segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Em Manaus, empresários valorizam arquitetura histórica, para chamar clientela.

Show antonio lima
Casa de 1907, que pertencia a uma barão do final do século passado, hoje abriga um hotel de luxo no Centro de Manaus. (Antônio Lima)



Ao contrário da rede de lojas Marisa, que destruiu uma marquise, muitos apostam na manutenção da nossa história


O Centro Histórico de Manaus fala muito da “Belle Époque”, de quando os barões viviam e andavam pelas ruas da capital, por onde tudo começou. Inúmeros casarões foram construídos ao estilo colonial, com materiais importados da Europa, o que demonstra a imponência trazida pela apogeu da borracha, no final do século passado. Mas muito dessa história, marcada principalmente pela arquitetura da época, tem se perdido nos dias atuais. 

É cada vez mais comum observar prédios centenários se esfacelando por falta de manutenção e ação do tempo, ou descaracterização arquitetônica, por interesses comerciais, como o que aconteceu com um dos prédios das lojas Marisa, entre a avenida Eduardo Ribeiro e rua Henrique Martins, no Centro, onde a marquise de pouco mais de 100 anos foi arrancada. 

Entretanto, também há valorização por parte de muitos empresários que buscam manter as fachadas e as estruturas dos prédios históricos para chamar a atenção dos clientes. Um exemplo do investimento, é o recém-inaugurado hotel Villa Amazônia, localizado nas proximidades do Teatro Amazonas. 

De acordo com o sócio-diretor do empreendimento, Augusto Costa Filho, 35, a antiga casa é datada de 1907, e foi construída para funcionar como residência de um barão da época. Mas quando foi comprada, apenas 100 m² puderam ser restaurados e reaproveitados para o novo negócio. “A casa estava a ponto de desmoronar. Fizemos questão de restaurar toda a fachada e alguns espaços da casa para oferecer aos nossos clientes uma viagem ao tempo, além do conforto. Mas foi um processo complicado devido a morosidade dos órgãos públicos para liberar a obra”, explicou ele, que comprou a casa em 2011, pretendia inaugurar o hotel em 2014, mas só conseguiu lançar o projeto dois anos depois, 15 dias antes de iniciar os Jogos Olímpicos. 

Na opinião do empresário, manter a arquitetura da época é uma forma de oferecer um serviço diferenciado e manter viva a história. “Estar ambientado em um prédio histórico é um chamariz para os clientes, para os turistas, e uma forma de despertar o interesse pela história do estado”, disse. 





O Itaú aprendeu que preservar mantem viva a identidade da “Paris dos Trópicos”. (Euzivaldo Queiroz)

Outro exemplo de prédio histórico em bom estado de conservação é o do banco Itaú, na rua Theodoreto Souto, também no Centro. A edificação de 1913, foi construída com dois pavimentos e porão, possui revestimento em azulejos verdes decorados com ornamentação art-nouveau. 

O local foi construído por Joaquim Jacinto da Câmara, para ali instalar um comércio no térreo, e no 1º andar funcionava como residência. O prédio chegou a ser sede de uma importante empresa, mas em 1976 foi comprada pelo banco e em 1988 foi tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado.


Um bom exemplo após um péssimo exemplo

O mesmo banco Itaú, que hoje mantém preservado em boa estado o prédio da agencia Theodoreto Souto, construído por Joaquim Jacinto da Câmara em 1913, nos anos 80 cometeu um dos maiores atentados contra o patrimônio histórico de Manaus ao demolir o prédio em que funcionou o cine Guarany, na esquina das avenidas Sete de Setembro e Epaminondas, para a construção de uma de suas agências em Manaus. O caso mobilizou toda a comunidade à época, mas a destruição contou com o aval da prefeitura da época.


Arquitetura conta nossa história

Para o arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro, que também é coordenador da Comissão Especial de Políticas Públicas do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/AM), a preservação desses espaços no Centro Histórico, são importantes para manter a identidade da cidade, que chegou a ter um dos metros quadrados mais caros do mundo. “Se isso não for preservado, perde-se uma referência da arquitetura da época”, disse.

Segundo o arquiteto, existe uma listagem com mais de 1,6 mil imóveis com interesse de preservação, principalmente no entorno da rua Bernardo Ramos, no Centro. Ele defende que é possível manter o estilo arquitetônico para fins comerciais, desde que haja mais consciência dos empresários. 

Embora o índice de desocupação desses prédios seja considerado alto, Cordeiro acredita que 50% dos prédios históricos estão bem conservados e boa parte dos que estão em más condições, podem ser restaurados e utilizados para fins comerciais, mas também para moradia. - (Fonte: Jornal acrítica - Por: Kelly Melo)
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Itacoatiara, na contramão da valorização do seu patrimônio histórico arquitetônico!


Antiga Casa do Sr. Alvaro Correia e da antiga empresa Martins Melo, atualmente pertence ao Grupo CIEX. Foi construída na década de 40. O imponente palacete, tem características do estilo arquitetônico eclético. Está localizado em uma área privilegiada da cidade e está abandonado a mais de 20 anos. 

Enquanto isso, em Itacoatiara, uma boa parte dos detentores de edificações históricas, providenciam a descaracterização e as vezes a demolição total, para atender seus interesses comerciais e a própria especulação imobiliária, deixando os prédios antigos entregues a sua própria sorte, sem efetuarem nenhum tipo de manutenção ou restauração, para acelerar o seu processo de desmoronamento, subtraindo assim, importantes ícones da cultural material de Itacoatiara! Isso é lamentável! (Frank Chaves)

Um comentário:

Frank Chaves disse...
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