sábado, 5 de abril de 2025

Jurandir Pereira da Costa, um ícone da história política de Itacoatiara.

Foto oficial do ex-prefeito Jurandir Pereira da Costa. foto da década de 70
digitalizada e colorizada. Acervo: Frank Chaves 2025

Jurandir Pereira da Costa, é natural de Itacoatiara, nasceu no dia 17 de dezembro de 1926, filho de Joana Alves Pereira e Avelino Pereira da Costa, naturais do nordeste. Tem uma extensa história política e de grandes feitos no município. Foi eleito vereador no ano de 1960 e logo foi guindado a função de presidente da Casa Legislativa pelo voto interno de seus pares. Em 1966 em razão da mudança de governo no período militar, foi nomeado prefeito interino do município, de outubro a dezembro de 1966, Em 12 de dezembro de 1966, repassou o cargo ao então interventor federal Armindo Magalhães Auzier, que ficou prefeito até 13 de setembro de 1967. Em 15 de novembro de 1968, concorre a prefeitura de Itacoatiara saindo vitorioso, assume em 31 de janeiro de 1969 e governa até 30 de janeiro de 1973. E dessa vez, foi eleito democraticamente e teve como vice-prefeito, o Sr. Mábio Frutuoso de França, que foi o primeiro vice de Itacoatiara, pois antes não existia essa função compondo o executivo municipal. Jurandir e Mábio foram eleitos pela ARENA – Aliança Renovadora Nacional.

Jurandir e Majoara, figuras ilustres de Itacoatiara - foto: de 2015 Josemar Oliveira. facebook 2025

A imagem estampa em primeiro plano, a figura icônica do Sr. Jurandir Pereira da Costa, que foi vereador, presidente da câmara e por duas vezes e prefeito por dois mandatos, na 1ª vez assumiu a prefeitura como interventor federal, nomeado no período militar em 1966, a outra vez se elegeu prefeito, com expressiva votação popular no período de 1969 a 1967. Depois, já idoso cansado com o cenário político local, resolveu se candidatar novamente, dessa vez a vereador, sendo eleito e cumprindo o mandato no período de 1989 a 1992, nessa mesma legislatura, por sua notória experiência política e administrativa, foi eleito entre seus pares a função de presidência da Câmara Municipal de Itacoatiara. 

Ainda tive umas duas conversas com ele nesse lugar, na varanda de sua casa, onde atendia a todos e recebia com constância visitas de autoridades, amigos e seus velhos clientes, que ainda lhe procuravam para receitar um remédio para aliviar suas dores. Ele já estava sem enxergar, mas a lucidez era absoluta e quanta riqueza de detalhes e informações tinha naquela cabeça. Ele me repassou muitas informações sobre a história de nossa Itacoatiara e do tempo em que foi prefeito na ditadura militar. 

Ao seu lado direito, o velho escudeiro Marajoara, companheiro de tantas batalhas políticas, que era uma excelente figura humana, sempre muito proativo e prestativo e foi servidor do antigo IPASEA e presidente do Santa Luzia Futebol Clube por muito anos e que foi, praticamente cria, do saudoso Dep. João Valério de Oliveira, que foi um exemplo de inteligência e honradez para nossa cidade e para o Estado do Amazonas. 

E falem o que quiser, mas ninguém pode negar que o Sr. Jurandir, foi um dos prefeitos mais operosos, determinado e promotor de eventos e ações progressistas. E sabia usar sua autoridade para manter a lei e a ordem em nossa cidade, até porque no primeiro mandato foi interventor e não devia favor a ninguém. 

Houve até uma história de um familiar que foi pego em um batida policial altas horas da noite, por estar fazendo pega na 7 de setembro, junto com o filho do então Deputado Arnóbio de Oliveira, que estava em outra motocicleta em alta velocidade. E o depois que prendeu, foi avisado que era parente do prefeito. E o delegado então por respeito, resolveu lhe telefonar pra comunicar o fato. E ele respondeu sem titubear, "deixe ele lá até de manhã, para servir como exemplo". 

Vereadores Milton Veras e David Braga, vice Mábio, prefeito Jurandir,
governador e demais autoridades na inauguração do hospital de Itacoatiara

Em razão de sua notável obra e bons serviços prestados a sociedade itacoatiarense, inclusive estou planejando, fazer uma exposição do seu governo, mostrando suas principais e grandes obras, que até hoje estão servindo a população itacoatiarense como: o hospital José Mendes, o estádio Floro de Mendonça, o conjunto Sham, a Casa da Cultura, compra de máquinas e equipamentos, caminhões, tratores para a manutenção da cidade entre outros. A realização do 1º Festival Folclórico da cidade no estádio e da 1ª Feira de agropecuária do Município em 1971, onde hoje está construído o 2º BPM, entre outras obras importantes obras que contribuíram e ainda contribuem até hoje para o desenvolvimento de nossa cidade. 

Fazendeiro João do Joca apresenta se touro premiado na 1a Exposição
agropecuário de Itacoatiara, na década de 70.

Fora a questão do atendimento farmacêutico, que já fazia antes de ser prefeito e vereador, cuja profissão aprendeu com o Sr. Francisco Athayde, pois ele mesmo me fez essa revelação, cujo seus mestre que também foi vereador e farmacêutico brilhante de nossa cidade. E sua inteligência e tino com a farmácia foi herdado pelo seu filho Beto, que seguindo os paços do pai, atendia a todos sem distinção na Drogaria Pereira e que sempre foi certeiro nos prognósticos e receitas que fazia! Que muitos chegaram a chamar-lhe com carinho e respeito pela notável capacidade farmacológica de, Dr. Jurandir e Dr. Beto. Mas vale ressaltar, que antes de ser farmacêutico, era fazendeiro e mesmo durante a política, mantinha sua atividade pecuarista. Isso explica, porque em seu mandato realizou o primeiro evento agropecuário do município na década de 70.

Judeth Costa restaurando imagens sacras da catedral de
Manaus - imagem da arquidiocese de Manaus, 2018.

Assim como os demais filhos e filhas: Júlio, Roberto, Ricardo Costa, Antônio, Socorro e Judeth, que seguiram profissão em outras áreas da atividade e conhecimento humano, que são exemplo de honradez, trabalho e bom serviços prestados a sociedade itacoatiarense e amazonense. 
Mais recentemente, não posso deixar de mencionar, nossa querida amiga Judeth Costa, que coordena a casa de restauro do Governo do Estado, que nesse momento, comando a reforma e restauro delicado, do templo da cultura amazonense que é o Teatro Amazonas e que também já restaurou a imagem de cedro de N. Sra. do Rosário! 

Por tudo isso, penso que "um homem que marca seu tempo de forma tão significativa, apesar de um dia chegar sua ora derradeira nesta terra, por sua relevante história, se torna imortal". Assim é o Sr. Jurandir Pereira e é sua querida esposa, Dona Zueth, que lhe ajudou consubstancialmente na sua digna e basilar caminhada. E que foi minha professora de educação artística, contribuindo sobremaneira para minha formação escolar e interesse pela arte, que se tornaram marca exemplar da história e memória itacoatiarense, cujo legado e seguido pela sua notável e estimada prole.

Depois de curar e ajudar muitas pessoas, sem cobrar por seus serviços e dar sua notável contribuição a vida publica municipal, o que lhe rendeu um grande número de afilhados, que seus amigos diziam ter mais de quarenta afilhados, muitos amigos e simpatizantes. Em 15 de fevereiro 2017 o guerreiro descansou, falece Jurandir Pereira da Costa aos 91 anos, deixando um grande legado de honradez e relevantes serviços prestados a população itacoatiarense.

Conheça a história de Araribóia!

 

Na vastidão das florestas que cercavam a Baía de Guanabara, antes que o concreto moldasse as paisagens, vivia um guerreiro de coragem e alma indomável: Araribóia — "Cobra da Tempestade", como era chamado entre os seus.
Filho dos temiminós, tribo rival dos tupinambás, Araribóia nasceu sob o sol escaldante e os ventos do litoral. Desde cedo aprendeu a caçar, a remar pelos rios e a guerrear. Mas sua maior batalha ainda estava por vir.
Era o século XVI, e os franceses, liderados por Villegagnon, se instalaram na Baía de Guanabara, fundando a chamada França Antártica. Uniram-se aos tupinambás e desafiaram o domínio português sobre aquelas terras.
Do outro lado da baía, em Espírito Santo, Araribóia foi chamado pelos portugueses. Não por submissão, mas por estratégia — sabia que seu povo precisava de aliança para sobreviver. Com olhos de águia e coração de jaguar, conduziu seus guerreiros em canoas pelo mar, enfrentando tempestades e inimigos. Era o ano de 1567 quando se uniu a Estácio de Sá, português destemido que fundaria o Rio de Janeiro.
A guerra foi brutal. Flechas cruzavam os céus como raios, e o sangue manchava a areia das praias. Araribóia lutou com fúria, movido pelo espírito ancestral dos seus. Ao lado dos portugueses, derrotou os franceses e os tupinambás. A vitória foi celebrada com danças, tambores e silêncio de respeito pelos mortos.
Como recompensa, Araribóia recebeu terras do outro lado da baía — do lado do sol poente, onde as águas se escondem entre colinas e enseadas. Lá fundou São Lourenço dos Índios, a semente de Niterói, cujo nome em tupi significa "águas escondidas".
Mesmo batizado como Martim Afonso de Sousa, nunca abandonou sua alma indígena. Vestia-se com trajes europeus, mas caminhava como guerreiro. Certa vez, humilhado por um governador português, levantou-se com orgulho e disse:
"Mesmo que eu esteja vestido como vós, por baixo desta roupa bate o coração de um chefe temiminó!"
Araribóia morreu como viveu: firme, honrado, lembrado como fundador de Niterói e símbolo da resistência e sabedoria indígena.
Hoje, sua estátua observa a cidade, como um sentinela eterno da história, das raízes e do povo que veio antes de tudo.


Consulta de opinão

ALBUM DE ITACOATIARA