Retirada de bancas que ficavam nas ruas Henrique Martins, Joaquim Sarmento e Lobo D’Almada recuperou espaço público
Na rua Henrique Martins, a retirada das bancas dos camelôs ‘abriu’ espaço para os pedestres e destacou as fachadas
Quem
andou pelas ruas Henrique Martins, Joaquim Sarmento e Lobo D’Almada, no
Centro, Zona Sul, na sexta-feira, surpreendeu-se com um cenário
diferenciado encontrado nas vias, totalmente liberadas dos camelôs. A
retirada das barracas, que ainda divide opiniões de consumidores, agrada
a outros e, especialmente, aos lojistas, que perderam a concorrência
considerada desleal.
Os
defensores da permanência dos camelôs falam da facilidade de encontrar
produtos nas barracas, enquanto outros, como o cantor Zezinho Corrêa,
celebrou o que definiu de redescoberta de uma nova cidade escondida por
décadas. “Agora dá para olhar os prédios, as lojas e passar na rua sem
preocupação de bater nas coisas”, afirmou o cantor.
A
realocação beneficiou 173 trabalhadores do comércio informal das ruas
do entorno da Galeria Espírito Santo, instalada na Joaquim Sarmento. De
acordo com a Prefeitura de Manaus, a medida contemplou os trabalhadores
que mantinham bancas na Henrique Martins, extensão da Getúlio Vargas,
até a rua Instalação. A retirada faz parte do projeto de requalificação
do centro da cidade, prometida pelo prefeito Artur Neto. Com estes, já
são 832 camelôs que “devolvem” as calçadas para a população de Manaus,
informa a Prefeitura.
Para
o aposentado Antônio Martins, 61, no entanto, essa situação só deve
durar enquanto a Prefeitura estiver pagando os camelôs para ficarem nas
galerias. “Eles não terão lucro lá, por isso não vão conseguir
permanecer”, afirmou ele. As irmãs Mirtes e Keyla Tabosa acreditam que
haverá uma queda nas vendas dentro das galerias, porque nas ruas o
acesso às bancas era facilitado, por isso não veem como uma iniciativa
de sucesso.
A
dona de casa Dilanei Henrique Carvalho foi outra que reclamou da saída
das barracas. “Era mais fácil a gente encontrar as coisas, longe assim
ninguém vai comprar nada deles”, disse.
Positivo
Já
para o lojista Welton Pinheiro, a saída dos camelôs representou
visibilidade e aumento nas vendas. “Agora as pessoas olham nossa loja e
entram para comprar”, afirmou ele, que constantemente via roubos
cometidos por assaltantes que se escondiam entre as barracas para atacar
as pessoas. “Era uma zona de risco”, explicou, dizendo que agora dá
para ficar mais tranquilo.
O
cantor Zezinho Corrêa passou pela Henrique Martins na última
sexta-feira e aplaudiu o fato de poder andar livremente e apreciar a
beleza de alguns prédios cuja arquitetura, originária do início do
século passado, estava à mostra. “É uma outra cidade, não tem como não
gostar de ver Manaus recuperando seu visual”, assegurou.
Melhoria das fachadas é proposta
Ao
lembrar que a rua Henrique Martins era grafada sem o “H” e, num tempo
em que as ruas do Centro tinham nomes bonitos, ela já foi denominada de
rua da Lua, a jornalista e historiadora Etelvina Garcia foi outra a
comemorar a liberação da via com a saída dos ambulantes. Para ela, é
fundamental que os ambulantes possam ganhar a vida nessas galerias e
possam deixar a via liberada para a população.
A
Saldanha Marinho era rua da Palma, a Costa Azevedo, Feliz Lembrança e a
Visconde de Mauá, rua do Sol, lembrou ela, feliz com a iniciativa da
retirada dos camelôs. Etelvina propõe que a prefeitura crie condições
para a irreversibilidade dessa situação e crie áreas de convivência no
Centro de Manaus. E que as fachadas possam ser restauradas ou pelo menos
pintadas, assim como as calçadas reconstruídas. “Se pudéssemos dar
condições para que as famílias possam voltar a morar na nossa avenida,
seria maravilhoso”, disse a historiadora.
Programação
Mais
ruas do Centro, como a Eduardo Ribeiro, serão liberadas do comércio
informal. Conforme dados da Prefeitura de Manaus, deverão sair também os
trabalhadores das ruas Saldanha Marinho, 24 de Maio e José Clemente, no
perímetro da avenida Eduardo Ribeiro até a rua da Instalação/avenida
Epaminondas. Já nas ruas Lobo D’Almada e Joaquim Sarmento, vão sair os
trabalhadores que hoje atuam entre a avenida 7 de Setembro e a rua José
Clemente.
Jornal acritica
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