O problema da crise dos combustíveis e da greve dos caminhoneiros, demonstrou como a falta de planejamento estratégico e a avançada miopia de nossa representação política no Congresso, é incapaz de ver que, a falta de investimento em hidrovias e principalmente em ferrovias, coisa que todo o país desenvolvid faz, para escoar sua produção, minério e combustíveis. Coisa que os ingleses visualizaram lá na revolução industrial em 1760. Na passagem do processo da manufatura para a máquina a vapor. Daí em diante o mundo começou a caminhar nos trilhos do desenvolvimento. 1860, engenheiros alemães, montaram a primeira fábrica de automóveis, o que se notabilizou com a fabricação em escala por Henri Ford em 1908. O que atendeu a demanda das famílias mais afortunadas e o novo modo de vida americano. Todavia, nada substituiu o modal de ferrovias e hidrovias, que forma moldados para atender a grande demanda de insumos agrícolas e de matéria prima para a indústria. E a Inglaterra, ainda reina com sua eficiente e pontual malha ferroviária, impulsionando sua histórica e consolidada economia. E assim, se estrutura toda Europa, a China e todos os gigantes da economia mundial. E nós aqui no Brasil, traçamos um projeto de interligação nacional, através das BRs e da histórica transamazônica, que não tivemos a competência de mantê-la funcionando, imagina se tivéssemos uma boa malha ferroviária, nunca o país ficaria refém do lento e caro modal rodoviário. Lá no período imperial, o barão de Mauá já visualizava que as ferrovias seriam a grande saída do país. Mauá trouxe as primeiras locomotivas e implantou os primeiros trilhos em nosso país. Implantou a ferrovia ligando o porto de Mauá, na baia de Guanabara, a raiz da serra, que ficava em Petrópolis. Em 1912, foi engendrada a ferrovia Madeira Mamoré, para escoar a produção de borracha na Amazônia, ligando Porto Velho a Guajara-mirim. E foi abandonada. Em Manaus, no período áureo da borracha, os bondes traçavam a capital na sua bela époque, sinalizando o seu fausto. Nesse período, em 1912, o então Deputado e engenheiro Torquato Tapajós, idealiza a ferrovia Manaus a Itacoatiara, para possibilitar o escoamento da produção e ligar a velha Serpa a capital. Esse projeto, ficou maturando 50 anos, e só se realizou em 5 de setembro de 1965, com a inauguração da então rodovia AM-01, que depois se transformou em Am-010. Que hoje serve Itacoatiara e os municípios próximos, todavia, os sucessivos governos, não dão a devida manutenção a essa importante estrada, que vive largada a sua própria sorte, ceifando vidas e atrasando o desenvolvimento do município e porque não dizer do Estado do Amazonas. O que poderia ser corrigido com sua duplicação, com o encurtamento de 100 quilômetros e correndo ao seu lado, uma boa ferrovia para escoar a carga dos portos privados e do porto público do município, que tem vocação portuária. Não à toa, que em 1873, o Barão do Rio Branco, que era Ministro do imperador Dom Pedro, efetuou o alfandegamento do Porto de Serpa no Amazona e de Porto Velho no Madeira, compreendendo a importância estratégica desses portos, para o desenvolvimento do império e integração nacional. Com isso, o que foi visto lá atrás, serve para hoje sem nenhuma sombra de dúvidas. Isso iria baratear o frete, diminuir os acidentes nas estradas, diminuiria a produção de poluentes na atmosfera, e não ficaríamos na mão de um único modal, no caso, o rodoviário, que por ser único, pode se dar ao luxo de parar o país, para atender suas demandas, que não são diferentes de toda a população brasileira. Com as ferrovias e as hidrovias, o mundo inteiro nos dá lição de sua eficiência, pois apenas 12,3% das cargas da produção brasileira, é transportada pelas nossas hidrovias. Um bom exemplo a hidrovia do Madeira e Amazonas, que através do porto graneleiro de Itacoatiara, barateou a soja nacional. Enquanto essa realidade é outra nos países desenvolvidos. Será que nossos representantes em Brasília não enxergam isso, será que já se preocuparam em visitar o canal do Panamá e saber porque esse país incursou nesse projeto audacioso em 1914. São muitas perguntas e nenhuma resposta plausível para justificar os seus ricos salários e poderosa estrutura parlamentar, que os alimenta enquanto a maioria da população brasileira amarga a crise de abastecimento, a grande desigualdade social e vive em um país de dimensão continental, onde quem é do Norte, não consegue chegar ao sul, nem por rodovia, nem por ferrovia, nem por hidrovia, Só de avião meu amigo! Se visionários do período imperial como Mauá e Rio Branco enxergaram a solução da logística de nossa jovem nação. E vemos que o setor privado avança, sem medo nesse aspecto, porque nossos representantes não estudam, pelo menos um pouco de história do Brasil e mergulham no cerne da problemática dos modais brasileiros, que certamente, vão começar a encontrar a saída desse marasmo institucional, político, econômico e social, que só olha para frente, feito viseira de asno. E esquecem de ter visão tridimensional das causas e efeitos dessa letargia, pela qual passa a logística de transporte e o escoamento da produção nacional.
Frank Chaves
historiador