Nasceu em Manaus em 10 de fevereiro de 1924, mais ainda jovem foi para o Pará e depois retornou para o Amazonas para ajudar o seu tio Isaac Sabbá, de quem virou sócio, da primeira refinaria de Petróleo do Amazonas, que se transformou em um império agregando outros empreendimentos que geraram emprego e renda tanto na capital quanto no interior.
Aos 18 anos, em 1942, Moyses Israel passou a integrar o Grupo Sabbá, o maior conglomerado de empresas na época em Manaus e que viveu seu apogeu nas décadas de 50 e 60. Exerceu várias funções no grupo, do qual se tornou sócio aos 21 anos. Teve atuação essencial na fundação em 1953 da Companhia de Petróleo da Amazônia (Copam). Graças a sua postura empresarial aliada ao tino para tratar as pessoas com polidez, mesmo nos momentos mais difíceis, permaneceu por 38 anos trabalhando no Grupo Sabbá.
Foi fundador da Federação das Industrias do Amazonas, presidente do antigo BEA - Banco do Estado do Amazonas e grande investidor na área imobiliária, especialmente em Itacoatiara, onde praticamente, planejou a expansão Leste da cidade, fazendo loteamentos e vendendo a baixo custo, visando promover a expansão da cidade de forma ordenada. Mas lamentavelmente, quando seu plano estava em plena execução, aconteceu o surgimento das invasões de terras no município, com incentivo de opositores políticos, que fomentaram a invasão de mais de 70% de suas terras, cujo locais, já estavam todos mapeados, feito arruamento. E que depois foram transformados nos bairros: da Paz, Eduardo Braga I e II, Mamoud Amed e Nogueira Junior e o ultimo, deram o nome de Moises Israel.
Cuja questão latifundiária ainda rola até hoje, visto que ainda em vida, entrou com ação indenizatória do Município para obter o ressarcimento do valor das áreas, que ele havia comprado há muitos anos atrás, que faziam parte da antiga fazenda do fomento entre outras fazendas e terras próximas que foi amealhando durante anos. Mesmo assim, ainda conseguiu entregar urbanizado os seguintes bairros: Tiradentes, Jardim Adriana, Jardim Florestal e Jardim Lorena. Também doou áreas de terras para várias igrejas de diversas denominações religiosas: católicas, evangélicas e espiritas.
E notabilizou-se pela doação das terras para construção da UFAM, UEA e CETAM, além da escola do SESI e articulou a vinda do SESC, SENAC e SENAI para o município. Ajudou e incentivou vários jovens no período de sua formação universitária. Também foi mantenedor e apoiador da Galeria de Artes Terezinha Peixoto, que eu coordenava, inclusive onde fundei a A Academia Itacoatiarense de Letras, juntamente, com um grupo de pensadores da cidade, cuja instituição cultural funcionava na orla da cidade, em parte de uma de suas casas na cidade de Itacoatiara. E por fim, até a sua casa principal que ficava no bairro de Tiradentes, que ficava ao lado da UFAM, por fim, ele doou a sua casa para que a Universidade pudesse se expandir e promover mais cursos universitários para Itacoatiara.
Um dia em visita a sua casa, percebi um lote caixas empilhadas na parede e perguntei a ele, do que se tratava e ele me respondeu, que era uma porção de títulos certificados que ele havia ganhado durante vários anos e estavam ali empilhado nas caixas. Ai lhe dei a ideia, de criar um memorial, na sala onde ele se reunia, para as que as pessoas pudessem ter conhecimento. Depois levamos a ideia a reitoria da UFAM, pois nesse período eu era o coordenador administrativo do Campus Universitário da UFAM em Itacoatiara e resolveram acatar a ideia. E com a ajuda do Sr. Moysés foi montado memorial com todos os seus títulos de reconhecimento. E que lamentavelmente, fica maior parte do tempo de portas fechadas, deixando a memória de reconhecimento de várias instituições durante uma vida toda, trancada por falta de um projeto perene de funcionamento em memória do grande baluarte da Universidade Federal do Amazonas, UEA, CETAM, SESI, SENAI, SESC entre outras instituições que ele ajudou a trazer para Itacoatiara.
Vale ressaltar que também foi um visionário, ao prospectar e articular, obtendo o apoio do ex-prefeito Chico do Incra, da Assembleia Legislativo do Amazonas, na época capitaneada a ação pelo ex-deputado Cleuter Mendonça e Deputado Federal Ubaldino Meireles, para a fundação da ZPE-Ita, Zona de Processamento de Exportação de Itacoatiara, que também fora aprovada no Diário Oficial da União de 1990, pelo presidente Sarney, cujo empreendimento, tinha um aspecto de incentivo fiscal para atrair um polo industrial para Itacoatiara, similar ao da Zona Franca de Manaus, o que geraria milhares de emprego e instalação de industrias no município. Mas que lamentavelmente o projeto foi engavetado pela velha guarda da politica manauara, que via no projeto de Itacoatiara, não um auxiliador, mas um concorrente, para atrair a transferência das industrias de Manaus para Itacoatiara, haja vista que o município tem posição geográfica estratégica para a pratica de importação e exportação fluvial e tem seu calado navegável o ano inteiro, inclusive no período das maiores secas, navios de grande porte, podem aportar na área portuária de Itacoatiara, o que limita Manaus, quando a estiagem é severa, com a ocorrida em 2024.
Lembro que também, fizemos um segunda tentativa de reviver o projeto da ZPE-ita, sob a liderança do ex-deputado Ademar Marques, quando fundamos o Fórum de Desenvolvimento Econômico de Itacoatiara, para discutir as questões de desenvolvimento do Município, O nosso velho e saudoso amigo Ademar Marques, que faleceu há poucos dias, era o presidente do Fórum e eu era o secretário da organização. Onde fizemos uma audiência pública na ALEAM e outra em Itacoatiara e várias outras reuniões com políticos de todas esferas e empresários, para tentar conseguir apoio para a retomada do projeto. Mas depois de muitas lutas, fomos mais uma vez engalopados, pela força obscura protecionista da ZFM, com a promessa de que não precisaríamos mais de uma ZPE, tento em vista, que estava sendo criada a Região Metropolitana de Manaus, que visava estender os incentivos fiscais para os municípios integrantes da RMM, dentre os quais Itacoatiara fazia parte, com isso naturalmente, atrairia industrias para o município.
Em resumo, a lei da RMM foi aprovada em 2006 e até hoje, não foi regulamentada pelo Governo Federal, no tocante a extensão dos incentivos fiscais para os municípios da área de conurbação da RMM. E assim meus amigos Itacoatiara voltou a ver navios e ficar com pires na mão, pedindo ajuda do Governo do Estado para dar o mínimo de dignidade e oportunidade para os itacoatiarenses. Mas seu Moysés fez a parte dele com louvor, articulou a confecção do projeto, viabilizou a área de terra para implementação do polo industrial de Itacoatiara. Cujo local depois, ficou abandonado e transformado na atual lixeira pública do município, localizada no bairro do Jauari II, ou seja, preferiram jogar lixo em cima do projeto, do que implementa-lo. Essa questão, a das invasões, entre outras decepções, entristeciam o velho judeu, que tentava a todo custo, criar cenários para dar um salto no desenvolvimento de Itacoatiara, mas ele não esmoreceu e continuou lutando e tentando até o final de seus dias. Ah, como sua presença, visão de mundo, inteligência e energia, fazem falta!
Era um grande amigo, muitíssimo inteligente e apesar da idade 92 anos, tinha uma visão futurista, só pensando em progresso e em empreendimentos de tecnologia de ponta para ajudar a desenvolver o Amazonas e Itacoatiara, tendo com uma de suas últimas empreitadas, a fundação do projeto de cultivo do pinhão manso, para a produção de biodiesel, visando a produção de geração de energia limpa, para ajudar na preservação do meio ambiente.
Era uma pessoa incrível, altruísta, incentivava a juventude a ter conhecimento e nutria amor pelo próximo, em especial os mais carentes e vulneráveis. E todos em qualquer lugar, especialmente em Itacoatiara, sentiam o prazer de conversar e de estar próximo. Sua cabeça estava a mil por hora, mas o corpo, já sentia o peso da idade, que o apoiava em uma elegante bengala, até que foi afetado por uma pneumonia, seguido de falência múltipla dos órgãos e veio a falecer no dia 07 de julho de 2016, comovendo todo empresariado da capital amazonense, recebendo homenagens do governador, do prefeito de Manaus e no Senado Federal.
E como era muito próximo a ele e era seu grande admirador, bem como em razão dos grandes feitos que empreendeu em Itacoatiara, não poderia me furtar de registrar a passagem do seu aniversário e dos 9 anos de seu falecimento.
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