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sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Colégio Estadual do Amazonas: quem desaba somos nós - Artigo de José Ribamar Bessa Freire


Toca o telefone. É de Manaus. Ouço gemidos? A voz embargada do médico Ivan Meneghini atravessa mais de 4 mil quilômetros e chega a Niterói carregada de tristeza:  

 O nosso Ginásio Amazonense está desmoronando.         

Fez-se um silêncio ensurdecedor. É compreensível. Falar o quê? Dói. Afinal, foi lá no Colégio Estadual do Amazonas (CEA), com mais de 150 anos, que ambos cursamos, ele o Científico, eu o Clássico. Criado em 1869 como Lyceu e depois Gymnásio Amazonense Pedro II, o prédio de estilo neoclássico inaugurado em 1886 exibe fachada simétrica, frontão triangular e imponente pórtico em cantaria de pedra de Lioz. Tombado como patrimônio histórico do Amazonas em 1988, agora agoniza.

Já seria crime inominável deixá-lo em ruínas: escadas, assoalho, janelas e esquadrias de madeira apodrecidos, livros danificados por goteiras na biblioteca, rede hidráulica e elétrica em pandarecos, riscos de incêndio, sanitários entupidos, paredes descascando, cupins no porão, mato e erva daninha na fachada e no teto que ameaça desabar. Mas o mais grave é que seu valor não é apenas material, vale mais porque guarda tesouro imaterial: as digitais de inúmeras gerações de professores, alunos, bedéis, inspetores, zeladores, faxineiros.

Quantas histórias narradas pelo prédio, que arquiva “lembranças tatuadas nos olhos do tempo”, como cantou o poeta Farias de Carvalho, nosso professor de literatura. Da mesma forma que para Flaubert “Madame Bovary c´est moi”, o Colégio Estadual sou eu e todos que por lá passaram.  Quem desaba com ele somos nós.

Lugar de memória

Foi palco de eventos artísticos, torneios esportivos, festas juninas, quermesses, formaturas, trotes, desfiles cívicos com farda de gala e banda marcial, que lhe conferiram uma aura simbólica. Salas, escadas e corredores guardam afetos, emoções e recordações de convivência, que tecem nossa identidade coletiva. No conceito do historiador francês Pierre Nora, o prédio é “lugar de memória”, uma entidade viva e que, no caso, agoniza e pode sepultar com ele nossas saudades indormidas, nossos “sonhos alados” e os vestígios de nossos passos.

– Dos passos que foram dados, nem marcas restam no chão – lamenta o poeta Ernesto Penafort, que entrou sorrateiramente no meu sonho.

Depois de insônia causada pelo telefonema do meu cunhado, sonhei de olhos abertos que, munido da espada do quinto mosqueteiro, subia as escadarias do CEA. Lá dentro, o “poeta do azul”, o ex-ginasiano Penafort, me serviu de guia. Cruzamos com fantasmas. Não eram assombrações, mas espectros do bem, sombras envoltas em nuvem de vapores densos pertencentes a diferentes gerações, que viveram anos fundamentais de suas vidas naquela que, durante décadas, foi a única instituição de ensino público do Amazonas.

– Olha quem está ali – gritou Penafort ao entrarmos no ano 1930.  

Era o aluno Mário Ypiranga com a farda de grosso cáqui cinza-escuro e o escudo do CEA – um castelo de metal. Com seus colegas, resistia na “revolução ginasiana”, quando as salas do prédio foram invadidas por soldados da Polícia para prender estudantes que haviam “morcegado” bondes. Muitos presos, alguns feridos. No dia seguinte, os ginasianos foram às ruas, colocaram pedras e passaram sabão nos trilhos dos bondes, que descarrilharam. A manifestação criou um caos tão grande, que mudou a vida política do estado.

O Diretor Geral de Instrução Pública, Agnello Bittencourt, pediu demissão em agosto de 1930, alegando que “não podia continuar a servir uma administração que autorizara o vandálico tiroteio de um templo, sendo eu parte de seu corpo docente”.  O governador Dorval Porto foi deposto em outubro. O aluno Mário Ypiranga vibrou.

Amor e memória     

A desavença com a polícia continuou.  Dez anos depois, encontramos dentro do prédio a sombra do menino Thiago de Mello, que cursava a 5ª série e narrou outra manifestação da “revolução ginasiana”, a de 1940. A cavalaria da Polícia, com uma pinimba histórica contra os alunos, invadiu uma vez mais o espaço do CEA diz-que para manter a ordem numa quermesse realizada em suas dependências. Os estudantes realizaram uma passeata e, com apoio popular, apedrejaram as casas do chefe de polícia e de políticos corruptos.

– Está tudo no jornal O Castelo do Grêmio Estudantil, mostrando como o CEA sempre se posicionou diante dos acontecimentos políticos locais e nacionais – disse Thiago, que repetiria já adulto essa conclusão no livro Manaus, Amor e Memória no qual entrevista os protagonistas desses fatos.

Thiago apresentou as sombras de alguns colegas. Raimundo Castro, o “Cavalo Velho”, puxava de uma perna, tinha cicatriz no rosto e uma mãe que um dia convidou o futuro poeta a comer supimpa rabada de agrião e suculento refresco de taperebá. José Lindoso tão distraído calçava um sapato de cor diferente em cada pé. No momento em que Thiago dizia que todos os professores eram catedráticos concursados, o Cangalha, chefe-geral de disciplina, tocou a campainha para anunciar o início da homenagem a Vivaldo Lima, já aposentado.  

– Vamos escutar o que o Vivaldo vai falar – disse Penafort.

A sombra daquele que viria a ser nome de estádio de futebol, em seu discurso, deu três sábios conselhos: 1) Quem não conhece os bairros pobres de Manaus, que os visite para aprender com a vida deles; 2) Sempre vale a pena defender a verdade, mesmo que no começo a gente pareça perder; 3) Fiquem sempre do lado daquilo que é justo e correto.

Pescador de memória

O relógio dispara celeremente ano após ano e as sombras se revezam. Paramos em 1963 ou 1964 em uma sala com cheiro do perfume Bond Street. Uma voz dava aulas de história geral sobre Maomé ou o Império Gupta, não lembro bem.

– Bom dia, jovens! – saudou o fantasma que soltava fumaça de cigarro Hollywood pelo nariz. Ele se aproximou e me colocou um óculos de grau. Comecei a ver tudo com nitidez. Era o professor de História, Manoel Octávio, que nos abriu os olhos para o mundo. Na sala alunos que já partiram: Lana de Lys, Ilmar Faria, Flávio Farias, Djalma Limongi, Glória Bezerra. Outros vivos: Helenice Garcia, Henriette Cordeiro, Lenita Arone, Arabi Amed, Ceronir Freire, Denise Benchimol, Tereza Porto Melo, Yedda Guerra, Paulo Jacob.

No mesmo ano, em outra sala, Farias de Carvalho, fundador do Clube da Madrugada, tal qual “um pescador debruçado sobre a superfície silenciosa desbotada do rio da memória” retirava do seu Baú Velho lembranças e reminiscências ali armazenadas. Declamava uma aula aplaudido por Tenório Telles, um ginasiano honorário:

“Meus mortos hão de vir no fim da tarde. / Aguçai vossos dentes, cães do tempo, / vamos comer a morte no crepúsculo”.

Para jantar a morte, fizemos romaria sala por sala. Lindalva Mota, apelidada de “Por-conseguinte-então”, ensinava lógica, silogismo, premissas. Cônego Walter comprovava que “filosofia é a ciência com a qual ou sem a qual, a gente fica tal e qual”.  Na aula de inglês, Miss Bell canta com voz gasguita God bless America, my home sweet home e jura que a democracia está no DNA dos EUANa turma de francês, o professor Miguel Duarte garante que “le lion est le roi des animaux” e capacita os ouvintes para se relacionarem com os bedéis.

Triste epílogo

Hoje inexiste funcionário denominado bedel. Mas no sonho focado nos anos 1960, Penafort conversou com bedéis que circulavam pelos corredores, entre eles Pierre Pirroquê, apelido afrancesado de Pedro Piroca, cujo irmão mais velho era Paulo – o Pirocão e o caçula Saulo – o Piroquinha, apelidos dados não por razões de grandeza anatômica, mas pela ordem de chegada ao mundo.

O chefe dos bedéis era seu Henrique, que viveu 95 anos e morava em uma edícula no terreno nos fundos do ginásio, onde criava um bode fedido de nome Castelo, mascote nas paradas cívicas de 5 e 7 de setembro. O bode com “farda de gala” abria o desfile, seguido por uma pessoa com síndrome de Down – o Bombalá considerado pelo preconceito da época como “doidinho”.  Vestido com calça “pega-marreca”, ele usava um cabo de vassoura como batuta e regia a banda marcial.  

Os protagonistas de muitas histórias estão no livro Gymnasianos de Osiris Silva, que foi presidente do Centro Estudantil Plácido Serrano em 1963. Lá ele discorre sobre os concursos literários, de oratória e de júris simulados e menciona esse humilde locutor que vos fala:

– Foi no concurso de contos que o Ribamar Bessa ganhou o primeiro lugar com o conto “Triste Epílogo”, tendo recebido uma caneta em solenidade simples”.

O título parece antecipar o triste desenlace do prédio. Se ele cair, lembranças como essas serão sepultadas sobre os escombros. A ameaça é real. O sinal de abandono é visto de fora pela vegetação que se espalha pelo teto. A natureza retoma o seu lugar diante da humana negligência – ironiza Felix Valois, ex-ginasiano. 

– “O que o governador Wilson Lima está esperando para restaurá-lo? Que o teto e as paredes caiam sobre a cabeça de estudantes e professores que há anos vêm pedindo socorro por conta do avançado grau de deterioro e insegurança?” – pergunta a professora de História e sindicalista Gleice Oliveira.

Talvez o governador bolsonarista Wilson Lima – o Vil Son – esteja praticando o “prediocídio” para apagar essas histórias, especialmente a da “revolução ginasiana” que derrubou o governador Dorval Porto. Ele confia na impunidade. Afinal, durante a pandemia comprou ventiladores hospitalares inadequados para o tratamento de pacientes com Covid-19, com sobrepreço de 133,67%, segundo o Ministério Público. Quem vendeu – pasmem – foi uma Adega de Vinho. Os ventiladores tomaram um porre e nada aconteceu. Os tempos agora parecem ser outros.

Estudantes do Colégio Estadual, o prédio vai cair se não houver reação. Mobilizem-se.

Ah! Tempo, tempo malvado. Tempo, você está nos enganando?

Referências

Agnello Bittencourt. Dicionário Amazonense de Biografias. Vultos do passado. Rio. Conquista. 1973.

Tenório Telles. Clube Madrugada. Presença Modernista no Amazonas. Manaus. Editora Valer. 2024

Thiago de Mello. Manaus: Amor e Memória. 4ª edição. Manaus. Editora Valer, 2004

Osiris Silva. Gymnasianos. Manaus. Editora Cultural. 20


Por: José Ribamar Bessa Freire*

02 de setembro de 2025

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Após 22 anos, a Câmara Municipal de Itacoatiara lança Edital de Concurso Público 001/2025


A Câmara Municipal de Itacoatiara anunciou, nesta quarta-feira (10), o lançamento oficial do Edital de Concurso Público 001/2025, marcando um momento histórico para o município. O último certame da Casa Legislativa havia sido realizado há 22 anos.

O concurso oferecerá vagas para os seguintes cargos:

Analista de Controle Interno – 02 vagas

Assistente Técnico Legislativo – 08 vagas

Auxiliar Técnico Administrativo – 05 vagas

Agente de Segurança Legislativo – 07 vagas

Copeiro – 04 vagas

Motorista – 02 vagas


Período de inscrições: 22 de setembro a 13 de outubro de 2025.

Edital completo disponível no site: https://inbrasp.org/index.php?menu=concursos&acao=ver&id=684


Durante o ato simbólico no plenário, o presidente da Câmara, vereador Arialdo Guimarães, acompanhado dos demais parlamentares, destacou a importância do certame:

“Este é um marco histórico para o nosso município, pois há 22 anos não se realizava um concurso público na Câmara. O concurso visa fortalecer a estrutura administrativa da Câmara Municipal, garantindo a seleção de profissionais qualificados por meio de critérios técnicos, reafirmando nosso compromisso com a eficiência e o bom funcionamento do Poder Legislativo”.

O edital representa uma grande oportunidade de ingresso no mercado de trabalho, reforçando o papel da Câmara como instituição comprometida com a transparência, a legalidade e a valorização do serviço público.

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Conheça a história de Teresa Cristina, a santinha itacoatiarense.

Túmulo de Santa Teresa Cristina, no Cemitério de São João Batista, em Manaus.

Teresa Cristina Baltazar Nabullsi (29 de abril de 1964 - 28 de abril de 1971) é a santa popular mais jovem de Manaus. Filha de mãe católica e pai muçulmano, nutria grande interesse por assuntos religiosos. No ano de 1971 faleceu em um acidente aéreo no Aeroporto de Ponta Pelada. A mãe de Teresa, sobrevivente, tentou ajudá-la, mas ela morreu carbonizada entre os destroços da aeronave.

Passados seis meses após o desastre, sua mãe, dona de uma pensão no Centro, recebeu a visita de um imigrante, sem dinheiro, que pediu para ficar hospedado. A senhora lhe acolheu. No outro dia, esse hóspede foi até a casa da família de Cristina para acertar os detalhes da hospedagem. Chegando no local, viu um quadro da criança e perguntou quem ela era. A senhora disse que era sua filha. Ele disse que foi aquela criança que o guiou até a pensão. A mãe de Teresa disse que isso era impossível, pois há meses a criança morrera em uma acidente aéreo. Curiosa, ela perguntou onde a encontrou. Ele disse que encontrou Teresa brincando na rua, perto de uma casa velha.

O local descrito era a antiga residência da família, abandonada após o acidente. O boato de sua aparição se espalhou rapidamente pela cidade. Um outro hóspede, com uma doença degenerativa que estava lhe tirando a visão, fez orações a Teresa Cristina, sendo curado. Nos dias de hoje, seu túmulo é bastante visitado por pais acompanhados de seus filhos e por membros de sua família, que deixam pirulitos, bombons, refrigerantes e brinquedos como pedidos de intercessão e em sinal de agradecimento. (SANTOS, 2008)

Eu conhecia a mãe da Tereza Cristina, que fazia parte da minha família, que se chamava Terezinha. Minha avó tinha um retrato dela grande na sala de sua casa e sempre fazia preces pra ela. Acho que fez até algumas pra mim enquanto estudante para eu ser bem sucedido nos estudos. Sua mãe Terezinha, contava com aflição a morte trágica de Cristina, que morreu queimada em um acidente aéreo, com destino a São Paulo. Onde houve uma pane no avião, ainda na pista do aeroporto de Manaus. E ainda conseguiram para o avião em chamas e muitos se salvaram. Mas Cristina que estava ao lado da mãe, ficou presa com o cinto do avião, que desesperadamente sua mãe, tentou tira-la más não conseguiu e foi retirada com queimaduras em todo o corpo, seu rosto e braços era visível as marcas.

Ela dizia que queria ter morrido abraçada com a filha, mas alguém a puxou com força do local do incêndio e atirou do avião, para salva-la e a menina linda de 7 anos, não teve a mesma sorte e faleceu. O acidente comoveu Manaus na época e sua mãe Terezinha ficou conhecida pelo sofrimento que carregava. E que depois, transformou o sofrimento em luta em favor de crianças doentes, dos mais pobres e necessitados em memória da Santa Terezinha.

Ainda visitei sua casa no Japiim, onde sua mãe mantinho o quarto de Cristina, intacto, como se ela ainda viva fosse, tudo preservado, com sua cama arrumada, com o quarto acarpetado com pelúcia e suas sandálias postas debaixo da cama, como se ela fosse chegar a qualquer momento e calça-las. Com a família, fui quando garoto, no inicio da década de 80 ao São João Batista visitar o seu jazigo e era esse mesmo da fotografia. E já se falava na época dos milagres, que tinham o mesmo público da Itelvina, com presença marcante de alunos e mães pedindo bençãos para seus filhos passarem de ano e cura de doenças infantis.

E colocavam muitos cadernos, livros, bombons e até dinheiro no jazigo. Lembro que a Terezinha recolhia e repassa para a paróquia da região. Ela tinha muitos seguidores e recebia doações, que ela também repassa para obras de caridade. Depois que a Terezinha, mãe da Tereza Cristina morreu, o jazigo ficou desassistido, pelo que pude perceber. Pois ano passado fui a procura de outro jazigo de um ente querido da minha família no São João Batista. E fui visitar o jazigo da Cristina e notei que não recebia uma manutenção há muitos anos, lamentavelmente, mas que percebi, que ainda recebia flores e algumas oferendas. Ao ver o local fiz uma viagem no tempo.

Depoimentos:

Me chamo Georgete Mubarac, sou natural de Itacoatiara e convivi com a Teresa Cristina, meu pai era Patrício de seu pai, ambos libaneses, lembro de passear de bicicleta com ela, após a tragédia, viemos a Manaus, meu pai, minha mãe e eu para visitar D. Teresa (sua mãe) que perdera não só a filha, seu marido também morreu no acidente daquele avião que incendiou, lembro de seu corpo com sequelas por conta das queimaduras. Seus pais tinham uma pequena pensão na rua Dos Andradas aqui em Manaus. Todas as vezes que meu pai precisava vir a Manaus, ficava hospedado lá, ele sempre me trazia por ser a única filha mulher e porque tinha a Teresa Cristina para brincar, ela era a única filha mulher da D. Teresa. Minha família ficou abalada com essa tragédia. https://www.instagram.com/georgete.mubarac/

Eu fui várias vezes aí, no cemitério São João Batista com minha avó materna, todas as segundas feiras. Conheci a mãe de Teresa Cristina. Enquanto minha avó ia ao cruzeiro ascender velas às " almas penadas ", eu ficava no túmulo de Teresa. Temos que aprender a respeitar o que cada um acredita...se não acreditarmos, o viver se tornará mais difícil do que está. Paz e Luz para todos, inclusive para os que já partiram antes de nós! https://www.facebook.com/jacqueline.taketomi?comment_id=Y29tbWVudDoxMjQ0MTYxNjM2ODIyMDk2XzU4MzgxODQzNDIyNzExNA%3D%3D&__cft__[0]=AZWdzvAbYVVwuKJelh-7QA-xRFXi-ApH_WCUEVSjL20w72FJRZsmuyrCndsp3Bql3wRBazTJTf6d5Oq2dflwcRzYlt1vhEwBAyv5Hnm_0tM8aYN9sObnw7AjxrWXPBROsZPbRPzBARSlEbNIaOyh9j3ilOZsMfeh6Lgh8pYaE_UDYg&__tn__=R*F

Fiz promessa pra Telvina! Precisa de muita nota pra passar do segundo ano e acredite, passei e nem fui pra recuperação. No outro ano, estava lá pagando minha promessa! Meu caderno já esteve entregue em seu túmulo. https://www.instagram.com/isabellevalois/

Minha mãe trabalha na rua major Gabriel esquina com a boulevard, onde ficava o prédio da Semef, ela me levava pro trabalho dela quando eu tinha uns 11 anos, sempre ia no túmulo da Teresa Cristina brincar com as bonecas dela, passava o dia brincando lá, era muito legal, fiquei quase um ano nessa rotina de segunda a sexta pela parte da manhã, pela tarde eu ia pra escola, certo dia eu furei meu pé no prego enferrujado e não falei nada pra minha mãe, fiquei muito mal febre alta, nesse dia me lembro muito bem que a Teresa ficou do meu lado sempre, brincava muito com ela, minha mãe descobriu um vermelhão no meu pé e viu a furada do prego, ela me levou pro hospital, estava infeccionada, graças a Deus que deu tempo de tomar as vacinas pra tétano e os antibióticos, em fim estou aqui pra contar minha experiência te ter visto a Teresa Cristina, ficou todo tempo do meu lado quando eu estava doente, minha mãe falou que eu ria muito e chamava o nome da Teresa quando eu estava com febre 😍 ela me ajudou e ficou comigo, acho que eu tinha uns 12 anos. https://www.instagram.com/sarrandramamede/

Curiosos e fiéis vão à sepultura da menina todos os anos. Segundo Lígia Lopes, de 39 anos, "a menina é realmente uma santa". "Venho aqui rezar por esta criança todos os anos. Minha irmã sofria de depressão, e pedi que Terezinha curasse a doença dela. Hoje minha irmã está bem. Tenho certeza que ela levou meu pedido a Deus", relatou. G1 - Fiéis homenageiam mortos considerados milagrosos no AM - notícias em Amazonas

De acordo com o Jornal do Commercio o nome da criança constava inicialmente na lista de feridos. O avião acidentado era um DC6 matrícula FAB2414. https://www.instagram.com/frger_1/

Minha mãe estava neste avião e lembra dela sempre fala sobre ela no avião. https://www.instagram.com/finkpordentro/

Quando criança conheci dona Tereza mãe dela... se dedicava a cuidar de tudo q a filha deixou, inclusive o túmulo q está abandonado e mal cuidado... 😢 triste https://www.tiktok.com/@eritoncruz1204

Eu toda vez que vou no cemitério São João Batista eu asendo vela para ela 🥰🥰 https://www.tiktok.com/@ronyperes35763

Conheço o túmulo dessa criança fica perto da quadra do túmulo do meu pai, realmente sempre tem lembranças e velas acesas no túmulo dela https://www.tiktok.com/@soniamariasantos483

A mãe de Tereza Cristina ,já falecida chamava-se Tereza e era madrinha de meu filho mais velho https://www.tiktok.com/@user3806721016581




FOTOS:
Fábio Augusto de Carvalho Pedrosa.

FONTE:
SANTOS, Fabiane Vinente dos; MAIA, Jean Ricardo Ramos. Hagiografia de cemitério: História social e imaginário religioso nas canonizações populares em Manaus. Os Urbanitas, SP, v. 5, 2008.

E Frank Chaves

Você sabia que o Estado do Amazonas já foi do Pará? Entenda a independência e o feriado de 5 de setembro!

 

5 de setembro: o dia em que o Amazonas se tornou independente do Pará. — Foto: Divulgação/Governo do Amazonas

Há 175 anos, o Amazonas deixava de ser subordinado ao Pará e se tornava uma província com autonomia administrativa, abrindo caminho para sua história e desenvolvimento.


  • Em 5 de setembro de 1850, o Amazonas deixou de ser subordinado ao Grão-Pará e se tornou oficialmente uma província do Império.

  • A emancipação ocorreu em meio a conflitos e desafios.

  • O desejo de emancipação recebeu apoio de deputados provinciais e do parlamento.

  • A criação da província também abriu a navegação do Amazonas a navios de outros países.

  • Com a nova província, o Amazonas passou a se integrar mais ao comércio internacional.



Durante décadas, o Amazonas viveu subordinado ao Pará, sem poder decidir seus próprios rumos. Em 5 de setembro de 1850, essa situação começou a mudar. A data, que passa despercebida para muitos brasileiros, é celebrada no estado como marco de sua emancipação política: foi quando o território deixou de ser subordinado ao Grão-Pará e se tornou oficialmente uma província do Império.


Nesta sexta-feira (5), o g1 relembra os 175 anos desse momento e mostra como o Amazonas conquistou voz própria na história do Brasil.


A emancipação ocorreu em meio a conflitos e desafios. Após a sangrenta Revolta da Cabanagem, que matou cerca de 25% da população local, o governo imperial, temendo perder o controle da região, passou a considerar a divisão do Pará.

O desejo de emancipação recebeu apoio de deputados provinciais e do parlamento. Em 1850, Dom Pedro II sancionou oficialmente a criação da Província do Amazonas, marcando o início de sua trajetória, segundo o escritor e pesquisador Roger Perez.

"Em 1850, nós éramos politicamente subordinados à Província do Grão-Pará, sujeitos às suas decisões e vontades. Isso ia contra o desejo natural do povo amazonense de tomar as rédeas do próprio destino. Mesmo antes do ciclo da borracha, já sonhávamos com nossa autonomia política. Queríamos decidir nossos próprios rumos, tanto administrativos quanto políticos", disse Perez.

O projeto contou com apoio dos deputados provinciais e senadores, que também discutiam a emancipação do Paraná. Na época, políticos paraenses apoiaram a criação da nova província.


O projeto contou com o apoio dos deputados e senadores, que discutiam também a emancipação do Paraná, além da do Amazonas. — Foto: Semcom

"Esse avanço só foi possível com apoio político. O deputado Tavares Bastos, da Assembleia Provincial, foi um dos articuladores que ajudaram a viabilizar a separação. Ao lado dele, se destacou João Baptista de Figueiredo Tenreiro Aranha, paraense que defendeu a criação do Amazonas", explicou.

Após a análise do Congresso, Dom Pedro II sancionou a lei que criou o estado do Amazonas em 5 de setembro de 1850. No entanto, a proposta só saiu do papel dois anos depois.

"Era um anseio muito antigo que nós realmente obtivéssemos a nossa independência do Pará. Então foi muito celebrado. A partir daí, um novo horizonte se abriu para a antiga Capitania do Rio Negro. Foi uma nova vida, realmente. É por isso que é tão celebrado, tão lembrado, porque na verdade é o antes e o depois. É antes de 1850 e depois de 1850. Tudo foi muito diferente a partir de 1850 para nós. A Manaus de 1850 era uma, a Manaus de 1900 era outra. Completamente diferente", disse Perez.

A criação da província também abriu a navegação do Amazonas a navios de outros países. Antes, o governo de Dom Pedro II restringia a circulação de embarcações estrangeiras, por interesse econômico ligado ao ouro, à borracha e às riquezas naturais da região.

Com a nova província, o Amazonas passou a se integrar mais ao comércio internacional. Produtos e mudas deixaram de ser contrabandeados, e a borracha pôde ser exportada legalmente. Isso impulsionou o desenvolvimento econômico e a circulação de riquezas no estado.


Amazonenses celebram a data como um momento de reflexão e orgulho. — Foto: Michael Dantas/SEC-AM

Hoje, os amazonenses celebram a data como momento de reflexão e orgulho. A comemoração lembra o que o estado foi, o que se tornou e o que ainda pode ser. É uma homenagem à história, à identidade do povo e às conquistas que moldaram o Amazonas, inspirando novas gerações a construírem o futuro da região.

"É uma data que marca a nossa história, que lembra quem somos e de onde viemos. Por isso, celebrar essa data é celebrar a memória do nosso povo, as nossas raízes", concluiu Perez.



Por Matheus Castro, g1 AM — Manaus

 

Itacoatiara novamente na tela internacional!




Novo documentário do amazonense Sérgio Andrade, ‘Itacoatiaras’ será exibido na Suécia e no Festival do Rio


O cineasta amazonense Sérgio Andrade, conhecido por filmes como – A Floresta de Jonathas e Antes o Tempo não Acabava, assina seu primeiro longa documental ao lado da artista carioca Patricia Goùvea. Intitulado Itacoatiaras, o filme terá estreia brasileira em outubro, durante a 27ª edição do Festival do Rio, dentro da mostra O Estado das Coisas | Especial COP 30. O evento acontece de 2 a 12 de outubro de 2025.

Antes da exibição no Brasil, o documentário será apresentado ao público internacional no 11th Panorámica – Stockholm Latin American Film Festival, na Suécia. Em Estocolmo, Itacoatiaras encerra o festival no dia 28 de setembro, seguido de um debate com a diretora Patricia Goùvea, mediado pela artista sueco-brasileira Isabel Löfgren.

Com 73 minutos de duração, a obra estabelece um diálogo entre dois territórios com o mesmo nome: o bairro de Itacoatiara, em Niterói (RJ), e o município de Itacoatiara, no interior do Amazonas. O filme aborda ancestralidades indígenas apagadas pela colonização, a especulação imobiliária e as fragilidades ambientais do Brasil, compondo uma narrativa que conecta passado, presente e futuro.

Produzido pela Rio Tarumã Filmes, de Manaus, em parceria com a Arapuá Filmes, do Rio de Janeiro, o longa teve apoio das Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo. As filmagens começaram em 2021, ainda durante a pandemia, e registraram eventos climáticos extremos, como secas e cheias históricas no Amazonas. A fotografia reúne nomes do Rio e da Amazônia, entre eles Valentina Ricardo.

Para Sérgio Andrade, natural de Manaus, Itacoatiaras amplia uma trajetória marcada pela presença da Amazônia no cinema contemporâneo brasileiro. Já Patricia Goùvea estreia no longa documental após carreira consolidada em artes visuais. A parceria resulta em uma obra que une olhares distintos sobre memória, natureza e identidade, reforçando a relevância do cinema produzido na região Norte no cenário internacional.

Eu fui contatado pela produtora Patrícia Gouveia e dei minha humilde contribuição ao projeto ITACOATIARAS, que focaliza um olhar atento e comparativo sobre o bairro de Niterói do Rio de Janeiro, que tem origem indígena, com a cidade de Itacoatiara no Amazonas, que também tem origem nativa e de onde sou natural. Portanto tem essa pegada focalizando os povos originários. E nesse contexto, forneci a equipe dados e fiquei monitorando o regime das águas do Rio Amazonas, recebendo informação do Alexandre Rocha e do Jerry Nelson, que fazem a monitoria do nível do Rio Amazonas em Itacoatiara. Visto que  a equipe precisava fazer filmagens das pedras históricas do Jauarí e do Rio Urubu, que só aparecem nas grandes secas do referidos rios. Foi quando articulei o contato com os moradores da região do Rio Urubu para dar suporte a equipe de produção. E levei também a equipe de filmagem, em alguns locais icônicos para a produção do filme e um deles, foi o sítio arqueológico do Jauari, que dá a origem do nome da cidade de Itacoatiara no Amazonas. E relembrei o tempo da produção cinematográfica francesa Le Jaguar que, agitou levou o nome de Itacoatiara para o mundo ver em 1996.



Por Caio Pimenta e Frank Chaves