“Boceta” ou “buceta”! Como se escreve, o que significa?

Abrindo a Boceta de Pandora: Pastorino e a Falácia Etimológica

A palavra correta é boceta, que os dicionários da língua portuguesa descrevem como: “caixinha”, “pequena caixa, geralmente de madeira, em que se guardavam pertences”; e, em sentido figurado, como “o órgão sexual feminino”.
O sentido original de boceta era apenas o de caixinhas (como as da foto ao lado). Antes de ganhar sua atual conotação, usava-se até mesmo na expressão “boceta de Pandora”, como sinônima de “caixa de Pandora”.

Desse sentido original de “boceta” surgiu o substantivo “boceteiro” (fabricante de caixinhas, ou vendedor de caixinhas), que por sua vez deu também o substantivo “boceteira“, com o sentido mais amplo de vendedora (“vendedora ambulante de miudezas”).


Na linguagem moderna informal, assim como boceta se usa cada vez mais apenas com o sentido de órgão sexual da mulher e cada vez menos com o sentido de caixa, o sentido original de “boceteiro” já praticamente desapareceu, tendo sido substituído, na linguagem informal, pelo sentido de “que ou aquele que gosta [muito] de boceta” – ou, em termos mais polidos, como preferiu o Priberam, como sinônimo de “mulherengo“.

Como a palavra original “boceta” é cada vez menos conhecida, muitos falantes da língua, acreditando tratar-se de neologismo, grafam “buceta” com “u” no lugar do “o“, tal como a ouvem.

A troca na escrita, porém, não se justifica: mesmo escrita “boceta”, a palavra já era, tanto em Portugal quanto no Brasil, pronunciada “bucêta” – num fenômeno completamente normal da língua portuguesa, na qual “cozinha” é comumente (e de forma lícita) pronunciada “cuzinha“; “costela”, como “custéla“, etc.


Caso você tenha nascido ontem, boceta no Brasil é um termo chulo que quer dizer vagina ou vulva. Trata-se de uma metáfora sobre um significado original: caixinha oval ou oblonga, principalmente uma utilizada para guardar fumo ou rapé. Machado de Assis ainda usava a palavra com esse sentido. Em Portugal até hoje é assim, tanto que dizem "boceta de Pandora" em vez de "caixa de Pandora". 

Agora as curiosidades: a palavra deriva do latim buxis (caixa) com diminutivo. Buxis também deu no inglês box e no francês boîte. Esse último veio a entrar no português como "boate". 


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fontes:
https://dicionarioegramatica.com.br
Gramática. Ortografia. Lexicologia. História da língua portuguesa. Suas variantes, evoluções, rumos e futuro.

http://pseudolinguista.blogspot.com/2014/04/como-e-que-se-escreve-buceta-ou-boceta.html

A ‘profecia’ de Carlos Drummond de Andrade sobre o desastre no Rio Doce

Carlos Drummond poesia Rio Doce
O poeta Carlos Drummond de Andrade

A vida imita a arte: pouco antes de sua morte, o mineiro Carlos Drummond de Andrade publicou o poema que parece ser o retrato do desastre que destruiu o Rio, antes doce. Leia a íntegra:


O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade foi considerado um dos mais influentes do século 20. Ao longo de seus 85 anos publicou mais de 30 livros de poemas, e quase 20 de prosa, além de integrar antologias poéticas e produzir histórias infantis. Porém, não imaginava que ao publicar o poema Lira Itabirana estaria prevendo um dos maiores, quiçá o maior desastre ambiental da história do Brasil: o rompimento das barragens da Vale-Samacro em Minas Gerais.

Há dias o Brasil vive uma de suas maiores tragédias. A irresponsabilidade da empresa Vale-Samacro pode resultar no fim do Rio Doce, que, com seus 853 km de extensão, banha os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
A Vale do Rio Doce-Samarco foi instalada na região no início da década de 1940 e muitas empresas, atraídas pelas reservas de ferro, se estabeleceram na cidade natal do poeta, Itabira. Poucos anos antes de sua morte, em 1984, Drummond publicou o poema que parece ser o retrato do desastre que destruiu o Rio, antes doce. Leia a íntegra abaixo.
“Lira Itabirana”
I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?

fonte: Portal Vermelho, Mariana Serafini

Abram alas para a Tia Suzana passar!

Chegada da Tia Suzana na Avenida Parque - 2002

O símbolo-mor carnavalesco de Itacoatiara é a boneca Tia Suzana, assim como a capital tem a gigante boneca Camélia, que abre o carnaval manauara e no tradicional carnaval de Olinda, os bonecos gigantes, que destaca o boneco homem da meia noite! Como historiador e memorialista, sinto-me na obrigação de chamar atenção, que devemos preservar nossa tradição e costumes, que não podemos deixa-los no esquecimento e desaparecer. Os mitos, ritos, lendas, tradições e costumes, identificam a cultura e identidade de um povo! Viva a cultura popular e abram alas, para a Tia Suzana passar!

A história da Tia Suzana

Trata-se de um boneco gigante de pano e feições femininas. Musa do carnaval e principal atração do cenário folclórico de Itacoatiara. Idealizada pelo autodidata, repentista e poeta Wilson Vital de Mendonça (1916-1960) e criada, em 1953, pelo pescador e carnavalesco João Rosas (1920-2002), o popular João Brinjela. 

Originariamente intitulada de “Boneca do Jauari”, desde lá vem desfilando à frente dos blocos e cordões de rua, ao ritmo de marchinhas, uma delas homenageando às parteiras da cidade. Tradicionalmente, o cortejo saía da Praça da Matriz (antigo Boulevard Getúlio Vargas), subia a avenida Conselheiro Ruy Barbosa (atual Avenida Parque), tomava a rua Nossa Senhora do Rosário, descia a avenida 15 de Novembro, ganhava a rua Eduardo Ribeiro e em seguida a Conselheiro Ruy Barbosa. Finalmente, depois de ultrapassar o prédio da Prefeitura ganhava novamente a avenida principal para retornar à Praça da Matriz. Nas duas ou três primeiras décadas após a sua criação, teve apresentação ininterrupta, e no pós-1980, de forma esporádica. Nos anos mais recentes tem concorrido com os demais blocos de rua, no Centro de Eventos.

Armada, originariamente, em madeira e cipó-d’água, materiais esses retirados das matas do Jauarí, e coberta de chitão, sua estrutura interna em 2006 passou a ser de ferro a solda. Seu Idealizador – o segundo filho varão de Pedro Ludgero de Mendonça Lima e Maria Vital de Lima (dona Santinha) – nascido em Urucurituba, foi professor de Datilografia, Inglês e Contabilidade. Casado com Inês Pereira de Mendonça (dona Nenén), irmã de Mimi Nicanor, morou no bairro do Jauarí, onde recebia a todos indistintamente. Era alegre, espirituoso e muito prestativo.

Ainda nos dias de hoje são cantados refrões das marchinhas que o professor Wilson criou para animar foliões e acompanhantes de Tia Suzana, como este: “Ela é parteira / Põe desmentidura / Coze rasgadura / e trata de tonteira”. Cópias de suas músicas datilografadas em papel almaço e reproduzidas em carbono, eram distribuídas por toda a população de Itacoatiara.

Por outro lado, o boêmio João Brinjela, além de grande dançarino carregava a fama de namorador. Até próximo de sua morte, aos 82 anos de idade, cuidou pessoalmente da famosa boneca – cujo nome parece aludir a uma de suas várias paixões. Dado o elevado peso de Tia Suzana, que incomodava a seus dançarinos, seu interior era recheado de capim. Ficou mais leve após a reforma que recebeu cinco anos atrás. Os seus primeiros “miolos” (dançarinos que a conduziam) foram os irmãos Jacinto e José Coutinho, filhos do velho comandante fluvial Prudêncio Coutinho, e João Corococó.

Tia Suzana atualmente está sob os cuidados da carnavalesca Graciete Rosas Barbosa (nascida em 30.12.1949), filha mais velha de João Brinjela. Seu atual e principal dançarino é Jorge de Tal, um jovem pescador do bairro do Jauarí. Desde o Carnaval de rua de 2011, a bela e garbosa “Boneca de Pano do Jauarí” tem desfilado à frente de várias dezenas de foliões, arrancando aplausos de sua apaixonada e fiel torcida.

Ainda conforme Salomão Amazonas Barros: Reza a tradição que “Tia Suzana dá sorte no amor para quem participa de seu bloco, assim como cura dores de cabeça, mau olhado e qualquer outro desconforto que estiver afligindo seus admiradores”.

fonte: Francisco Gomes

Nota de pesar do falecimento do acadêmico da AIL Prof. Osvaldo Araújo da Silva








Faleceu às primeiras horas deste Sábado, OSVALDO ARAÚJO, professor, administrador, redator, poliglota, dentre tantas outras aptidões exercidas com a grandeza só possível àqueles que sabem agradecer a DEUS o DOM deste recebido.

Dentre as línguas que dominava, e falava todas fluentemente, estavam o Grego e o Alemão.

Senhor de uma cultura invejável, ao mesmo tempo em que se apresentava com uma simplicidade incompreendida, especialmente por aqueles que têm prazer no exibicionismo.

Em Manaus, para onde veio para continuar os estudos, exerceu inúmeras profissões, não por falta de acomodação ou adaptação, mas, sim, pelas constantes convocações que recebia, procurado pela capacidade de bem desempenha-las.

De ajudante de despachante aduaneiro, onde foi presidente daquele sindicato, numa época em essa autonomia era muito rendosa; gerente das Casas do Óleo, quando estas só tinham o Royale como concorrente; administrador da Beta, quando esta teve o pico do lucro.

Por amor à terra que o pariu, já nos avançados anos de vida, voltou a morar em Itacoatiara, colaborando com o EDUCANDÁRIO BATISTA DE ITACOATIARA, retribuindo, assim, as primeiras lições recebidas no EDUCANDÁRIO BATISTA "LOYDD MOON", e voltando a frequentar a Primeira Igreja Batista de Itacoatiara, onde, ao lado dos pais, FIRMIANO ou, como vi recentemente no Cartório em Itacoatiara, FIRMINIANO e LEONINA, carinhosamente chamada LIÚCA, aprendeu as primeiras lições, na Escola Bíblica Dominical, sobre verdade e fé, atributos com os quais deveramente se apresentou até os últimos dias da sã consciência.

Pelas bênçãos recebidas de DEUS teve a sorte da sina da genealogia familiar, sendo o mais novo dos 5 irmãos, aos 84 anos de idade, foi o último a partir para os reinos de DEUS.
Nossos pêsames aos familiares desse homem nobre no caráter e pobre nas coisas materiais; rico no amor e falido no rancor.

E, muito tristemente, nossos pêsames a ITACOATIARA, que perde um grande filho, melhor falando, um exemplo de dignidade.


Por: Educandário Batista de Itacoatiara

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