Moradores e empresários da região do aningal do Jauary,
estão enfrentando mais uma vez o problema da cheia do Rio Amazonas que invade o
leito do antigo lago do Jauary. Trata-se de uma região de várzea e está no nível da media das cheias
do grande rio.
Durante a seca, os milhares de olhos d´agua existentes no
leito do lago do Jauary, desaguam de dentro para fora, durante a enchente o
efeito é contrário, acompanhando o ciclo natural das águas. Em uma parte do lago
represada do Jauary, ainda são encontrados quelônios e peixes das mais variadas
espécies. É um habitat natural da fauna e flora regional, a presença humana é
que de fato é o grande intruso do lugar, as próprias águas, como disse, seguem
as variantes do leito natural do Rio Amazonas.
Agora uma vez a área tomada por palafitas e para completar,
com o despejo da rede de esgoto publico, fato que degreda o meio ambiente e
tornou o lugar em um bolsão de problemas sociais, e porque não dizer econômico,
pelo fato do também avançado amontoado de casas comerciais que margeiam o lago e
seu entorno. A pressão humana sobre uma área de preservação ambiental e
tipicamente de várzea, só poderia gerar resultados e incômodos como este, que a
cada grande enchente, acaba se tornando um problema sociopolítico que não pode
mais ser empurrado com a barriga.
O povo que mora no lugar espera uma solução. Alias, acho que
essa seria a melhor hora de encontrar uma, e bem inteligente, pois se deixarem
para depois que o rio secar, tudo acaba ficando como antes. As nascentes que estão
sendo a cada ano soterradas pelo avanço das residências e casas comerciais, o
lago vai perdendo com isso o seu leito e a tendência lógica é as águas avançarem
cada vez mais para as ruas e desabrigando pessoas.
Há um projeto da SEINFRA intitulado PROSAITA, nos moldes do
PROSAMIM de Manaus, para ser implantado no nosso lago do Jauary. Todavia, o
projeto manauara não atendeu justamente as medidas ambientais corretas, pois
mataram de vez as nascentes e todo ecossistema existente nos saudosos igarapés
de Manaus. O lugar se transformou em um aterro estéril, que acomoda conjuntos
de casas padronizadas, até ai tudo bem, todavia, o cenário natural foi
condenado e transformado de vez em grande canais de esgotos públicos, que
correm a céu aberto, em meio as residências, para a triste contemplação de seus
moradores.
Aqui tem que ser diferente, é outra realidade, é por isso
que a cada ano há conflito no lugar, principalmente com os moradores próximos dos
boeiros, que a cada enchente, torna-se palco de discussões de vizinhos, pois
cada um quer se livrar do problema, causando mais problema para os outros.
Gostaria de ver essa situação resolvida, com um bom projeto social
de engenharia, articulado com um projeto ainda melhor, no que tange as medidas
ambientais de preservação do lugar, e no cuidado das vidas lá existentes.
Se formos contabilizar o que se gasta a cada ano com construção
de pontes de madeira improvisadas, custo com tratamento de saúde, aluguéis e manutenção
de casas e de vias publicas, veremos que é um absurdo. Gente, trata-se de uma
lugar de várzea, todo amazonense sabe o que significa isso, os moradores sabem
disso, todos sabem disso. A topografia do lugar aponta isso, o meio ambiente
sabe disso, só falta uma ação determinante e definitiva para resolver o
problema que está tão claro. Lugar de gente morar, é em terra firme, lugar de olhos
d´água, de peixes, tracajás, aningas e jauarizeiros é em seu ambiente natural.
Diante disso é fácil entender quem está invadindo o espaço do outro e sofrendo
com as consequências. Há de se encontrar uma solução para isso, pois é extremamente
vexatória essa situação que se arrasta por longos anos, depois que a área foi
invadida. Pois antes disso, o lugar servia de ancoradouro natural de canoas dos
pescadores do pacato bairro do Jauary, abrigava cacimbas de onde seus moradores
tiravam água para consumo, onde se praticavam regatas e onde os
itacoatiarenses, para lá se dirigiam em épocas determinadas do ano, para
fazerem piquenique.
Assim era o saudoso lago do Jauary, hoje tomado pelo aningal
e pela pressão urbana, se tornou em uma área desorganizada e insalubre, tomada
por habitações precárias, tornou-se em um problema crônico que a cada
ano afeta pessoas e o meio ambiente do lugar e lamentavelmente entristece o semblante
de todo bom cidadão itacoatiarense.
Frank Chaves