursos e, outras, que vem por meio da questão salarial e de promoção que envolve recursos, essas, infelizmente não vai ser possível atender, uma vez que o governo já ultrapassou o limite da lei de responsabilidade fiscal e essa mesma lei impõe ao governador o dever de não aplicar nenhum ato que aumente a folha, enquanto estiver nesse nível”, disse.
Num tom de desabafo, o governador afirmou que, como servidor público que é, desde a primeira gestão de Amazonino Mendes (PDT) no governo para os dias atuais, em que o servidor foi priorizado ele (Melo) fazia parte daquele momento. “Tanto é que não teve nenhum governador que teve mais votos de servidores públicos quanto eu. Todos sabem das dificuldades que o país vem vivendo e eu enquanto governador, tomei uma decisão, e foi de acabar com meus investimentos neste ano para garantir que a saúde, a educação e a segurança possam funcionar, e também que eu não tivesse que reduzir salário de funcionários. Deixei de fazer obras para isso”, disse Melo.
Ele informou que planeja se reunir com todos os servidores públicos do Estado na próxima quinta-feira, onde vai ser feito um trabalho para mostrar para todos eles a situação que passa o Estado e que, por conta dessa situação é que leva o governador a não conseguir dar para os servidores aquilo que seria o normal, em um momento que não tivesse crise.
‘Espírito democrático’
No mesmo evento que o governador, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Josué Neto (PSD), minimizou as declarações de Platiny e disse que, num espírito democrático, respeita a palavra do colega. “Quando um deputado faz um pronunciamento, assim como todos nós deputados, não o faz baseado em fatores emotivos. Quando sobem à tribuna, vão de cabeça pensada, das conversas, dos diálogos”, disse o parlamentar.
“O Platiny deve estar nesse momento em conversas com alguns policiais militares. Eu acredito que se houver ligação entre o discurso dele e uma possível greve, que não aconteceu, eu creio que nesse momento o governo do Estado mostra que tem tratado a segurança da forma correta e o exemplo maior é que apenas alguns policiais militares e civis, isso não chega a 5% do que é o efetivo, que realizou aquele movimento de reivindicação. Então, eu vejo que está no momento de rever, de ampliar o diálogo, e o governador fará isso na semana que vem”, disse Josué.
Conforme o presidente da Assembleia, cerca de 150 homens participaram do ato de protesto em frente à casa legislativa, e que isso representa apenas 1,5 % do efetivo.
Procurado, o deputado Platiny Soares informou que as negociações com o governador José Melo devem continuar, que o governo está aberto para diálogos, mas que espera uma ação efetiva do chefe do executivo.
“Quero uma efetivação, caso contrário, estarei fora da base. É claro, estamos conversando, em um momento de negociação, a intenção é ter uma reunião com o governador e solucionar essa questão”, disse Platiny.
Jornal em Tempo - Por Henderson Martins
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