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MACHADO DE ASSIS E A LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO
Não constitui novidade no mundo literário, a afirmativa de que o menino pobre que nasceu no morro do livramento, no Rio de Janeiro, em 21 de junho de1939, Joaquim Maria Machado de Assis, foi o maior escritor de língua portuguesa de todos os tempos. Um dos seus ilustrados biógrafos, o professor Evanildo Bechara, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, afirma que ele conseguiu "conciliar a construção clássica e a modalidade espontânea do idioma do seu tempo". Machado de Assis começou muito cedo o seu fazer literário, escrevendo no periódico "Marmota Fluminense", que era o espaço onde se encontravam jovens poetas e escritores iniciantes. Iniciando-se na poesia, Machado de Assis sob o título "A Palmeira", construiu os seus primeiros versos publicados em janeiro de 1855. Cuida-se, nestas linhas, de identificar a importância do universo linguístico de Machado de Assis, tanto na parte essencialmente gramatical, como no que se refere à natureza lexical da língua portuguesa, com a influência do imortal escritor na expansão do conhecimento do idioma no mundo. Frequentando o Gabinete Português de Leitura, existente àquela época, Machado de Assis tomou conhecimento da produção literária dos escritores clássicos portugueses e assimilou o conteúdo da linguagem correta e dos usos e costumes linguísticos. Para ele, a gramática não é apenas "a arte de ensinar a falar e a escrever corretamente a língua", mas sim de "assentar a sua ciência filológica". E sobre este tema, Machado se alinhava aos gregos, que imaginavam ter nascido a gramática sob dois compartimentos: "o lógico-cognoscitivo e o didático-normativo". Ele defendeu o uso da língua portuguesa no Brasil, da mesma forma que era praticada em Portugal, considerada a língua comum, ao contrário de muitos brasileiros que defendiam a língua própria do Brasil, sobretudo depois de nos tornarmos nação independente de Portugal, em 1822. A tese de dois idiomas distintos, um no Brasil e outro em Portugal não prosperou. É lógico que as línguas se alteram com o tempo e por imposição dos usos e costumes, mas sempre com a preservação das suas fontes legítimas, que são o povo e os escritores. Podemos falar,então, de ideário linguístico de Machado de Assis, no que ele praticava com o conteúdo da sua primorosa produção literária, com a linguagem de formato clássico, com uma beleza de estilo e correção gramaticais não encontradas em outros escritores, e que exerceu enorme influência sobre os escritores do seu tempo e os que vieram depois, para a construção e o uso correto da língua portuguesa em todos os continentes onde é falada e escrita. Ele também usava costumes linguísticos populares na sua literatura, praticando o virtuoso labor literário entendido pelos analistas como conciliação da construção clássica com a modalidade espontânea do idioma. Tratando-se da importância da língua portuguesa no mundo, a pertinente abordagem passa pela expansão do império português que, na Europa foi o primeiro a expandir-se a quatro continentes e também foi o último a desmontar-se, o que confirma a informação histórica de que a língua portuguesa atualmente se encontra presente em todos os países que promoveram a sua descolonização do império da terra de Camões, que, como se imagina, não poderia ser diferente. Da narrativa histórica da língua, assimilamos a compreensão de que todos os países que se libertaram da colonização portuguesa, adotaram a língua portuguesa como o idioma oficial nos seus territórios. E durante dois séculos e meio, do começo do século XVI a meados do século XVIII, afirmam os estudiosos do tema, que o uso da língua portuguesa tinha dimensão planetária, sendo que após aquele período e até a segunda guerra mundial, o francês tomou o seu lugar e depois o inglês. O português ainda se coloca, na atualidade, como um idioma de importância internacional. É a língua oficial ou segunda de oito países, situados em quatro continentes: Portugal, na Europa; Brasil, na América do Sul; Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, na África e Timor-Leste, na Ásia. Temos, ainda, o português como a língua oficial de Macau, região administrativa especial da China, em cujo país a língua vem alcançando uma importância crescente. Encontramos a língua portuguesa também em Goa, Damão e Diu, territórios que hoje pertencem à União Indiana, mas que já estiveram sob administração de Portugal. Ainda se encontra o português na Galiza, região da Espanha, onde existe inclusive a Academia Galega da Língua Portuguesa. Estimativa confiável aponta que 250 milhões de pessoas falam português no mundo, equivalendo a 4% da população mundial, que envolve mais de 10,6 milhões de km² e corresponde à 7ª parte da terra. Hoje o português se encontra na 5ª posição entre os idiomas mais falados no mundo, ficando atrás apenas do inglês, do francês, do árabe e do espanhol. Sei que o assunto é apaixonante para estudar e conhecer, na medida em que se trata da nossa língua materna, e por isso voltarei, na próxima publicação, com a segunda parte da abordagem neste formato de síntese dos pertinentes estudos.
Por: Raimundo Silva - Vice presidente da Academia Itacoatiarense de Letras
Vou embora para o passado - Memórias de Mário Benigno
Meu hobby arrumar e contar história envolvendo o passado. Quem achar que é caretice lembrar o passado que me perdoem. A dor que mais dói é a dor da saudade, mas com quem lembrar se todos ou quase todos meus contemporâneos já se foram, mas vale apena recordar sou saudosista, mas quem não é...!
Vou embora para o passado, lá tem quarteto musical “cristal” de Luiz Gama no violino, Luiz Pinga com o vozeirão que Deus lhe deu, João Onety e Luiz Bacural no violão, serenatas nas noites enluaradas com ou sem estrelas, ausência da luz artificial na negra escuridão salpicadas de estrelas entoando as mais lindas canções de amor na janela da mulher amada.
Lá tem ruas interditadas ornamentadas com bandeirinhas e corrente de papel de seda e crepom, festas juninas palco da moçada apresentarem dança das quadrilhas, dos tucanos, poetas José Barros e Eliezer Fernandes versando com bumba meu boi nas noites de São João, compadres, amigos, rapazes, moças e crianças brincarem de rodas entoando canções passadas de geração a geração dar as mãos colorindo à realidade das crianças ou ao seu imaginário ecoando nas paredes do tempo com fogos de artifícios a pipocarem no ar.
Vou embora para o passado tem restinga do ingaipau enchente do Rio Amazonas forma o piscinão natural do “campo do Ozório” onde moçada se diverte. Tem balneário da prainha recanto aprazível ao sombreiro de suas árvores e palmeira do buritizal, quietude das águas e brancura de suas areias convite para se banhar o corpo, refrescar e purificar nosso estado d’alma.
Estrada do fomento agrícola engenheiro agrônomo Dr. Fiuza Lima para gerenciar o órgão e o encarregado de adubar e fertilizar a terra Honorato Senna.
Tem pesca da piracema e íngreme peral do jauary, correnteza das águas palco do pescador, tarrafa tingida com folhas de crajiru para ludibriar o peixe, caboclo na proa da canoa com experiência e habilidade que lhe é peculiar lança seu cesteiro colher o onipresente jaraqui poupança do pescador, peixe nos tabuleiros, feiras e mercados em cambadas e fieiras, lei da oferta e da procura, uma é dois, três e cinco conto de reis e dá mais um de lambuja.
Na outra margem do rio tem pesca artesanal da tartaruga, pescador artífice no manejo de sua montaria (canoa) e ferramenta de trabalho arpão e zagaia observa o quelônio à longa distância no jogo de vista lança a ferramenta, pontaria certeira e o quelônio arpoado ergue o troféu e conquista o pódio.
Vou embora pro passado têm o apreciar no porto do Mercado Municipal aviões aquáticos da Panair do Brasil aquantiarem, piloto alçar a boia-âncora, catraieiro João Balby conduzirem com segurança os passageiros até o porto de desembarque, espetáculo decolar e levantar voo da belonave no embalo da correnteza do Rio Amazonas voar sob o céu de brigadeiro.
Têm os bicheiros munidos de lapiseira ou lápis, caderneta para fazer anotações do jogo com direito a apostas, palpite e adivinhações promessa de acertar no grupo ou simples no jogo da sorte, se joga no jacaré tinga dá o Assú perde a parada.
Vou embora para o passado tem o terreiro da macumba galinha preta na encruzilhada para refazer o amor perdido ou a fortuna que se evadiu, os mais afoitos pedem o espírito imoral com o caboclo da perna grossa. Lá “sou fio da veia em mim não pega nada a veia forte na encruzilhada”.
Lá, tem as lavadeiras de cacimbas à beira dos igapós, Iracy e lago do Jauary ensaboam roupa com o sabão em barra borboleta, tuxaua, pintado, cutia, anil imperial, para clarear apagar carocha ou nódoa usam barrela de boi, seca desmanchada n’agua em fusão com limão caiana fica alvinha que dá gosto, depois do enxaguo estende ao sol sobre a grama natural odor agradável do capim patichuli.
Vou embora para o passado, fumantes se deliciam com cigarros e cigarrilhas das marcas Elmo, Astoria, Víctor, Dalila, Hoolywood, Continental, extra forte sem mistura cigarro Duquesa, e o tabaco de mole mentolado. Ah! Os biriteiros com seu ritual tomar uma pinga e jogar outra pro santo.
Tem nas manhãs de domingo, chique da rapaziada com seu cavalo alazão, manga larga, e poldro puro sangue, jóquei clube improvisado hipódromo Avenida Ruy Barbosa trecho compreendido Isac Peres até o matadouro municipal para corridas de cavalos
Vou embora para o passado tem rádio difusora “voz sapinho”, alcunha devida o coaxar dos batráquios aquático na lagoa pertinho do estúdio sem impermeabilização. Tem cines Geny do Luiz Pomar, Cinco Unidos do Dib Barbosa e Alvorada do Grupo Chibly exibindo em CinemaScope Victor Mature em Sansão e Dalila, Manto Sagrado, Demétrius e os Gladiadores, Tarzan rei das selvas com Johnny Veissmuller, Jany e boy.
Tem o navio do Lloyd brasileiro Raul Soares, Almirante Alexandrino, Poconé e Hilary Boot Lene atracados no porto da cidade desembarcando mercadorias para consumo da cidade e embarcando produtos regionais destino sul do país e mundo afora.
Feira livre vendendo do cheiro-verde ao pé-de-moleque enxertado com castanha do Brasil, variadas frutas naturais sem agrotóxico, farinha seca e d’água, jerimum caboclo e o bolo de milho do seu Joaquim. Tem o olho d’água no vertente do porto do Lloyd a borbulhar e jorrar o precioso líquido filtrado pela própria natureza para o saboreio dos usuários.
Vou embora para passado, tardes de domingo no Estádio Floro de Mendonça assistir clássicos do futebol amador praticar arte do rei Pele, ouvir RDI e o vozeirão do Antero Serudo Rebelo narrando colocando o ouvinte como se estivesse à beira do gramado, comentário intermediário Luiz Onety, Antônio Batista, Mário Benigno, Raimundo Nazaré controle técnico Arlindo Fonseca o boroboro. Tem a farmácia “Triunfante” do Argus do Amaral Valente atendendo no domicilio lutando por um lugar ao sol.
Tem tardes ensolaradas saboreio geladinho do guaraná Rio Negro suavizar sede calor de 39º. À noite no largo da matriz café do “pocoxito” pãozinho das 10h da noite da padaria “beijou” da dona Esperança Oliveira, fresquinho deitar na manteiga saboreá-lo com bom apetite. Bate-papo informal até altas horas, frequentadores sem medo do bicho homem e sim das almas santas perdidas, fantasmas, matin-pereira mula sem cabeça e a porca preta.
Vou embora para o passado tem o bar Imperial do Sr. Maximino Araújo com sua seleta freguesia das 11:00 horas: Cristovam Hermida, Heli Paiva, Antônio (Antonico) Ferreira, Prefeito Antônio de Araújo Costa e seu assessor Raimundo Perales a degustarem um especial aperitivo.
Tem Bar do povo do Carlos Barros e seu parceiro Carmello Perrone, contraste: proprietários e garçons todos desnudo da cintura à cima e as cadeiras bem vestidas encapadas de linho branco com letras inicias aplicadas em alto relevo.
Vou embora para o passado lá tem Luiz da Paz Serudo Martins parceiro especial enturmando com Paulino Gomes, Toniquinho Mendes, João Rodrigues bochecha e Alberto Nascimento, nas manhãs de sábado dia dos homens vazios fazer via sacra pelos lugares pitorescos botequins, bares e boteco saborear famosa meladinha (cachaça com mel de abelha), e o afrodisíaco xexuá conversar e contar potocas no quiosque do Chico Honorato.
Festa do Divino os primórdios Roldão Alves, Manoel Português nos preparativos das festividades, alvorada banda musical orquestrada pelo saxofonista Doca Rates, fogos de artifício a pipocar no ar, anunciando para os quatro cantos da city que a festa vai começar senhoras templários Guerreiros de Cristo preparando guloseimas para distribuir entre os irmãos devotos, velha tradição.
Vou-me embora para o passado, aguerrido camarada comunista Paulo Pedraça Sampaio, amigo de grandes tertúlias políticas bebericarem loura suada no bar do Lioca, pra variar garapeira do Augusto Hipólito degustar saboroso caldo de cana geladinho, vontade de tomar gritando quanto atinge o dente sensível e não quer jogar fora o produto.
“Tempo bom/que não volta mais/saudade do que passou”.
fonte: Mário Benigno Mendes.
Obra histórica de DEBRET produzida no período imperial apresenta erro mecânico!
“Engenho manual que faz caldo de cana”, aquarela sobre papel, 17,6 x 24,5 cm, J.B. Debret, Rio de Janeiro, 1822.
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O artista
O francês Jean-Baptiste Debret viveu no Brasil entre 1816 e 1831. Registrou em dezenas de aquarelas e em notas pormenorizadas o que conheceu no Brasil daqueles anos. Suas gravuras mostram cenas e paisagens urbanas e rurais do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Segundo o historiador Jaelson Bitran Trindade, é provável que Debret não tenha saído do Rio do Janeiro e que suas imagens e notas referentes a outras províncias, especialmente do Rio Grande do Sul, tenham sido feitas a partir de desenhos de outro artista. Debret foi, também, o pintor oficial da família real para quem executou retratos, telas históricas, pinturas murais, quadros religiosos e alegorias. Ao regressar à França, em 1831, deixou esse trabalho no Brasil. Seus desenhos, aquarelas e textos, foram publicados na Europa, entre 1834 e 1839, com o nome Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, 1816-1831, em três volumes, 508 páginas de texto e 156 estampas.
A obra do engenho manual
“Essa máquina pequena, bastante comum, que eu vi instalada em uma das lojas do Largo da Carioca [Rio de Janeiro], serve para espremer o caldo da cana. Este, que é uma espécie de licor, não pode ser conservado mais de vinte e quatro horas sem fermentar, a menos que em preparo especial, e serve diariamente aos vendedores de bebidas para adoçar uma bebida bastante refrescante chamada capilé, cujo preço diminuto propagou o uso. Pode-se ter uma ideia das grandes moendas por este pequeno modelo, desde que se acrescente um motor hidráulico ou movido por animais. Os cilindros da máquina têm, então, 120 a 150 cm de altura, e ela é construída sempre debaixo de um grande barracão. A simplicidade do mecanismo deste pequeno modelo, exige um negro a mais, colocado atrás da máquina para repassar a cana, já esmagada pelo primeiro cilindro, no segundo, o qual a esmagará mais uma vez. Nas grandes moendas, o segundo negro é substituído por cilindros a mais, colocados de maneira a forçar a cana a passar entre os últimos rolos que acabam de esmagá-la, recolocando-a para o lado em que fora introduzida. O tamanho da máquina e a pouca força do motor, aqui representados, só permitem esmagar a pequenina cana indígena. O mais inteligente dos negros é encarregado de introduzi-la entre os cilindros e de retirar o bagaço, que ainda cheios de suco é aproveitado na alimentação de cavalos e bois, pois os fortificam e engordam em pouco tempo. No fundo da loja, veem-se uma mesa e seu banco preparados para os consumidores que vêm beber, ou somente comprar certa quantidade de caldo de cana vendido por medida. O feixe de cana encostado a um banco, no primeiro plano, dá uma ideia do tamanho bastante mesquinho dessa espécie de cana indígena.” (DEBRET: 1971, p. 20)
O “erro de Debret”
Alunos do CEFET-MG descobriram, um erro na mecânica das engrenagens da moenda desenhada por Debret. De acordo com o movimento rotativo da moenda, causado por dois escravos, o terceiro que vemos manuseando a cana-de-açúcar deveria estar recebendo a cana com a mão esquerda e enviando com a mão direita, o contrário do que acontece na gravura. É impossível introduzir a cana entre os cilindros de moagem de forma como fazem os escravos da pintura. Os alunos construíram um modelo em escala menor e comprovaram o que ficou conhecido como “erro de Debret”.
fonte: http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/vida-urbana-no-brasil-segundo-debret/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues
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