Mulher mais idosa de Itacoatiara falece com 115 anos e deixa seu legado

Dona Luduína Santos, nasceu em 1910 na cidade de Itacoatiara, conhecida como Dona Dudu, que de todas as mulheres itacoatiarenses, sem dúvida nenhuma, foi a mais guerreira, mais resistente e forte que pode existir. Pois não se tem notícia até hoje, que alguma itacoatiarense tenha alcançado 115 anos de existência com a bravura que ela teve! E que lamentavelmente faleceu na madrugado desta terça-feira de 11 de março de 2025, três dias após as comemorações do Dia Internacional das Mulheres e da queda, da última mangueira centenária da orla da cidade, que atravessou séculos resistindo ao tempo, vendo o progresso chegar e passar ao largo. 

E ela estava lá, no tradicional bairro das Pedreiras, altaneira no seu círculo familiar e com as pessoas que sempre lhe foram caras. Essa mulher de perfil nativo e aparência frágil, foi uma guerreira, que combateu o bom combate sem perder a Fé. Herdou a força e a coragem das guerreiras Amazonas, que segundo a mitologia grega, foram mulheres guerreiras que enfrentaram suas lutas com maestria e tenacidade. Foi mãe de 07 filhos e mais de 30 netos e vários bisnetos, sendo uma delas a minha Laurinha, fazendo tudo que foi possível para sustentar sua prole com muita honradez e trabalho, passando por vários momentos significativos da história mundial e local. Resistindo a tudo e a todos. E não poderíamos deixar de nos manifestar sobre os fatos pelos quais Dona Dudu passou. 

Apenas registrando alguns momentos marcantes que passaram por sua história de vida fatos como: a 1ª guerra mundial de 1914, a eleição da Sra. Joana Cacilda Bessa, que foi eleita a 1ª vereadora do Brasil em 1928 no Rio Grande do Norte. Dona Dudu tinha 22 anos de idade, quando aconteceu a fatídica Batalha Naval de Itacoatiara, ocorrida em 1932, a liberação do voto a feminino também em 1932, a eleição da profa. Raimunda Menezes de Vasconcelos Dias, eleita a primeira vereadora de Itacoatiara em 1936, a 2ª Guerra Mundial de 1945, onde o Brasil participou enviando reforços para o front na Itália, inclusive com a participação de alguns cidadãos itacoatiarenses que receberam medalha de bravura, passou pelo momento marcante da liberação feminina com a invenção da pílula anticoncepcional em 1960. 

Também assistiu a mudança da capital federal do Rio de Janeiro, a construção da praça dos três poderes e a inauguração de Brasília em 1960. Assistiu a inauguração da primeira rádio de Itacoatiara, quando inaugurou a Rádio Difusora de Itacoatiara em 1962. Ela estava com 55 anos de idade, quando foi inaugurada estrada Am-010 em 1965, assistiu o processo de reabertura democrática do Brasil em 1983, a eleição do presidente Tancredo neves em 1985, quando houve as eleições diretas, a promulgação da Constituição cidadã em 1988, a construção das pontes do Rio Urubu, também em 1988, a criação da Lei Maria da Penha em 2006, que assegurou direitos protetivos as mulheres. 

Enfim, são tantos momentos e tantas histórias e Dona Dudu, atravessando essa tudo isso como testemunha ocular da história, pela sua luta e sua história e digna desse registro em homenagem ao seu legado de honradez e memória. Adeus a Dona Luduína dos Santos, Dona Dudu para os mais chegados, grande matriarca da família Santos, que por ter santidade até no nome, está no paraíso, no descanso dos justos e merecedores de todo reconhecimento e glória.