quarta-feira, 30 de maio de 2018

Ferrovias, hidrovias, a logística modal do Brasil e a miopia política.












O problema da crise dos combustíveis e da greve dos caminhoneiros, demonstrou como a falta de planejamento estratégico e a avançada miopia de nossa representação política no Congresso, é incapaz de ver que, a falta de investimento em hidrovias e principalmente em ferrovias, coisa que todo o país desenvolvid faz, para escoar sua produção, minério e combustíveis. Coisa que os ingleses visualizaram lá na revolução industrial em 1760. Na passagem do processo da manufatura para a máquina a vapor. Daí em diante o mundo começou a caminhar nos trilhos do desenvolvimento. 1860, engenheiros alemães, montaram a primeira fábrica de automóveis, o que se notabilizou com a fabricação em escala por Henri Ford em 1908. O que atendeu a demanda das famílias mais afortunadas e o novo modo de vida americano. Todavia, nada substituiu o modal de ferrovias e hidrovias, que forma moldados para atender a grande demanda de insumos agrícolas e de matéria prima para a indústria. E a Inglaterra, ainda reina com sua eficiente e pontual malha ferroviária, impulsionando sua histórica e consolidada economia. E assim, se estrutura toda Europa, a China e todos os gigantes da economia mundial. E nós aqui no Brasil, traçamos um projeto de interligação nacional, através das BRs e da histórica transamazônica, que não tivemos a competência de mantê-la funcionando, imagina se tivéssemos uma boa malha ferroviária, nunca o país ficaria refém do lento e caro modal rodoviário. Lá no período imperial, o barão de Mauá já visualizava que as ferrovias seriam a grande saída do país. Mauá trouxe as primeiras locomotivas e implantou os primeiros trilhos em nosso país. Implantou a ferrovia ligando o porto de Mauá, na baia de Guanabara, a raiz da serra, que ficava em Petrópolis. Em 1912, foi engendrada a ferrovia Madeira Mamoré, para escoar a produção de borracha na Amazônia, ligando Porto Velho a Guajara-mirim. E foi abandonada. Em Manaus, no período áureo da borracha, os bondes traçavam a capital na sua bela époque, sinalizando o seu fausto. Nesse período, em 1912, o então Deputado e engenheiro Torquato Tapajós, idealiza a ferrovia Manaus a Itacoatiara, para possibilitar o escoamento da produção e ligar a velha Serpa a capital. Esse projeto, ficou maturando 50 anos, e só se realizou em 5 de setembro de 1965, com a inauguração da então rodovia AM-01, que depois se transformou em Am-010. Que hoje serve Itacoatiara e os municípios próximos, todavia, os sucessivos governos, não dão a devida manutenção a essa importante estrada, que vive largada a sua própria sorte, ceifando vidas e atrasando o desenvolvimento do município e porque não dizer do Estado do Amazonas. O que poderia ser corrigido com sua duplicação, com o encurtamento de 100 quilômetros e correndo ao seu lado, uma boa ferrovia para escoar a carga dos portos privados e do porto público do município, que tem vocação portuária. Não à toa, que em 1873, o Barão do Rio Branco, que era Ministro do imperador Dom Pedro, efetuou o alfandegamento do Porto de Serpa no Amazona e de Porto Velho no Madeira, compreendendo a importância estratégica desses portos, para o desenvolvimento do império e integração nacional. Com isso, o que foi visto lá atrás, serve para hoje sem nenhuma sombra de dúvidas. Isso iria baratear o frete, diminuir os acidentes nas estradas, diminuiria a produção de poluentes na atmosfera, e não ficaríamos na mão de um único modal, no caso, o rodoviário, que por ser único, pode se dar ao luxo de parar o país, para atender suas demandas, que não são diferentes de toda a população brasileira. Com as ferrovias e as hidrovias, o mundo inteiro nos dá lição de sua eficiência, pois apenas 12,3% das cargas da produção brasileira, é transportada pelas nossas hidrovias. Um bom exemplo a hidrovia do Madeira e Amazonas, que através do porto graneleiro de Itacoatiara, barateou a soja nacional. Enquanto essa realidade é outra nos países desenvolvidos. Será que nossos representantes em Brasília não enxergam isso, será que já se preocuparam em visitar o canal do Panamá e saber porque esse país incursou nesse projeto audacioso em 1914. São muitas perguntas e nenhuma resposta plausível para justificar os seus ricos salários e poderosa estrutura parlamentar, que os alimenta enquanto a maioria da população brasileira amarga a crise de abastecimento, a grande desigualdade social e vive em um país de dimensão continental, onde quem é do Norte, não consegue chegar ao sul, nem por rodovia, nem por ferrovia, nem por hidrovia, Só de avião meu amigo! Se visionários do período imperial como Mauá e Rio Branco enxergaram a solução da logística de nossa jovem nação. E vemos que o setor privado avança, sem medo nesse aspecto, porque nossos representantes não estudam, pelo menos um pouco de história do Brasil e mergulham no cerne da problemática dos modais brasileiros, que certamente, vão começar a encontrar a saída desse marasmo institucional, político, econômico e social, que só olha para frente, feito viseira de asno. E esquecem de ter visão tridimensional das causas e efeitos dessa letargia, pela qual passa a logística de transporte e o escoamento da produção nacional.


Frank Chaves
historiador


segunda-feira, 28 de maio de 2018

Conheça a história e as ruínas da Vila de Paricatuba no município de Iranduba

Ruínas de Paricatuba

Planta de Paricatuba

Batizado como as Ruínas de Paricatuba (palavra que significa local de grande concentração de Paricás, erva alucinógica utilizada nos rituais indígenas), o prédio onde funcionou a cadeia pública do município de Iranduba( localizado a 25k de Manaus), a primeira escola técnica do Amazonas e, logo após, o internato para portadores de hanseníase do estado é marcado por uma história de abandono e depredação.

Vila de Paracatuba antigamente

Ao longo de anos, a distância dos grandes centros urbanos afastou, aos poucos, o interesse do poder público e, consequentemente, condenou o local ao esquecimento.

Hoje, do prédio luxuoso e imponente, construído com materiais importados da Europa resta apenas a estrutura de alvenaria. Ela resiste em pé para dar provas de que faz parte da história do estado, apesar do descaso com o patrimônio público.

 

“Para forçar as pessoas a saírem daqui eles começaram a depredar o prédio. Eles começaram cortando a água, tiraram os suprimentos, destruíram o telhado, tiraram as calhas e estimulavam que esse material fosse vendido. Existia aqui um troller que carregava os mantimentos que chegava na terra para vir para cá. O relato que a gente tem é que esse trailer foi martelado para impedir para chegar aqui. Ele foi levado para Manaus e como era muito ferro não pode ser vendido;. E, aí jogaram no rio Negro”, disse Rosângela Barbosa.

Primeira Escola Técnica do Amazonas

Patio Interno das Ruinas de Paricatuba

Considerada a primeira escola técnica do Amazonas, o Liceu de Artes e Ofícios de Paricatuba se tratava de uma escola profissionalizante voltada para formar crianças e principalmente órfãos e pobres.

“Mas, essa formação coincide com a formação voltada para atividade agrícola. A escola tinha o objetivo de dar uma profissão para essas crianças. Pensava-se também que através da escola de Paricatuba se formaria profissionais preparados e específicos para esse tipo de atividade, com formação de mão-de-obra própria da região”, disse Odnéia.

Existiam aprendizados em todos sentidos, tidos divididos em currículos teóricos e práticos. “A formação da escola era rápida e o atendimento era bastante difícil por causa da localização. Existem relatórios dos gestores da escola que atestam essa afirmação”, concluiu Odnéia.

Novos Rumos

Com a instalação do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Gasoduto Coari-Manaus, cuja estrutura irá atravessar a comunidade de Paricatuba, as chances de recuperação do prédio histórico estão mais próximas.

Capela de Paricatuba

  

A previsão é promover a restauração do antigo leprosário após uma análise minuciosa do Instituto do Patrimônio Histórico do Amazonas. “É um trabalho muito demorado, muito técnico. Muita gente e diz que tem que só passar uma mão de cal e recuperar o telhado. Não é isso que tem que ser feito. Sobre as recuperações da estrutura física só depois desse estudo é que poderemos saber. Eu espero que a gente tenha um restauro primoroso do prédio para que possamos dar uma utilização a esse espaço de uma forma produtiva, que agregue valor a comunidade, que possa criar uma cadeia produtiva para o turista. Que possamos ter uma visitação com mais segurança e tenhamos um memorial de Paricatuba”, disse Rosa.

Na área de C&T a indicação de Rosângela é que se realize um inventário sobre as principais espécies de plantas encontradas no local.

“É necessário descobrir aonde estão os Paricás, essa plantas que segundo relatos eram as principais vegetações de Paricatuba. Tanto que o nome da comunidade é inspirado nos Paricás. Outra área em que podemos incluir a ciência e tecnologia é a capacitação dos jovens na pesquisa, na arqueologia, na descoberta do nosso passado. Por toda parte aqui na comunidade encontramos peças e artefatos indígenas que podem se estudados para conhecermos mais sobre essa tradição indígena” disse Rosângela.

Numa ação abrangente coordenada pela Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SDS), com a colaboração da Secretaria de C&T (SECT), o Governo do Estado em parceria com a Petrobrás vai desenvolver ações de beneficiamento da comunidade.“


Árvores que invadem a história

Em frente ao prédio secular, invadido pelos braços de Apuizeiros, é difícil imaginar que, em 1889 ele era modelo de sofisticação arquitetônica. A então hospedaria para imigrantes italianos— vindos da Europa para trabalhar no estado — era rica em luxo e sofisticação.


Emigrantes Italianos em Paricatuba

A estrutura de alvenaria foi construída com tijolos e vigas portugueses de alta durabilidade.

Nem mesmo o tempo e a ação ambiental conseguiram rachar as estruturas do prédio que também funcionou como a sede do Liceu de Artes e Ofícios de Paricatuba, local onde os membros da comunidade aprenderam a lidar com as áreas de marcenaria, construção civil e artes.

As janelas no estilo colonial foram depredadas. E, debaixo de centenas de folhas de árvores podemos descobrir, ainda, a singeleza dos azulejos franceses, trazidos na época do apogeu econômico do ciclo da borracha.

“É uma construção que foi feita para durar a vida toda. Todas essas paredes internas era revestidas com azulejo, todos os assoalhos eram de pinho, as calhas eram de cobre, as caixas de descarga eram ferro. Era um material muito caro e de ótima qualidade que foi tudo jogado fora. Um desperdício do dinheiro público”, disse Rosa.


Obras de Paricatuba Antigamente

As câmaras foram criadas como imensos aposentos para hospedar os imigrantes italianos. Mas, ao longo dos anos, eles foram utilizados para abrigar presidiários e, em seguida, portadores de hanseníase. Hoje, elas servem como espaço para as crianças da comunidade jogarem futebol de salão, com direito até a barreiras e rede para gol.

“Essas salas eram imensas, mas aqui existia muita segregação, principalmente na época do hospital de hansenianos. Há relatos de que aqui houve uma grande festa. Eles colocaram umas cadeiras no meio para dividir. De um lado dançavam os doentes e do outro os sadios. Existia um parlatório onde um vidro divida os sãos e os doentes. As crianças que nasciam aqui eram levadas para adoção lá no Gustavo Capanema (Manaus). Tem mulheres aqui que tiveram sete filhos e não conheceu nenhum. Eu costumo dizer que paira sobre Paricatuba uma energia de dor. Então, precisamos mudar isso”, disse Rosa.

O mato invadiu o salão principal do prédio. Ele dava acesso a pequenas salas, refeitório e banheiros, onde ainda hoje restam vasos de louça inglesa. O telhado foi completamente depredado na época da transferência dos doentes para a capital do Amazonas. As janelas também não resistiram a ação dos vândalos. O que pode ser encontrado ainda são os azulejos que revestiam as paredes dos lavabos.

História


É da boca dos jovens guias de Paricatuba que conhecemos a história do local. Eles contam que o prédio foi construído pelo governo do estado para servir como uma grande hospedaria para imigrantes italianos. Foi abandonado logo após a inauguração. Em seguida o local foi administrado por padres espiritanos franceses que fundaram o Liceu de Artes e Ofícios.


“Depois o prédio virou uma Casa de detenção para recolher sentenciados. Mais tarde, eles foi transformado num hospital para receber os hansenianos, porque o Governo da época queira dizer para o mundo que não existia mais essa doença no estado. Então, eles escondiam os chamados “ leprososos” aqui. Permaneceu como hospital durante 60 anos. Mas, quando foi fundada a Colônia Antônio Aleixo, o último bairro de Manaus em relação ao Rio Negro, eles começaram a falar que os moradores daqui estavam contaminando a água que chegava até Manaus. Por isso, decidiram acabar com tudo aqui. Então destruíram o hospital”, disse o jovem guia Aldenílson Souza, 18.


Mas, é na memória do aposentado Ricardo Ozório da Silva, 66 anos, que as imagens e acontecimentos do local estão vivas. Ele trabalhou na caldeira do hospital durante 30 anos.“Eram 666 pessoas internadas aqui. Isso aqui funcionava como uma casa para eles. Ele tinha direito a rancho, casa, médico. Os médicos daqui eram o Dr. Chrichanã, Mena Tapajós e Dr. Geraldo. Era os especialistas daqui”, disse.


Ele fez parte de um quadro funcional composto por 14 funcionários. Trabalhava na caldeira que abastecia água. Seu Ricardo lembra bem do processo de segregação e discriminação.

“Quem não tinha hanseníase não entrava aqui dentro. Os doentes tinham seus locais. Tinha o apartamento das crianças, das mulheres, dos rapaz solteiros, dos velhos. Tudo era separado. Mas, de vez em quando os doentes acabavam se apaixonando e namoravam. Só podia namorar aqui doente com doente”, lembra.


Como chegar lá ???







VEJA MAIS FOTOS DAS RUÍNAS DE PARICATUBA,
DE SUA HISTÓRIA, LEMBRANÇAS E DAS BELEZAS NATURAIS.






























































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Fonte : Jornal da Ciência, Site no Amazonas é Assim e Keyce Jhones 

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