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domingo, 29 de junho de 2025

A ETNIA MURA E O PARICÁ

 

Entre os indígenas Mura, como o retratado nessa prancha Setecentista, assim como entre os Mawé, populações originárias da área Madeira-Tapajós, havia o costume de aspiração de um pó feito do parica.


Também chamado genericamente de "tabaco" ou "rapé", é uma substância obtida das cascas e/ou sementes de plantas diversas, do angico-vermelho à bandara e o guapuruvu.

Rituais que envolviam o consumo desse pó, cujos efeitos já foram identificados como semelhantes aos da ayahuasca, parecem ter sido centrar na cosmologia Mawé e foram registrados em detalhe por viajantes e naturalistas como Alexandre Rodrigues Ferreira (1756-1815), em cerimoniais que envolviam a inalação do paricá e outras ingestões:

"Principia a cerimonia dos bacchanaes por uma cruelíssima flagelação: açoitam-se reciprocamente uns aos outros com um chicote de couro de peixe-boi, anta ou veado […1 Acoitam-se de dois a dois, o paciente recebe os açoites de pé, e com os braços abertos, enquanto o flagelante o fustiga à sua vontade; pouco depois passa o flagelante a flagelado, e assim cada parelha segue o seu turno; e nisto consomem oito dias, eles na cerimônia da flagelação, e as velhas na preparação do paricá e dos vinhos de frutas, e do beiju [...]

A virtude narcótica do paricá, o modo de o sorver, e a demasia dos vinhos, obram com tanta violência, que os que não morrem algumas vezes sufocados de tabaco, caem semi-mortos, e caídos ficam até lhes passar a bebedeira.

Passada a primeira, principia a segunda: é de estatuto da festa durar a borracheira tanto quanto duraram os açoites.
" Vale a pena ler mais sobre temas da mitologia, da etnografia e da etnohistória que podem ser identificados através da chamada tábua de paricá no artigo do pesquisador Marcel Mano, na revista ArtCultura (v. 22, n. 40, jan.-jun. 2020) é "Índio Mura inalando paricá" e "Memória sobre os instrumentos de que usa o gentio para tomar o tabaco, Parica".



fonte:

@comerhistoria, 
FERREIRA, Alexandre Rodrigues.Viagem filosófica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1974.

Vereador Arialdo Guimarães homenageia os pescadores pelo seu dia


Neste dia, homenageamos hoje os homens e mulheres que, com coragem e dedicação, tiram do rio o sustento de suas famílias e alimentam nosso povo. Nossa gratidão e respeito aos pescadores de Itacoatiara! 
São os votos do Vereador Arialdo Guimarães

sábado, 28 de junho de 2025

Que dureza, Machado! Uma crônica sobre a imortalidade ferida de morte


Que dureza, deve mesmo estar pensando o velho Machado, lá do alto de seu mausoléu invisível, com os óculos repousando sobre a ponta do nariz etéreo, enquanto acompanha, entre um suspiro e outro, os nomes recém-sorteados, ou melhor, indicados para as cadeiras outrora ocupadas por escritores. Sim, escritores, lembra-te disso, leitor? Gente que escrevia com vocação de ferida e beleza, não com slogans reciclados de rede social.

Machado, se ainda estivesse entre nós, talvez preferisse morrer de novo. Porque o que se vê da chamada “Academia Brasileira de Letras” hoje, já não tem tanto de “letras”, e muito menos de “brasileira”, quanto tem de performance, de liturgia progressista, de autofagia intelectual. É como se a genialidade literária tivesse sido substituída por uma cartilha, e o ofício da escrita, por um atestado ideológico assinado em cartório militante.

A casa fundada por aquele que soube rir da própria desgraça, narrar o Brasil com ironia de bisturi e alma de filósofo, hoje abrigaria, com toda solenidade e nenhuma vergonha, personagens que, se estivessem em seus romances, seriam caricaturas, o engajado afetado, a escritora do ressentimento automático, o acadêmico de redes que escreve mal, mas se posiciona bem. E por “bem”, entenda-se, conforme o algoritmo.

Machado, que fazia da ambiguidade um instrumento de revelação, agora observa, atônito, um tempo em que a ambiguidade virou crime, e o único estilo aceito é o da obviedade uivante. O que era arte de sugerir virou panfleto explícito. E a Academia, aquela que um dia se ocupava da imortalidade da palavra, tornou-se abrigo de vaidades sonoras, de ativismos de ocasião, de egos inflamados e frágeis, cuja única obra relevante é o próprio currículo.

E que currículo, recheado de participações em eventos, de textos opinativos em portais de indignação crônica, de coletâneas lançadas por editoras que não sabem distinguir aforismo de autocomiseração. Escrever bem, para quê? O mérito agora é saber ocupar o espaço certo no discurso correto, dizer as palavras mágicas da seita do momento, pertencer à tribo, acenar ao totem. O estilo morreu sufocado pela etiqueta identitária.

Machado, com sua pena envenenada de lucidez, deve assistir ao espetáculo com aquele sorriso torto de ironia amarga. Não porque fosse reacionário, mas porque era lúcido. E lucidez, hoje, parece coisa fora de moda, talvez até perigosa. Sua literatura, que expunha a alma humana em toda sua torpeza e ternura, daria lugar, hoje, a discursos redentores, a personagens que não erram, pois representam causas, a narrativas em que o bem e o mal já vêm prontos, como lanche embalado.

Que dureza, sim. Porque a imortalidade, Machado sabe, não se garante por eleição. A verdadeira eternidade de um escritor não está na cadeira que ocupa, mas no incômodo que provoca, na linguagem que resiste ao tempo, no espelho que oferece à sociedade, mesmo que ela o quebre. E hoje, quebraram não o espelho, mas o próprio ofício. Jogaram fora a arte de escrever, e puseram no pedestal o direito de estar certo.

É isso, querido Machado. Do além, continue assistindo, mas feche os olhos de vez em quando. Há certas cenas que nem mesmo a ironia é capaz de redimir.



Por: Oliver Harden


A Prefeitura de Itacoatiara, por meio da Secretaria do Interior e Educação, firmou parcerias com o Senai e a Amazonas Energia para levar cursos profissionalizantes e melhorias na rede elétrica às comunidades rurais

Cursos profissionalizantes e melhorias na rede elétrica no interior de Itacoatiara, é garantido da parceira feita entre a Prefeitura, SENAI e Amazonas Energia

Garantindo o desenvolvimento profissional da população e resolvendo os problemas de energia elétrica do município, a Prefeitura de Itacoatiara, através da Secretaria Municipal do Interior, realizou no mês de junho, duas importantes reuniões para levar melhorias aos moradores da zona rural: uma com a Amazonas Energia e outra com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).




Energia elétrica: melhorias a caminho para as comunidades

A primeira reunião aconteceu no dia 11 de junho com a concessionária Amazonas Energia. Representando o município, o secretário do Interior, Leonardo Lopes, apresentou as demandas das comunidades rurais e foi prontamente atendido pela diretoria local da empresa, representada pelos senhores Paulo e Pedro Paulo.

“Apresentamos as necessidades das regiões da zona rural e a Amazonas Energia se comprometeu a iniciar um levantamento técnico para atualizar os transformadores, instalar bancos de capacitores e chaves de desligamento, o que vai amenizar a oscilação de energia nessas localidades. Além disso, eles vão acompanhar a Secretaria do Interior em visitas às comunidades para identificar os pontos críticos e para fazer essa atualização”, detalha o secretário.

Com a parceria, ficou definido que a Amazonas Energia ficará responsável por:
  • Instalação de bancos de capacitores, que estabilizam a tensão da rede elétrica;
  • Implementação de religadores de tensão e chaves porta-fusível, para isolar falhas e evitar que quedas de energia afetem áreas maiores;
  • Poda da vegetação próxima à rede elétrica, ação que já está em andamento na Praia do Arari e será expandida para outras regiões;
  • Substituição de transformadores obsoletos, com base em um mapeamento técnico a ser feito em parceria com a Prefeitura.
“O município de Itacoatiara tem mais de 500 quilômetros de rede elétrica e sabemos que os desafios são grandes, mas estamos buscando soluções reais, com parcerias estratégicas. Esse trabalho conjunto já começou a dar resultados, e isso é fruto do nosso comprometimento”, reforça Leonardo Lopes.



Cursos profissionalizantes e mais oportunidades

A segunda reunião, ocorreu em Manaus, no Senai, no dia 18 de junho, onde o secretário de interior, acompanhado pela subsecretária de Educação, Rosiane Barros, tratou da parceria com a instituição para levar cursos profissionalizantes ao interior do município de Itacoatiara.

Um dos principais avanços foi o compromisso do Senai em disponibilizar um Barco-Escola para atender comunidades ribeirinhas a partir de 2026, o mesmo método que já está sendo levado para municípios como Manicoré e Santa Isabel do Rio Negro.

Os cursos previstos incluem:
  • Manutenção de motor a diesel;
  • Manutenção de motor de popa;
  • Panificação;
  • Costura;
  • Informática básica;
  • Bombeiro hidráulico;
  • Entre outras formações de impacto direto no mercado de trabalho local.
“Estivemos com a diretoria por meio do senhor Rogério, que é o diretor do Senai, nós conseguimos fechar parceria no sentido de trazer cursos profissionalizantes para Itacoatiara, Além do Barco-Escola, firmamos uma parceria para ceder parte da estrutura das escolas, para que eles consigam, com o material e os instrutores, dar os cursos nas áreas que não são banhadas pelo Rio Amazonas”, explicou o secretário.

Através das articulações e parcerias firmadas pela Secretaria Municipal do Interior, a Prefeitura de Itacoatiara segue atenta às necessidades e reafirma seu compromisso com as comunidades da zona rural, buscando soluções concretas para os desafios do interior e ampliando as oportunidades de capacitação e desenvolvimento.


Em nota, o historiador Frank Chaves fez a seguinte declaração: 

O município de Itacoatiara nunca avançou tanto nas políticas públicas do interior e da educação. E o prefeito Mario Abrahim está de parabéns pela competente equipe que dá sustentação ao seu governo, na pessoa do proativo Secretário do Interior Leonardo Lopes, que está desempenhando um excelente trabalho de fortalecimento do interior, da Secretária Vanessa Miglioranza e sub Rosiane Maklouf, que tem protagonizado melhorias significativas da educação municipal em todos os âmbitos, que contam com o apoio do dinâmico diretor do SENAI de Itacoatiara Lineu Lima, que não mede esforços para fortalecer o ensino profissionalizante no município. Pois essa conquista resultante da parceira entre a Amazonas Energia SENAI e Prefeitura, vai levar mais desenvolvimento cultural e econômico e social para a zona rural do município de Itacoatiara, por isso sem dúvida nenhuma, essa iniciativa e digna de aplausos.



fonte:
Assessoria de Comunicação - Prefeitura de Itacoatiara*
Texto: Victória Cavalcante
Fotos: Divulgação/Prefeitura de Itacoatiara
Dúvidas sobre a matéria:
(92) 99478-6324 - jornalista Daniel Abreu /
(92) 98142-7811 - jornalista Victória Cavalcante

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Entenda o que muda após decisão do STF sobre Marco Civil da Internet



O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quinta (26) ampliar as obrigações das plataformas digitais no Brasil ao declarar a inconstitucionalidade parcial do artigo 19 do Marco Civil da Internet.

O dispositivo, em vigor desde 2014, estabelecia que redes sociais só poderiam ser responsabilizadas por conteúdos postados por usuários se descumprissem ordem judicial de remoção.

O julgamento discutiu se essa proteção era excessiva e deixava usuários desprotegidos contra conteúdos nocivos.

Por 8 votos a 3, os ministros decidiram que a regra atual não protege adequadamente direitos fundamentais e a democracia, criando novas obrigações que entram em vigor imediatamente, mas só se aplicam a casos futuros.

A seguir, os principais pontos que mudam no funcionamento das plataformas no país.

LISTA DE CONTEÚDOS GRAVES COM REMOÇÃO OBRIGATÓRIA
  • O STF criou uma lista de conteúdos que devem ser removidos proativamente pelas plataformas, antes de haver determinação judicial:
  • Ataques à democracia e crimes contra o Estado democrático de Direito
  • Terrorismo
  • Induzimento ao suicídio
  • Discriminação racial, religiosa ou por orientação sexual
  • Violência contra mulheres
  • Crimes sexuais contra crianças e pornografia infantil
  • Tráfico de pessoas

As empresas não serão punidas por posts isolados que escapem, mas por "falha sistêmica", quando deixarem de adotar medidas adequadas de prevenção e remoção desses conteúdos.

Segundo a decisão, configura falha sistêmica não atuar "de forma responsável, transparente e cautelosa" na moderação. As plataformas devem usar "os níveis mais elevados de segurança" disponíveis tecnicamente para sua atividade.

A decisão não especifica qual órgão será responsável por avaliar se houve falha sistêmica.

RESPONSABILIZAÇÃO POR NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL

As plataformas passam a ser responsabilizadas após notificação extrajudicial (sem necessidade de ordem judicial) por conteúdos que configurem crimes ou atos ilícitos, com exceção dos crimes contra a honra.

Para crimes contra a honra, como calúnia, difamação e injúria, mantém-se a exigência de ordem judicial para responsabilização, embora a plataforma possa remover o conteúdo voluntariamente após notificação extrajudicial.

A nova regra também se aplica a contas denunciadas como falsas ou inautênticas, que devem ser analisadas após notificação.

Quando uma decisão judicial já reconheceu um conteúdo como ofensivo, suas replicações devem ser removidas por todas as plataformas após simples notificação, sem necessidade de nova ordem judicial.

CONTEÚDOS PATROCINADOS

Posts impulsionados ou anúncios pagos terão responsabilização automática das plataformas, independentemente de notificação.

Como as empresas lucram diretamente com esses conteúdos, o STF entendeu que elas devem verificar previamente sua legalidade. Se o conteúdo for ilícito, a plataforma responde mesmo sem ter sido avisada.

Os provedores ficarão excluídos de responsabilidade se comprovarem que atuaram diligentemente e em tempo razoável para tornar indisponível o conteúdo.

Representante legal obrigatório

Todas as plataformas que atuam no Brasil deverão ter sede e representante legal no país, com poderes para responder à Justiça, cumprir determinações judiciais e pagar multas.

A medida visa facilitar a responsabilização de empresas estrangeiras que hoje operam sem estrutura jurídica no Brasil.

AUTORREGULAÇÃO

As plataformas deverão criar sistemas próprios de canais de denúncia acessíveis a usuários e não usuários, processo de análise de notificações e relatórios anuais de transparência sobre remoções.

APLICAÇÃO

Serviços de email, videoconferência e mensagens privadas (como WhatsApp) continuam seguindo a regra atual, só podem ser responsabilizados após ordem judicial, por estarem protegidos pelo sigilo de comunicações.

Marketplaces seguem respondendo pelo Código de Defesa do Consumidor.

As novas regras valem imediatamente, mas só se aplicam a casos futuros. Processos em andamento e decisões já transitadas em julgado não serão afetados.

O STF também fez apelo ao Congresso para criar legislação mais detalhada sobre o tema.


fonte:

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Centro cultural Velha Serpa, apresenta os melhores momentos da Exposição Raíses, resultante do curso de Expografia.



Os melhores momentos da exposição Raízes: Memórias e Expressões de Itacoatiara? Recentemente, o CCVS foi palco de uma mostra com 14 artistas locais e 19 obras que refletem diferentes momentos de suas trajetórias.

A exposição foi construída durante uma oficina de expografia, proporcionando a todas as pessoas participantes a oportunidade de vivenciar os bastidores de uma mostra, com ênfase em acessibilidade e diálogo com diferentes públicos. Veja os melhores momentos!

O vídeo, é mostrado o interior do Centro Cultural Velha Serpa, onde homens e mulheres de diferentes idades observam as obras expostas nas paredes do local, além de interagirem entre si e com os artistas. Os artistas que participaram da exposição receberam o Certificado do curso de Expografia realizado pela FALM. No decorrer do vídeo, são exibidos os seguintes textos explicativos: FALM apresenta: 14 artistas locais compartilhando memórias, expressões e pertencimento. Apresentação artística: músico Michael Lima. A exposição "Raízes" possui uma expografia coletiva, resultado da oficina ministrada em abril de 2025 no Centro Cultural Velha Serpa, em Itacoatiara- AM.

Durante o vídeo, são realizadas algumas entrevistas com convidados: Jeaninne Tenório - Assistente de Projeto (FALM); Carlos Artes- Artista Plástico; André Niedersberg - Artista Plástico; Amy Gregory- Cantora e Compositora; Eder Gama- Produtor Cultural; Danilo Barreto- Analista de Projetos Sociais (FALM); Frank Chaves - Historiador; Salomão Barros- Presidente da Academia Itacoatiara de Letras; Hálbia Martins- Visitante da Exposição. Fim da descrição.


fonte:

#PraTodosVerem

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Quando um gesto de humanidade supera a tecnologia e o descaso da queles que se dizem autoridades - O caso do fatal acidente ocorrido na Indonésia com a brasileira Juliana que foi resgatada velo alpinista Agam.

 


Agam, que é alpinista e guia na Indonésia, foi quem alcançou o corpo de Juliana e passou madrugada com ela antes que içamento pudesse ser feito.

Voluntário no resgate da brasileira Juliana Marins na trilha do Monte Rinjani, se arriscou por vontade própria e sem ganhar nada em troca, pagou a sua viagem do próprio bolso e pediu desculpas por não ter conseguido trazer a Juliana de volta e que fez o melhor que ele podia.
Durante a entrevista, Agam contou como foi a madrugada que passou no desfiladeiro aguardando amanhecer para que o corpo dela pudesse ser içado. Entre o içamento e a chegada do corpo no hospital, foram 15 horas de trabalho.
"Passamos a noite à beira de um penhasco de 590 metros com Juliana, usando âncoras para não descer mais 300 metros", afirmou. "Estava muito, muito frio."
Agam alcançou o ponto onde o corpo estava quando o dia já tinha escurecido. Então, ele passou a madrugada segurando a vítima no local para que o corpo dela não escorregasse mais. No início, ao se voluntariar para o resgate, Agam declarou que só sairia do local quando a jovem também saísse.



Em um mundo onde tantos têm tanto — dinheiro, tecnologia, poder e pressa —,
foi um homem simples, de pés firmes e alma entregue ao outro, quem fez o que poucos fariam:
descer até onde ninguém ousava.
Com recursos próprios,
vestido de coragem e compaixão,
Agam foi ao encontro da nossa menina.
Adentrou o desfiladeiro profundo, onde Juliana estava caída — e ali ficou.
Passou a noite ao lado de seu corpo,
não apenas para garantir a segurança da operação,
mas para que ela não estivesse mais sozinha.
Como quem diz, em silêncio:
"Você importa. Eu estou aqui."
Na manhã seguinte,
com o céu finalmente claro,
ajudou a preparar seu retorno:
com respeito, honra e dignidade.
Agam não a carregou no colo,
mas a sustentou com sua humanidade.
Com aquilo que o mundo precisa redescobrir: o amor ao próximo —
mesmo quando o próximo é um desconhecido.
E assim, no alto do Monte Rinjani,
foi um homem simples quem nos lembrou
que a grandeza não está na fama,
mas em gestos que tocam para sempre.



Fonte:
Isabeli Mateus...

terça-feira, 24 de junho de 2025

Manaus de antigamente, o charme e a beleza de cidade integrada ao meio ambiente!

 

Manaus antiga honrava o nome de capital do Amazonas. O verde predominava o panorama citadino, a organização urbana, a limpeza e o serviço de manutenção das ruas, fazia parte do caminhar seguro e protegido do sol escaldante dos trópicos dos manauaras. Pelo menos no centro da cidade, praticamente todas, todas as ruas eram arborizadas e cuidadosamente limpas e suas árvores bem podadas em formato de uma cuia de ponta cabeça, valorizando quem sabe, o instrumento de banho mais usado na época, pelas comunidades tradicionais. 

Com o passar do tempo, os proprietários com suas famílias, foram saindo do centro, para ocupar condomínios fechados e absorver a moradia vertical, o que também denota, que com o tempo o centro foi ficando inseguro e desorganizado. E nessa esteira, os novos compradores das casas antigas do centro, com estilo arquitetônico europeu proveniente da bela époque, foram demolindo as casas e construindo lojas, para que seus empreendimentos ficassem mais visíveis e suas placas de propaganda, bem como para dar conta da disputa por um espaço pra estacionamento. 

Assim, foram removendo as árvores paulatinamente. E isso segue até hoje! Sobrando poucas árvores na Av. Eduardo Ribeiro, em torno da praça São Sebastião e o famoso corredor verde da Av. Getúlio Vargas, composto de oitizeiros. Aí como clima mudou, o manauara hoje sofre com o calor extremo. E ao caminhar nas ruas, principalmente do centro, onde se concentra a área lojista da Zona Franca de Manaus, as ruas estão praticamente todas desnudas de verde, são raros os locais de sombra para se abrigar e manter uma temperatura mais amena. 

Os prefeitos e urbanistas do presente, não aprenderam a lição de Eduardo Ribeiro e de outros governantes, que valorizaram o belo e cuidavam do óbvio, que é manter a cidade integrada com o potencial natural de sua região. Manaus não precisa virar Liverpool, precisa ser simplesmente Manaus! Precisa sim é de deixar de ser porto de lenha! Só precisa valorizar sua condição e qualidade de capital da Amazônia, preservando pelo menos o verde absoluto de suas matas, digno de uma cidade cosmopolita e integrada com seu meio ambiente

MACHADO DE ASSIS: O BRUXO DO MORRO, PONTÍFICE DA LITERATURA BRASILEIRA

 

Era no empedrado do Morro do Livramento que brotava, entre a espera humilde e a promessa inquieta, o fulgor de Joaquim Maria Machado de Assis (1839–1908). Filho de um pintor pardo, neto de escravos alforriados, e de mãe açoriana, cresceu num Brasil ainda sob o signo do Império — onde, paradoxalmente, empobrecer era também educar à luta pela cultura e pela dignidade.
Este homem que, no churrasco dos jornais cariocas, denunciará os maneirismos e o cerimonial isento do poder, foi, segundo Antonio Candido, “muito mais nacional do que universal e muito mais universal do que nacional” — o ápice da emancipação literária frente às influências portuguesas e europeias.
Não frequentou Universidade — aprendeu grego, latim, francês, alemão e inglês sozinho; leu nas entrelinhas de Aristóteles e Swift, moldando um estilo nestórico, psicoanalítico e irônico. A erudição de Machado não exibia pompa, e sim refinamento: estilo preciso, prosa contida, até impressionista — tal qual apontou José Veríssimo — e uma oposição firme ao naturalismo pedestre que dominava o setting literário.
Machado não foi revolucionário. Defendia o império como sistema de equilíbrio e civilidade, e venera D. Pedro II — “um homem simples no trono”… que tiraria a fotografia apenas por ordem — mas resistiria bravamente caso tentassem removê-la de seu gabinete ao tempo da República.
Sua obra mescla romântico e causticidade, desde Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), onde inova a narrativa com humor corrosivo e metalinguagem; passando por Quincas Borba (1891) — o Humanitismo — até Dom Casmurro (1899), que joga o leitor no labirinto da dúvida moral.
O Brasil que aparece sob sua pena é o Rio de Janeiro do progresso arquitetônico, da abolição tardia (1888) e da República imposta (1889). Machado, testemunha lúcida dos acontecimentos, não os julga, mas os ilumina com ironia aguda.
Sua cor — parda, testemunha prosaica da mestiçagem carioca… alimentou o viés simbólico de um Brasil mestiço, plural, hermético. Em sua obra, a aparente neutralidade racial revela-se labirinto de identidades e classes sociais. Reginald Daniel, estudioso da obra, aponta a ambiguidade racial que ele simplicava sob sua ironia.
Fundador da nossa casa das Letras, o gênio literário estabeleceu padrões como propósito: “passai aos sucessores o pensamento e a vontade iniciais…”, jurando guiar a literatura com vocação nacional e universal ao mesmo tempo.
Machado é monumento da monarquia intelectual: nasceu no Império, cresceu sem privilégios brancos, forjou-se por autossuficiência e, ironicamente, não abandonou o regime que o viu ascendendo. E sua literatura… sátira calculada, silêncio critico, reflexo da alma humana — marca-nos como exímio levantamento ideológico das tensões entre escravidão, elite, cor e moral no século XIX.
Na monarquia, seu valor foi cultivar cultura; na república, sua obra serviu de ponte entre a tradição e a passagem às modernidades. É, como dizia Harold Bloom citado por críticos norte-americanos, o maior escritor negro — ou pardo — de TODOS os tempos.

Carlos Egert
Presidente-Geral do Diretório Monárquico do Brasil.

Em Itacoatiara, uma mulher assou e comeu seu próprio filho

  

Maternidade maldita! 

Izabel Barbosa Mendes, a mãe amaldiçoada e infeliz que assou num braseiro e comeu seu próprio filho, foi conduzida, domingo último, às 6 horas, para a Colônia de Alienados, na estrada de Flores, onde ficou sob inspeção.

A reportagem de O JORNAL visitou ontem, no hospício, essa desgraçada mulher, ali havendo o nosso companheiro Alexandre Moreno apanhado o flagrante que ilustra estas linhas.

Izabel Barbosa Mendes continha falando amalucadamente, dizendo coisas incoerentes, inclusive que é "Izabel, rainha de Portugal, reconhecida por todos os povos", isso numa toada lânguida que enerva e entristece.

Os seus cabelos foram cortados, de acordo com o regulamento do hospital, e ela trazia, quando a vimos, o uniforme simples das asiladas. A princípio, não queria posar para nossa objetiva. Depois, em face das razões invocadas, acedeu, assumindo essa atitude natural em um canto do terraço que dá para o parque.

A fonte

Se ficou impactado, tenha calma! Essa é a linguagem da matéria jornalística de época, publicada no "O JORNAL" de Manaus em 1932, O matutino foi fundado no contexto da Revolução de 1930 – sua primeira edição circulou em 8 de janeiro de 1930. O periódico se manteve em atividade por décadas e teve grande relevância no cenário local, encerrando suas operações em 1977 .

O recorte da matéria do jornal, foi uma contribuição do caro amigo jornalista e escritor Gaspar Vieira Neto, que é pesquisador desportivo e muito tem contribuído com o resgate da história jornalística do Amazonas e é parceiro do Blog Frank Chaves.

sábado, 21 de junho de 2025

"PERU KUDARI",OS PRIMEIROS IMIGRANTES JAPONESES QUE CHEGARAM À AMAZÔNIA BRASILEIRA.


A imigração japonesa começou oficialmente no Brasil em 1908 quando chegaram ao nosso país os primeiros japoneses que desembarcaram no porto de Santos, em São Paulo, a bordo do navio "Kasatu Maru". Porém nessa mesma época, se tem registro da presença de outros imigrantes japoneses menos conhecidos vivendo no Norte do Brasil, na região Amazônica, e que ficaram conhecidos pelo nome de "PERU KUDARI".
Traduzindo do idioma japonês, o termo quer dizer "descidos do Peru", pois esses pioneiros japoneses que imigraram para a Amazônia Brasileira eram provenientes do Peru, se tornando eles um grupo específico no percurso da imigração nipônica.
Na verdade trata-se de uma parte da história da imigração japonesa no Brasil que ainda se tem pouco conhecimento.

O Peru foi o primeiro país latino-americano a receber imigrantes japoneses que chegaram ao país em 1899 a bordo do navio "Sakura Maru", num total de 790 pessoas que foram trazidos para trabalharem em fazendas de cana-de-açúcar e algodão do litoral peruano. Contudo 143 pessoas dessa primeira leva morreram no primeiro ano, devido a doenças.
Foi quando 91 desses nipônicos resolveram sair da área litorânea e se deslocaram para a Amazônia peruana, atraídos pelo ciclo da borracha e também devido o péssimo tratamento que eles recebiam nas fazendas inclusive com agressões e salários baixos, o que motivou ainda mais para eles se aventurarem e tentarem uma vida melhor no Oriente peruano.

Ao atravessarem a Cordilheira dos Andes os japoneses chegaram à região amazônica, precisamente ao Departamento de Madre de Dios, se fixando eles ao redor da cidade de Puerto Maldonado( próximo da fronteira com o Brasil)onde deram origem a uma atuante colônia que existe no local até os dias de hoje. Passaram eles ali a trabalhar na agricultura, comércio de estivas e exploração da borracha, sendo que depois chegaram no local outras levas de imigrantes compatriotas. Contudo vários deles resolveram se aventurar pelo Brasil, pois a notícia de que havia grande circulação de dinheiro nas cidades de Belém e Manaus, advindo da exploração gomífera, lhe chegaram aos ouvidos.
Sendo assim, os nipônicos saíram do Peru e desceram até a Bolívia, atravessaram os rios Guaporé e Mamoré e chegaram à Vila de Guajará-Mirim, que hoje pertence à Rondônia, onde desde 1902 já se tem registros da presença de japoneses naquela localidade, sendo que um dos que viveram ali foi Shoichi Genba (que em 1922 migrou para Belém).Outros rumaram para o Acre e depois foram para a capital do Amazonas e, mais adiante, chegariam à capital do Pará.

Em Rondônia, além de Guajará-Mirim, outros japoneses se dirigiram, a partir de 1907,para trabalharem na construção da estrada de ferro Madeira- Mamoré.
No Acre o "Peru Kudari" mais conhecido foi Issao Furuno que chegou ao território em 1920 com 20 conterrâneos, vindos da cidade boliviana de Cobija. Daquele grupo somente Issao ficou em torrão acreano, se fixando na capital Rio Branco, enquanto os demais seguiram para o Amazonas e Pará ou voltaram para a Bolívia. Também havia no Acre, nesse período, o japonês Hiderijo Tanaka, que se tornou proprietário de um seringal chamado Amapá.

OS JAPONESES EM BELÉM E MANAUS E A CRISE DO CICLO ECONÔMICO DA BORRACHA
Em Manaus os japoneses se dedicaram ao comércio ambulante, pintor de paredes, construção civil,cozinheiro, etc.Como exemplo um japonês que colocou um anúncio num jornal de Manaus, em 1912,se oferecendo para trabalhar de cozinheiro em algum Restaurante ou Hotel da cidade.
Mas em 1909 aconteceu um crime em Manaus quando o alfaiate japonês Shimokaua Kunikuti matou acidentalmente, com um tiro de revólver, um amigo paraibano no quarto do hotel em que estavam hospedados.

Entre alguns dos"Peru Kudari"que residiam nessa época no Estado do Amazonas se tinha Masahiko Matsuhita, Temunaike Karano, Genzaku Ushida, Kazuma Takahashi, Kihachi Daian, Tanobo Morebe, Takeo Yamashita,Shiro Oka, Tadashi Yamashita, Shimokaua Kunikuti, Jusaku Fujita, Toshio Suwa, Oishi Yamane, Takeichi Yamane, entre outros. Inclusive vivia na capital amazonense um famoso japonês praticante e professor de artes marciais chamado Soishiro Satake, que não tinha imigrado do Peru.

Mas com a crise da queda do preço da borracha, a partir de 1913,e a falência de empresas locais na Amazônia peruana, os japoneses que trabalhavam nessas empresas acabaram sendo dispensados de seus serviços. Agora sem perspectivas uma parte deles decidiu ir para a Bolívia enquanto outros japoneses resolveram atravessar novamente a fronteira e ir para o Brasil, chegando primeiramente no Acre e logo em seguida navegando eles pelo rio Madeira e indo tentar a sorte na área amazonense e paraense pois para ali já haviam imigrado, anos antes, outros "Peru Kudari".

Talvez um outro motivo da ida deles do Acre e da zona que hoje é Rondônia para outros pontos da Amazônia, além da questão econômica, seja também o medo de contrair doenças tropicais que muitas vezes era fatal para o enfermo, pois no ano de 1919 se tem a notícia do falecimento de dois japoneses em Porto Velho devido eles terem contraído tais doenças: um chamava-se Mieno Natugui (empregado da empresa Madeira-Mamoré Company) e o outro, de nome desconhecido, faleceu de malária no hospital da Candelária.

Já em Belém se tem registros da presença dos primeiros "Peru Kudari" na cidade em 1916,se afirmando que o primeiro que se estabeleceu em definitivo no local foi Shosuke Takahashi. Porém alguns dos demais japoneses que residiam na capital do Pará eram o casal Ito Kawamoto e Kyohachi Kawamoto, Tadaji Iwanaga, Issamu Hongo, Ysuji Eguchi,Yoshisuke Nishihara e Shoichi Genba, além do lutador Mitsuyo Maeda (que diferente dos outros, não tinha vindo ao Brasil como um imigrante).Haviam em Belém, em 1926,oito famílias japonesas residindo na cidade.

Quando o embaixador japonês Hichita Tatsuke chegou à Belém do Pará, em abril de 1926,para tratar do início da imigração japonesa oficial para a Amazônia(que começaria três anos depois), uma comissão de japoneses moradores na capital paraense foi recepcionar o embaixador no porto, a bordo do navio a vapor "Affonso Pena", que eram na verdade os já mencionados "Peru Kudari" que haviam se estabelecido na cidade anos atrás.

CONCLUSÃO
Embora a imigração desses pioneiros nipônicos que saíram de solo peruano para se aventurar no Norte do Brasil tenha sido pequena, assim como não foi organizada por políticos ou companhias de trabalho, sua trajetória ficou registrada na história nortista pois vários deles se estabeleceram por algum tempo na região e depois migraram para outros estados do país, enquanto os restantes permaneceram e acabaram se fixando em definitivo na região amazônica.

Não se tem um número preciso, mas estima-se que cerca de 500 japoneses "Peru Kudari" chegaram à Amazônia brasileira desde os primeiros anos do século XX até a década de 1910.
A imigração japonesa para a Amazônia Brasileira começou oficialmente em 1929,patrocinada e organizada pelos governos dos estados do Norte do Brasil, quando chegam à região a primeira leva de nipônicos que se estabeleceram no Pará (Tomé-Açu) e no Amazonas (Maués e Parintins),introduzindo eles nesses estados o cultivo da pimenta-do-reino e da juta.

Mas, como bem explicam as fontes históricas, o pioneirismo de imigrantes do Japão em terras amazônicas de nossa nação coube mesmo aos que vieram do vizinho país andino, cuja imigração teve menos impacto na região com relação a que houve posteriormente.
Na imagem, se tem a representação de um grupo de "Peru Kudari" em alguma parte da Amazônia no início do século XX.

FONTES: Gaspar Vieira Neto, in. Jornal do Commercio, livro "70 anos de imigração japonesa na Amazônia ",de Yoshio Maruoka.