Casa de 1907, que pertencia a uma barão do final do século passado, hoje abriga um hotel de luxo no Centro de Manaus. (Antônio Lima) |
Ao contrário da rede de lojas Marisa, que destruiu uma marquise, muitos apostam na manutenção da nossa história
O Centro Histórico de Manaus fala muito da “Belle Époque”, de quando os barões viviam e andavam pelas ruas da capital, por onde tudo começou. Inúmeros casarões foram construídos ao estilo colonial, com materiais importados da Europa, o que demonstra a imponência trazida pela apogeu da borracha, no final do século passado. Mas muito dessa história, marcada principalmente pela arquitetura da época, tem se perdido nos dias atuais.
É cada vez mais comum observar prédios centenários se esfacelando por falta de manutenção e ação do tempo, ou descaracterização arquitetônica, por interesses comerciais, como o que aconteceu com um dos prédios das lojas Marisa, entre a avenida Eduardo Ribeiro e rua Henrique Martins, no Centro, onde a marquise de pouco mais de 100 anos foi arrancada.
Entretanto, também há valorização por parte de muitos empresários que buscam manter as fachadas e as estruturas dos prédios históricos para chamar a atenção dos clientes. Um exemplo do investimento, é o recém-inaugurado hotel Villa Amazônia, localizado nas proximidades do Teatro Amazonas.
De acordo com o sócio-diretor do empreendimento, Augusto Costa Filho, 35, a antiga casa é datada de 1907, e foi construída para funcionar como residência de um barão da época. Mas quando foi comprada, apenas 100 m² puderam ser restaurados e reaproveitados para o novo negócio. “A casa estava a ponto de desmoronar. Fizemos questão de restaurar toda a fachada e alguns espaços da casa para oferecer aos nossos clientes uma viagem ao tempo, além do conforto. Mas foi um processo complicado devido a morosidade dos órgãos públicos para liberar a obra”, explicou ele, que comprou a casa em 2011, pretendia inaugurar o hotel em 2014, mas só conseguiu lançar o projeto dois anos depois, 15 dias antes de iniciar os Jogos Olímpicos.
Na opinião do empresário, manter a arquitetura da época é uma forma de oferecer um serviço diferenciado e manter viva a história. “Estar ambientado em um prédio histórico é um chamariz para os clientes, para os turistas, e uma forma de despertar o interesse pela história do estado”, disse.
O Itaú aprendeu que preservar mantem viva a identidade da “Paris dos Trópicos”. (Euzivaldo Queiroz)
Outro exemplo de prédio histórico em bom estado de conservação é o do banco Itaú, na rua Theodoreto Souto, também no Centro. A edificação de 1913, foi construída com dois pavimentos e porão, possui revestimento em azulejos verdes decorados com ornamentação art-nouveau.
O local foi construído por Joaquim Jacinto da Câmara, para ali instalar um comércio no térreo, e no 1º andar funcionava como residência. O prédio chegou a ser sede de uma importante empresa, mas em 1976 foi comprada pelo banco e em 1988 foi tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado.
Um bom exemplo após um péssimo exemplo
O mesmo banco Itaú, que hoje mantém preservado em boa estado o prédio da agencia Theodoreto Souto, construído por Joaquim Jacinto da Câmara em 1913, nos anos 80 cometeu um dos maiores atentados contra o patrimônio histórico de Manaus ao demolir o prédio em que funcionou o cine Guarany, na esquina das avenidas Sete de Setembro e Epaminondas, para a construção de uma de suas agências em Manaus. O caso mobilizou toda a comunidade à época, mas a destruição contou com o aval da prefeitura da época.
Arquitetura conta nossa história
Para o arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro, que também é coordenador da Comissão Especial de Políticas Públicas do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/AM), a preservação desses espaços no Centro Histórico, são importantes para manter a identidade da cidade, que chegou a ter um dos metros quadrados mais caros do mundo. “Se isso não for preservado, perde-se uma referência da arquitetura da época”, disse.
Segundo o arquiteto, existe uma listagem com mais de 1,6 mil imóveis com interesse de preservação, principalmente no entorno da rua Bernardo Ramos, no Centro. Ele defende que é possível manter o estilo arquitetônico para fins comerciais, desde que haja mais consciência dos empresários.
Embora o índice de desocupação desses prédios seja considerado alto, Cordeiro acredita que 50% dos prédios históricos estão bem conservados e boa parte dos que estão em más condições, podem ser restaurados e utilizados para fins comerciais, mas também para moradia. - (Fonte: Jornal acrítica - Por: Kelly Melo)
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Itacoatiara, na contramão da valorização do seu patrimônio histórico arquitetônico!
Antiga Casa do Sr. Alvaro Correia e da antiga empresa Martins Melo, atualmente pertence ao Grupo CIEX. Foi construída na década de 40. O imponente palacete, tem características do estilo arquitetônico eclético. Está localizado em uma área privilegiada da cidade e está abandonado a mais de 20 anos.
Enquanto isso, em Itacoatiara, uma boa parte dos detentores de edificações históricas, providenciam a descaracterização e as vezes a demolição total, para atender seus interesses comerciais e a própria especulação imobiliária, deixando os prédios antigos entregues a sua própria sorte, sem efetuarem nenhum tipo de manutenção ou restauração, para acelerar o seu processo de desmoronamento, subtraindo assim, importantes ícones da cultural material de Itacoatiara! Isso é lamentável! (Frank Chaves)
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