sábado, 5 de julho de 2025

O Garfo Nem Sempre Foi Comum: A História de um Utensílio Polêmico

 

Hoje considerado essencial à mesa, o garfo nem sempre foi bem-vindo. Durante séculos, comer com as mãos ou com facas e colheres era o padrão em muitas culturas. O garfo, tal como conhecemos, só começou a ganhar espaço na Europa a partir do século XI, quando princesas bizantinas o introduziram em banquetes venezianos. Porém, ele foi recebido com escárnio e até repulsa.

Na Idade Média, muitos o viam como um objeto vaidoso ou até herético. Sua semelhança com instrumentos “do diabo” e sua função de evitar o contato direto com o alimento geravam desconfiança entre os religiosos. Era como se o garfo estivesse desafiando a simplicidade e humildade cristã.

Somente no século XVII, na França e na Inglaterra, o garfo começou a ser aceito pela nobreza e, gradualmente, pela sociedade em geral. O rei Luís XIV, por exemplo, foi um entusiasta do uso refinado de talheres à mesa.

Curiosamente, o garfo só se tornou comum nos Estados Unidos no início do século XIX!
Hoje, o garfo é símbolo de etiqueta, mas sua jornada foi marcada por resistência, julgamentos e uma lenta aceitação cultural.


Curiosidades Desvendadas 

O CANGACEIRO DO BANDO DE LAMPIÃO (SOBREVIVENTE DA MATANÇA QUE O GRUPO SOFREU)QUE VEIO PARA A AMAZÔNIA TRABALHAR COMO SOLDADO DA BORRACHA

O seu nome era Manoel Dantas Loiola, mas ficou conhecido na história como "CANDEEIRO", apelido esse que adquiriu na época que pertenceu ao bando do famigerado e famoso cangaceiro Virgulino Ferreira, o "LAMPIÃO", e um dos sobreviventes do ataque que pôs fim à saga violenta do rei do cangaço.

Manoel Dantas nasceu na fazenda Lagoa do Curral, no município de Buíque, em Pernambuco, no dia 6 de outubro de 1914.Seu pai era José Bezerra dos Santos e sua mãe chamava-se Eliza Dantas Badega. E ali ele cresceu como um sertanejo que cuidava da criação de animais, do gado e da roça.
Ja adulto, Manoel trabalhava em Alagoas, numa fazenda cujo dono dava asilo aos cangaceiros. Num determinado dia, chegou ali um grupo de cangaceiros de Lampião, chefiados por Virgínio (que ficou conhecido como um dos subordinados mais cruéis do rei do cangaço).
Mas uma volante policial soube que o referido grupo estava ali na fazenda e resolveu cercar a propriedade.Percebendo a presença dos policiais,os cangaceiros bateram em retirada se internado na caatinga.Manoel Dantas,então um jovem de 22 anos,resolveu também segui-los pois tinha certeza que se os policiais o pegassem,não iriam acreditar que era um vaqueiro e iriam matá-lo achando que seria um cangaceiro ou coiteiro deles.
Sendo assim,e sem alternativa naquele momento, o jovem vaqueiro foi inserido no bando de Lampião em 1936 como o mais novo membro e,como tradição entre os cangaceiros,Virgínio resolveu batiza-lo com um novo nome,passando ele a se chamar dali em diante como "CANDEEIRO".
Logo depois Candeeiro conheceria seu chefe na margem do rio São Francisco, no lado de Sergipe. Perguntado pelo rei do cangaço de onde ele era, Candeeiro afirmou que nascera em Buíque. Lampião então lembrou que Buíque tinha lhe dado um excelente cangaceiro chamado "jararaca"(morto após o ataque de Mossoró).
Assim Candeeiro passou a andar vestido com a indumentária do cangaço, com o fuzil no ombro e enveredar pelas caatingas junto com seus novos companheiros. E no primeiro combate que participou entre cangaceiros e uma volante, acabou sendo ferido por um tiro na coxa, mas nos dias seguintes a ferida foi cicatrizada após se aplicar no local do ferimento farinha peneirada com pimenta.
Candeeiro se tornou homem de confiança de Lampião, era ele que levava as cartas e bilhetes escritas pelo rei do cangaço quando exigia dinheiro de fazendeiros e comerciantes, e sempre voltava com a quantia exigida nas mãos.

O ATAQUE DA VOLANTE DE JOÃO BEZERRA E O FIM DE LAMPIÃO: CANDEEEIRO ESCAPA MAS É FERIDO
Mas o encalço da polícia ao grupo estava cada vez maior. Em 1938 se soube, através de uma delação, que Lampião e seus seguidores estavam acampados num local próximo à uma fazenda, precisamente na grota de Angicos, em Sergipe. Estando os militares com tão preciosa informação uma volante fortemente armada e comandada pelo capitão João Bezerra, saiu do povoado de Angicos rumo ao local onde estavam com uma só missão: dar fim no bando do rei do cangaço.
Após longa caminhada os policiais chegaram ao lugar indicado onde os cangaceiros estavam, logo os localizando e, sem serem notados, completaram o cerco pela noite. Amanhecendo o dia 28 de julho de 1938,logo ao raiar do sol quando vários dos cangaceiros estavam dormindo, os policiais começaram a atirar pegando os cangaceiros de surpresa e desprevenidos, Lampião foi um dos primeiros a ser atingido e morrer, assim como depois a sua companheira Maria Bonita. Candeeiro, por sorte, havia acordado cedo e tinha ido buscar água no riacho próximo e se preparava para urinar quando ouviu os primeiros tiros. Rapidamente ele desceu correndo, pegou seu fuzil e começou a revidar atirando rumo aos atacantes.

Mas os policiais eram muitos, além de estarem com metralhadoras, e a maior parte dos cangaceiros tinha morrido ou fugido.
Candeeiro resolve também fugir, mas na fuga acabou recebendo um tiro em seu braço direito que ficou dilacerado. Mesmo ferido continuou correndo.
Após o fim do ataque 11 cangaceiros haviam sido mortos, sendo que o objetivo maior tinha sido conquistado, que foi a morte de Lampião. Os policiais então cortaram as cabeças deles e levaram como troféu para a cidade alagoana de Piranhas onde foram exibidas ao povo, logo a notícia se espalhando por todo o Brasil e ficando o oficial Bezerra conhecido em todo país.

CANGACEIROS SE ENTREGAM ÀS AUTORIDADES : CANDEEIRO É OPERADO, PRESO E SOLTO
Quanto à Candeeiro,ferido,ficou 3 meses escondido na caatinga junto com os demais cangaceiros sobreviventes.Mas com medo de serem descobertos e mortos,com a promessa do governo de que se por acaso se entregassem não seriam maltratados,e enfraquecidos e desorientados por não ter mais seu líder,Candeeiro e os outros 13 cangaceiros se apresentam à polícia e entregam suas armas na cidade de Jeremoabo,na Bahia,em 21 de outubro de1938.Era o início do fim do cangaço que acabaria de vez dois anos depois com a morte de Corisco.
Devido a seu ferimento, Candeeiro foi mandado para a capital Salvador onde precisou fazer duas cirurgias para reconstruir seu braço.

Após a operação ele voltou e ficou dois anos preso numa penitenciária até receber o perdão final e ser solto. Estando em liberdade, ficou num orfanato em Alagoas e depois decidiu voltar para sua terra natal, em Pernambuco, em busca de ocupação. Mas chegando lá não conseguiu emprego, e decidiu voltar para Salvador.

Fez então o trajeto a pé e pegando carona pois estava com pouco dinheiro. Num certo dia chegou na cidade de Petrolândia, em Pernambuco, onde resolveu almoçar num quiosque. O dono do estabelecimento perguntou de Candeeiro para onde estava indo e ele respondeu que seu destino era Salvador. Foi aí que o homem, que estava lhe servindo, disse: -"Você não quer ir para o Amazonas? Tem um caminhão vindo de Fortaleza que sempre vem aqui pegar o pessoal interessado em ir para lá". Com a Segunda Guerra Mundial acontecendo, Candeeiro então soube que o governo estava recrutando e selecionando várias pessoas para trabalharem nos seringais da Amazônia e que havia promessas de comida, alojamento, transporte e um bom salário.

Mas na verdade a realidade foi outra bem diferente quando ali chegaram os trabalhadores nordestinos,inclusive com muitos perdendo a vida.
Com o início da Segunda Guerra Mundial o Japão (aliado da Alemanha)se apossou das colônias inglesas do Sudeste da Ásia que era a região de maior produção de borracha no mundo.Já com toda a cadeia produtiva de borracha nas mãos dos japoneses,os países aliados como Estados Unidos e Inglaterra voltaram seus olhos para a região amazônica,para suprir a produção de borracha cuja matéria-prima era essencial para o esforço de guerra contra os países do eixo.Sendo assim o governo brasileiro,tendo à frente o presidente Getúlio Vargas,assinou acordo com os Estados Unidos em 1942 para resolver essa questão e impulsionar a produção e exportação do produto em larga escala.O governo federal criou um órgão para organizar e selecionar pessoas para ir à Amazônia trabalhar na extração do látex e,mais uma vez,os nordestinos foram a maioria dos quê se aventuraram,ficando aqueles trabalhadores conhecido como "soldados da borracha"(e que depois seriam esquecidos pelo governo).Tinha assim origem o segundo ciclo da borracha no Norte do Brasil que durou de 1943 a 1945.
Sem ter nada a perder, o ex-cangaceiro mudou de opinião e rumo e decidiu que iria ficar ali aguardando o caminhão para ir à Fortaleza com a finalidade de fazer a seleção e depois embarcar para o serviço no Amazonas.

CANDEEIRO É SELECIONADO E SE TORNA SOLDADO DA BORRACHA
Não demorou e o caminhão ali passou recolhendo aqueles que estivessem interessados em se aventurar por terras amazônicas. Candeeiro embarcou e viu que já haviam outros 4 homens para o mesmo destino e no caminho pegaram outros num total de 9 pessoas.
O caminhão, ao entrar no Ceará, parou em Juazeiro do Norte onde eles almoçaram e depois ficaram uns dias em Iguatu.

Enfim, quando chegaram em Fortaleza foram fazer os exames pelos agentes do governo para a seleção final dos que estivessem aptos para ir à Amazônia.

Chegou a vez de Candeeiro sendo que o médico disse para ele tirar a roupa. Quando o médico viu a cicatriz no braço dele perguntou: -"O que foi isso?". Mas Candeeiro, com medo de não ser selecionado caso dissesse o verdadeiro motivo, assim afirmou:-"foi uma queda". Mas o médico, experiente, não acreditou e completou:-"como foi essa queda? fale a verdade". E então o ex-cangaceiro resolveu abrir o jogo e falar a verdade:-"foi na época que pertencia ao bando de Lampião, fui baleado em Angicos".O médico então disse onde ele tinha sido operado e quem foi o médico responsável por sua cirurgia. Após Candeeiro dizer o nome do local da operação e o responsável pela cirurgia, o médico finalizou:-"eu sou baiano e o médico que fez sua operação é meu conhecido e como você falou a verdade vou lhe aprovar,mas fique sabendo que eu iria lhe descartar".

Sendo assim o ex-cangaceiro foi selecionado, em 1943,para sua nova jornada nas paragens amazônicas se tornando um "soldado da borracha". Recebeu roupa, calçado, assinou um contrato e embarcou, junto com demais nordestinos, num navio com destino ao Acre.
A CHEGADA AO ACRE E O TRABALHO NO CORTE DA SERINGA : SOFRIMENTO E DOENÇAS
Após dias de viagem,passando pelo Pará e Amazonas,ele desembarcava no Território do Acre começando a trabalhar num seringal do rio Purus que pertencia ao seringalista Afrísio Fernando (que tinha familiares em Mossoró)e que ficava acima da cidade de Sena Madureira.Trabalhou ali por 2 anos e gastava seu dinheiro quando ia à cidade jogando bilhar,em festas ou comprando mantimentos,porém o dinheiro era pouco.

Foi então trabalhar em outro seringal localizado em Santa Rosa, próximo à fronteira com o Peru. Ficou no local por um ano pois adoeceu de malária e quase morreu.Candeeiro afirmava que se curou da doença devido uma promessa que fez a São Francisco de Canindé e de um remédio que seu patrão comprou de um regatão em seu batelão.Ele também dizia que o perigo maior de se trabalhar de seringueiro na mata não era tanto os animais selvagens,como onças e cobras,e sim as doenças tropicais que muitas vezes era fatal para quem as contraísse.

Enquanto esteve ali nos seringais ninguém sabia que ele tinha pertencido ao mais famoso grupo bandoleiro que tinha existido no Brasil naquela época, além de Candeeiro nunca ter falado para ninguém. Mas numa certa ocasião, seus companheiros seringueiros perceberam que ele era bom de pontaria e certeiro durante as caçadas, o que fez eles perguntarem como havia aprendido a atirar tão bem. Foi aí que ele, pela primeira vez, falou à todos que tinha sido cabra de Lampião. Os colegas, incrédulos, responderam o seguinte:-"É mesmo? Foi nada, os cabras de Lampião todos morreram no ataque".E assim ninguém acreditou no ex-cangaceiro, aliás dificilmente alguém ali acreditaria por mais que ele insistisse em repetir a história.

Após passar 4 anos trabalhando nos seringais do Purus, Candeeiro resolveu ir para Xapuri onde ficou estabelecido em outro seringal. Nesse local de 15 em 15 dias parava um navio para embarcar a produção de borracha. Mas uma vez quando Candeeiro estava na estrada de seringa, ele teve alguns utensílios seus roubados de sua barraca por um dos tripulantes do navio, o que talvez o tenha incentivado a sair dali. Ficou menos de um ano em Xapuri.

Foi quando ele resolveu ir para Rio Branco, a capital do Acre. Candeeiro saiu então de Xapuri com um jamaxin na costa onde trazia suas roupas e rede. Foi a pé pela mata, atravessando pontes de madeira e igarapés onde a água lhe cobria até o meio da barriga. Após mais essa jornada, Candeeiro chegou em Rio Branco onde conheceu um outro soldado da borracha que era do Maranhão. Os dois se tornaram amigos e viram uma notícia de um jornal local que informava que chegaria um navio, em fevereiro, com destino à Belém do Pará.

A VOLTA PARA O NORDESTE
Candeeiro então decidiu que chegava a hora de voltar para sua região de origem. Ele e seu colega maranhense embarcaram no navio numa viagem de vários dias pelos rios Purus e Amazonas chegando, enfim, na capital paraense, onde ficaram hospedados num hotel chamado São José.
O colega seguiu rumo ao Maranhão e convidou Candeeiro para ir com ele, mas ele agradeceu o convite e disse que seguiria outro caminho, com destino ao Ceará.

De Belém Candeeiro pegou um trem até Teresina e de lá embarcou num ônibus para Fortaleza. E de Fortaleza ele foi para a cidade de Crato onde ficou por oito dias devido a falta de ônibus.
Contudo pegou um ônibus e decidiu ir para São Paulo onde residiu por 3 anos.
Depois ele resolveu voltar para sua terra natal, viajando de volta para Pernambuco. Mas com o tempo ele ficou estabelecido na Vila de São Domingos, distrito de Buíque, onde se aposentou e ali montou uma mercearia.

Manoel Dantas Loiola faleceu na cidade de Arcoverde, no dia 24 de julho de 2013,aos 98 anos, de derrame. Era o último membro do grupo de Lampião ainda vivo.

CONCLUSÃO
Ex-cangaceiro e ex-soldado da borracha, Candeeiro na época viajou por várias partes do Brasil,e sempre era procurado por pesquisadores da história do cangaço para dar informações importantes daquele período violento dos sertões nordestino.
Indagado por muitos o que foi para ele a época em que esteve no cangaço, ele dizia:-"foi uma história de sofrimento ".

O texto não tem a finalidade de exaltar ou condenar o personagem retratado em questão durante seu período no cangaço(cada qual tire sua própria conclusão),mas de mostrar sua trajetória em dois fatos históricos do Brasil, precisamente do Norte e Nordeste do país, em que ele participou.
Na imagem menor a esquerda, está Candeeiro já idoso, na casa dos 90 anos. Já na imagem à direita se tem um soldado da borracha em ação na floresta amazônica. E na foto maior, de baixo, se tem o grupo de cangaceiros que se entregou para a polícia em 1938,na Bahia. Candeeiro é o que está sentado, terceiro da esquerda para a direita, com seu chapéu com uma cruz pregada e do lado de um frei capuchinho.

FONTE: Gaspar Vieira Neto / Depoimento dado por Manoel Dantas Loiola (o "Candeeiro")ao pesquisador Aderbal Nogueira.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Johannes Gutenberg, o homem que imprimiu o futuro...

 


Em uma pequena cidade chamada Mainz, no coração da Alemanha, nasceu por volta de 1400 um homem que mudaria o curso da história com algo tão simples... e tão poderoso quanto a palavra escrita. Seu nome? Johannes Gutenberg.

Filho de um ourives, Gutenberg cresceu entre metais, precisão e ideias ousadas. Ele era um pensador inquieto, um inventor nato. Enquanto o mundo ainda copiava livros à mão, um trabalho que podia levar anos, Gutenberg sonhava com um mundo onde o conhecimento fosse acessível a todos.

E foi dessa inquietação que nasceu a ideia revolucionária: criar uma máquina que pudesse imprimir páginas inteiras, em grande escala, com perfeição e rapidez. Uma prensa com tipos móveis, em que cada letra pudesse ser rearranjada, reutilizada e combinada para formar novas palavras, páginas, livros... 

Lá por 1440, após anos de testes e sigilo absoluto (pois a ideia era valiosa demais para ser compartilhada), Gutenberg finalmente criou sua prensa tipográfica. E com ela, iniciou a impressão de um dos livros mais importantes da história: a Bíblia de Gutenberg. Foram cerca de 180 exemplares produzidos entre 1452 e 1455, uma façanha monumental para a época!

Era o início de uma verdadeira revolução: a Revolução da Imprensa. O que antes era privilégio de poucos monges copistas, agora começava a alcançar nobres, mercadores, estudantes e, aos poucos... o povo. O conhecimento começava a se libertar das muralhas da elite.

Gutenberg, sem saber, havia acendido o pavio do Renascimento, da Reforma Protestante, da ciência moderna. A impressão mudou tudo: ideias, religião, arte, política, educação. Tudo.

Mas ironicamente, Gutenberg morreu pobre e esquecido, por volta de 1468, sem imaginar que seu invento mudaria o mundo para sempre.

A Bíblia de Gutenberg tem 1.282 páginas e foi impressa com tipos móveis em latim.
Apenas cerca de 49 cópias completas sobreviveram até hoje.
A tecnologia de Gutenberg permaneceu praticamente inalterada por mais de 300 anos.

Quando hoje você abre um livro ou imprime uma página, lembre-se: ali vive o espírito de Johannes Gutenberg.
O homem que imprimiu o futuro com as tintas da liberdade.


fonte:

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Vereador Arialdo Guimarães, parabeniza o Dep. Thiago Abrahim, pela implantação do curso de Inteligência Artificial em Itacoatiara e Parintins


O vereador Arialdo Guimarães parabeniza o Deputado Estadual Thiago Abrahim pela importante articulação junto a UEA (Universidade do Estado do Amazonas) para a implantação do curso de Bacharelado em Inteligência Artificial, que será ofertado nos municípios de Itacoatiara e Parintins.

Uma conquista histórica que fortalece o ensino superior no interior e abre portas para a juventude amazonense nas profissões do futuro!
Parabéns, deputado Thiago Abrahim! Parabéns, Itacoatiara!

"Mais do que uma conquista acadêmica, este é um marco que reforça: o Amazonas não vai ficar para trás. Estamos nos preparando para formar profissionais prontos para os desafios de um mundo cada vez mais conectado, tecnológico e digital — e oferecendo aos nossos jovens a oportunidade de construir seu futuro aqui, sem precisar sair do estado em busca de formação e oportunidades".

"Além disso, seguimos avançando na interiorização da educação superior. Realizamos o sonho de levar a UEA ao primeiro polo rural, em Novo Remanso, e, em breve, o município de Tabatinga também contará com um novo polo rural, em Belém do Solimões. São passos concretos para ampliar o acesso ao ensino e transformar realidades em todo o Amazonas.",
declarou o deputado Thiago.

domingo, 29 de junho de 2025

A ETNIA MURA E O PARICÁ

 

Entre os indígenas Mura, como o retratado nessa prancha Setecentista, assim como entre os Mawé, populações originárias da área Madeira-Tapajós, havia o costume de aspiração de um pó feito do parica.


Também chamado genericamente de "tabaco" ou "rapé", é uma substância obtida das cascas e/ou sementes de plantas diversas, do angico-vermelho à bandara e o guapuruvu.

Rituais que envolviam o consumo desse pó, cujos efeitos já foram identificados como semelhantes aos da ayahuasca, parecem ter sido centrar na cosmologia Mawé e foram registrados em detalhe por viajantes e naturalistas como Alexandre Rodrigues Ferreira (1756-1815), em cerimoniais que envolviam a inalação do paricá e outras ingestões:

"Principia a cerimonia dos bacchanaes por uma cruelíssima flagelação: açoitam-se reciprocamente uns aos outros com um chicote de couro de peixe-boi, anta ou veado […1 Acoitam-se de dois a dois, o paciente recebe os açoites de pé, e com os braços abertos, enquanto o flagelante o fustiga à sua vontade; pouco depois passa o flagelante a flagelado, e assim cada parelha segue o seu turno; e nisto consomem oito dias, eles na cerimônia da flagelação, e as velhas na preparação do paricá e dos vinhos de frutas, e do beiju [...]

A virtude narcótica do paricá, o modo de o sorver, e a demasia dos vinhos, obram com tanta violência, que os que não morrem algumas vezes sufocados de tabaco, caem semi-mortos, e caídos ficam até lhes passar a bebedeira.

Passada a primeira, principia a segunda: é de estatuto da festa durar a borracheira tanto quanto duraram os açoites.
" Vale a pena ler mais sobre temas da mitologia, da etnografia e da etnohistória que podem ser identificados através da chamada tábua de paricá no artigo do pesquisador Marcel Mano, na revista ArtCultura (v. 22, n. 40, jan.-jun. 2020) é "Índio Mura inalando paricá" e "Memória sobre os instrumentos de que usa o gentio para tomar o tabaco, Parica".



fonte:

@comerhistoria, 
FERREIRA, Alexandre Rodrigues.Viagem filosófica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1974.

Vereador Arialdo Guimarães homenageia os pescadores pelo seu dia


Neste dia, homenageamos hoje os homens e mulheres que, com coragem e dedicação, tiram do rio o sustento de suas famílias e alimentam nosso povo. Nossa gratidão e respeito aos pescadores de Itacoatiara! 
São os votos do Vereador Arialdo Guimarães

sábado, 28 de junho de 2025

Que dureza, Machado! Uma crônica sobre a imortalidade ferida de morte


Que dureza, deve mesmo estar pensando o velho Machado, lá do alto de seu mausoléu invisível, com os óculos repousando sobre a ponta do nariz etéreo, enquanto acompanha, entre um suspiro e outro, os nomes recém-sorteados, ou melhor, indicados para as cadeiras outrora ocupadas por escritores. Sim, escritores, lembra-te disso, leitor? Gente que escrevia com vocação de ferida e beleza, não com slogans reciclados de rede social.

Machado, se ainda estivesse entre nós, talvez preferisse morrer de novo. Porque o que se vê da chamada “Academia Brasileira de Letras” hoje, já não tem tanto de “letras”, e muito menos de “brasileira”, quanto tem de performance, de liturgia progressista, de autofagia intelectual. É como se a genialidade literária tivesse sido substituída por uma cartilha, e o ofício da escrita, por um atestado ideológico assinado em cartório militante.

A casa fundada por aquele que soube rir da própria desgraça, narrar o Brasil com ironia de bisturi e alma de filósofo, hoje abrigaria, com toda solenidade e nenhuma vergonha, personagens que, se estivessem em seus romances, seriam caricaturas, o engajado afetado, a escritora do ressentimento automático, o acadêmico de redes que escreve mal, mas se posiciona bem. E por “bem”, entenda-se, conforme o algoritmo.

Machado, que fazia da ambiguidade um instrumento de revelação, agora observa, atônito, um tempo em que a ambiguidade virou crime, e o único estilo aceito é o da obviedade uivante. O que era arte de sugerir virou panfleto explícito. E a Academia, aquela que um dia se ocupava da imortalidade da palavra, tornou-se abrigo de vaidades sonoras, de ativismos de ocasião, de egos inflamados e frágeis, cuja única obra relevante é o próprio currículo.

E que currículo, recheado de participações em eventos, de textos opinativos em portais de indignação crônica, de coletâneas lançadas por editoras que não sabem distinguir aforismo de autocomiseração. Escrever bem, para quê? O mérito agora é saber ocupar o espaço certo no discurso correto, dizer as palavras mágicas da seita do momento, pertencer à tribo, acenar ao totem. O estilo morreu sufocado pela etiqueta identitária.

Machado, com sua pena envenenada de lucidez, deve assistir ao espetáculo com aquele sorriso torto de ironia amarga. Não porque fosse reacionário, mas porque era lúcido. E lucidez, hoje, parece coisa fora de moda, talvez até perigosa. Sua literatura, que expunha a alma humana em toda sua torpeza e ternura, daria lugar, hoje, a discursos redentores, a personagens que não erram, pois representam causas, a narrativas em que o bem e o mal já vêm prontos, como lanche embalado.

Que dureza, sim. Porque a imortalidade, Machado sabe, não se garante por eleição. A verdadeira eternidade de um escritor não está na cadeira que ocupa, mas no incômodo que provoca, na linguagem que resiste ao tempo, no espelho que oferece à sociedade, mesmo que ela o quebre. E hoje, quebraram não o espelho, mas o próprio ofício. Jogaram fora a arte de escrever, e puseram no pedestal o direito de estar certo.

É isso, querido Machado. Do além, continue assistindo, mas feche os olhos de vez em quando. Há certas cenas que nem mesmo a ironia é capaz de redimir.



Por: Oliver Harden


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