terça-feira, 9 de dezembro de 2025

BESAME MUCHO, nasceu de um beijo que não aconteceu!

  

Você sabia que uma das canções mais famosas do século XX — “Bésame mucho” — nasceu do coração inquieto de uma menina de apenas 16 anos, aluna de um colégio católico rigoroso?
Consuelo Velázquez veio ao mundo em 21 de agosto de 1916, no México. Pelo lado paterno, descendia de uma linhagem antiga, que carregava com orgulho a memória de um bisavô ilustre. Mas, por trás dessa nobreza distante, a família enfrentava dificuldades bem reais.
Seu pai morreu cedo, deixando a esposa com cinco filhos para criar. A caçula, Consuelo, foi enviada a uma escola católica — a mãe sonhava vê-la freira um dia. Mas o corpo frágil da menina não suportou as longas horas de oração: os desmaios e tonturas a devolveram para casa.
Um dia, durante uma festa infantil, o destino se aproximou com mãos de músico. Um pianista convidado percebeu como, aos 9 anos, aquela menina pobre dominava as teclas com graça inata. Impressionado, ofereceu-se para financiar seus estudos.
Entrar no Conservatório Nacional foi descobrir que a vida disciplinada das religiosas era suave diante da rotina de um futuro músico profissional: seis a sete horas de prática diárias, sem fins de semana, sem feriados, sem respiros.
E então, no silêncio da adolescência, surgiu a canção.
“Bésame mucho” nasceu não de uma lembrança, mas de um desejo.
Era o retrato de um amor que ainda não existia.
“Eu nunca havia sido beijada”, confessou Consuelo muitos anos depois.
“Era apenas um sonho. Uma fantasia.”
Com medo de escândalo — afinal, uma jovem “decente” não deveria compor sobre beijos — enviou a música ao rádio sob pseudônimo.
Mesmo assim, a fama a encontrou. Rápida. Imensa.
A mãe ficou horrorizada: como a filha, criada para ser freira, podia ter escrito algo tão… “perigoso”? Estava certa de que ninguém jamais se casaria com ela.
As portas de Hollywood se abriram. Ofertas, contratos, cifras tentadoras. Mas Consuelo recusou. Sonhava com a música clássica, não com canções consideradas ousadas demais para sua época. Depois de um mês, voltou ao México — à família, ao piano, ao país onde sua vida ganharia raízes.
Casou-se uma única vez, não por paixão, mas por destino. O noivo foi Mariano Rivera Conde, editor musical da rádio que divulgara sua primeira canção. Pediu sua mão três anos depois de conhecê-la. Ela aceitou — e com ele teve dois filhos. Ficou viúva 30 anos antes de morrer e nunca voltou a se casar.
Consuelo viveu discretamente, com rendas modestas, mas profunda importância cultural.
Deu concertos.
Compôs cerca de 200 obras.
Presidiu a União dos Compositores do México.
Foi deputada.
E tornou-se uma figura respeitada no cenário artístico do país.
Enquanto isso, “Bésame mucho” crescia além de qualquer expectativa:
– sucesso mundial imediato,
– número 1 nos EUA após três anos,
– traduzida para 120 idiomas,
– vendendo mais de 100 milhões de cópias,
– interpretada por mais de 700 artistas, incluindo Beatles, Sinatra, Elvis Presley e Plácido Domingo.
Tudo isso graças ao sonho de uma menina que, aos 16 anos, escreveu sobre um beijo que ainda não conhecia — e que o mundo inteiro nunca mais esqueceu.

Clique abaixo e ouça a música

  


BESAME MUCHO
Letra: Consuelo Velázquez

Bésame, bésame mucho Como si fuera esta noche La última vez Bésame, bésame mucho Que tengo miedo a tenerte Perderte después Quiero tenerte muy cerca Mirarme en tus ojos Y tenerte junto a mi Piensa que tal vez mañana Estaré muy lejos Muy lejos de ti Bésame, bésame mucho Que tengo miedo a perderte Perderte después



fonte:

Estudos Históricos

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Carta descoberta em 2007 em meio ao arquivo do Memorial Visconde de Mauá RJ, de Princesa Isabel para o sócio de Mauá.

 

A carta rompe com os boatos históricos da "rivalidade" entre Mauá e a Monarquia. A verdade aparece clara que além de serem amigos, eram também cúmplices em projetos sociais.
( Visconde de Santa Victoria era o braço direito de Mauá por toda a vida ). Além de que D. Pedro II do Brasil, agraciou Mauá com o título de Visconde anos depois de sua falência, o que mostra a admiração e falta de interesses financeiros.

Trecho da carta de Isabel para Visconde de Santa Victoria sobre o
Futuro dos libertos, Reforma Agrária e Sufrágio Feminino:

“11 de agosto de 1889 – Paço Isabel
Corte midi

Caro Senhor Visconde de Santa Victória
Fui informada por papai que me colocou a par da intenção e do envio dos fundos de seu Banco em forma de doação como indenização aos ex-escravos libertos em 13 de Maio do ano passado, e o sigilo que o Senhor pediu ao presidente do gabinete para não provocar maior reação violenta dos escravocratas.

Deus nos proteja dos escravocratas e os militares saibam deste nosso negócio, pois seria o fim do atual governo e mesmo do Império e da Casa de Bragança no Brasil.

Nosso amigo Nabuco, além dos Srs. Rebouças, Patrocínio e Dantas, poderem dar auxílio a partir do dia 20 de Novembro quando as Câmaras se reunirem para a posse da nova Legislatura. Com o apoio dos novos deputados e os amigos fiéis de papai no Senado será possível realizar as mudanças que sonho para o nosso Brasil!

Com os fundos doados pelo Senhor teremos oportunidade de colocar estes ex-escravos, agora livres, em terras suas próprias trabalhando na agricultura e na pecuária e delas tirando seus próprios proventos, realizando uma grande e verdadeira reforma agrária a quem é de direito.

Fiquei mais sentida ao saber por papai que esta doação significou mais de 2/3 da venda dos seus bens, o que demonstra o amor devotado do Senhor pelo nosso Brasil. Deus proteja o Senhor e todo a sua família para sempre!

Foi comovente a queda do Banco Mauá em 1878 e a forma honrada e proba, porém infeliz, que o Senhor e seu tão estimado sócio, o grande e mui querido Visconde de Mauá aceitaram a derrocada, segundo papai tecida pelos maldosos ingleses de forma desonesta e absolutamente corrupta!

A queda do Sr. Mauá significou uma grande derrota para o nosso Brasil!

Mas não fiquemos mais no passado, pois o futuro nos será promissor, se os republicanos e escravocratas nos permitirem sonhar e realizar mais um pouco.

Pois as mudanças que tenho em mente como o senhor já sabe, vão além da liberação dos cativos e que seus sustentos sejam realizados de forma honrosa.

Quero agora me dedicar a libertar as mulheres dos grilhões do cativeiro domestico, e isto será possível através do Sufrágio Feminino!

Se a mulher pode reinar também pode votar!

Agradeço vossa ajuda de todo meu coração e que Deus o abençoe!

Mando minhas saudações a Madame la Vicomtesse de Santa Vitória e toda a família.
Muito de coração

ISABEL


Fonte: 
Memorial Visconde de Mauá RJ e Museu Imperial de Petrópolis RJ.

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

OUTUBRO - MÊS DAS CRIANÇAS



Você nunca sabe, mas pode ficar atento: vai que algum filho ou filha, sobrinho, ou neto tenha algum veio literário.

Afinal, todo grande escritor já foi criança um dia.

E o primeiro passo para a literatura é o cultivo da sensibilidade. O segundo, o acesso aos livros.

Pense nisso e dê livros de presente no 'Dia das Crianças '



Leituras Livres

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Hoje é 1º de outubro - Dia do vereador!

 

Reconhecemos quem faz a ponte direta entre o cidadão e o poder público. 

O papel do vereador é ouvir a comunidade, propor leis, requerimentos indicar propostas e fiscalizar o executivo. Garante a transparência no uso do dinheiro público e encaminha soluções no serviço de: saúde, educação, cultura, infraestrutura, entre todas áreas da administração pública. 

A cidade avança, quando a Câmara tem representantes atuantes e propositivos, como tem a o Município de Itacoatiara. Parabéns aos vereadores que com o apoio do prefeito, transformam demandas reais em políticas públicas concretas para o bem da população itacoatiarense da cidade e do interior.

terça-feira, 30 de setembro de 2025

A Câmara de Itacoatiara realiza cursos gratuitos para servidores e abertos a comunidade, em parceira com o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas - TCE.


 
Programação - PCJAM

LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS - LGPD (LEI 13.709/2018)
Data: 29, 30/09 e 01/10/2025;
Horário: 13h às 17h;
Público-alvo: Servidores dos Órgãos Jurisdicionados e Sociedade Civil;
Carga Horária: 12 horas;

GESTÃO E FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS
Data: 02 e 03/10/2025;
Horário: 13h às 17h;
Público-alvo: Servidores dos Órgãos Jurisdicionados e Sociedade Civil;
Carga Horária: 08 horas;

Ambos os cursos serão ministrados pelo instrutor André Luiz Braga, que atua no TCE-AM há 13 anos e atualmente está como Assessor de Conselheiro no TCE-AM. André também é Pós-graduado em Direito Civil E Processual Civil, Mestre em Sistema Constitucional de Garantias e Doutor em Direito Constitucional.

As inscrições para os cursos devem ser realizadas diretamente na plataforma do TCE, através do link:
👉 https://ecpvirtual.tce.am.gov.br/

Para aqueles que tiverem dificuldade em realizar o cadastro, o Gabinete da Presidência da Câmara estará disponível na segunda-feira de manhã (29/09) para prestar todo o auxílio necessário.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Como Henry Ford mudou os horários de trabalho no mundo

 

Em 25 de setembro de 1926, Henry Ford tomou uma decisão que transformaria para sempre a rotina de milhões de trabalhadores ao redor do mundo. O empresário, já famoso por ter revolucionado a produção industrial com a linha de montagem, anunciou que seus funcionários passariam a trabalhar 8 horas por dia, 5 dias por semana, sem qualquer redução de salário.

Naquele período, jornadas exaustivas eram a regra. Não era incomum que pessoas passassem 10 a 12 horas por dia nas fábricas, seis ou até sete dias por semana, acumulando mais de 100 horas de trabalho em apenas sete dias. Essa realidade desgastava os operários, comprometia sua saúde e limitava qualquer possibilidade de lazer ou convívio familiar.

A decisão de Ford parecia ousada, mas tinha fundamentos práticos. Ele acreditava que funcionários mais descansados seriam também mais produtivos e cometeriam menos erros. Além disso, via no tempo livre uma oportunidade para que seus próprios empregados se tornassem consumidores de carros, já que teriam energia, renda e dias livres para aproveitar o fruto de seu trabalho. O raciocínio era simples e inovador: se as pessoas passassem a ter finais de semana, poderiam viajar, visitar parentes e, consequentemente, usar automóveis.

Essa mudança ajudou a consolidar o conceito de final de semana como conhecemos hoje. Aos poucos, outras empresas passaram a adotar a mesma medida, pressionadas pela competitividade e pelos movimentos trabalhistas que viam no exemplo de Ford um caminho para melhores condições de vida. Décadas mais tarde, esse modelo seria incorporado às legislações de vários países, transformando-se em padrão internacional.

O gesto de Henry Ford mostrou que reduzir horas de trabalho não significava necessariamente reduzir produtividade. Pelo contrário, podia representar um ganho para empregados e empregadores. A medida mudou não apenas a forma de trabalhar, mas também a forma de viver, abrindo espaço para lazer, convivência social e desenvolvimento cultural.

O 25 de setembro de 1926, portanto, não foi apenas uma data de mudança dentro de uma fábrica. Foi o início de uma nova lógica de organização social e econômica, um marco que ajudou a definir a vida moderna e a relação que temos hoje com tempo, trabalho e descanso.


Curiosonauta


sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Colégio Estadual do Amazonas: quem desaba somos nós - Artigo de José Ribamar Bessa Freire


Toca o telefone. É de Manaus. Ouço gemidos? A voz embargada do médico Ivan Meneghini atravessa mais de 4 mil quilômetros e chega a Niterói carregada de tristeza:  

 O nosso Ginásio Amazonense está desmoronando.         

Fez-se um silêncio ensurdecedor. É compreensível. Falar o quê? Dói. Afinal, foi lá no Colégio Estadual do Amazonas (CEA), com mais de 150 anos, que ambos cursamos, ele o Científico, eu o Clássico. Criado em 1869 como Lyceu e depois Gymnásio Amazonense Pedro II, o prédio de estilo neoclássico inaugurado em 1886 exibe fachada simétrica, frontão triangular e imponente pórtico em cantaria de pedra de Lioz. Tombado como patrimônio histórico do Amazonas em 1988, agora agoniza.

Já seria crime inominável deixá-lo em ruínas: escadas, assoalho, janelas e esquadrias de madeira apodrecidos, livros danificados por goteiras na biblioteca, rede hidráulica e elétrica em pandarecos, riscos de incêndio, sanitários entupidos, paredes descascando, cupins no porão, mato e erva daninha na fachada e no teto que ameaça desabar. Mas o mais grave é que seu valor não é apenas material, vale mais porque guarda tesouro imaterial: as digitais de inúmeras gerações de professores, alunos, bedéis, inspetores, zeladores, faxineiros.

Quantas histórias narradas pelo prédio, que arquiva “lembranças tatuadas nos olhos do tempo”, como cantou o poeta Farias de Carvalho, nosso professor de literatura. Da mesma forma que para Flaubert “Madame Bovary c´est moi”, o Colégio Estadual sou eu e todos que por lá passaram.  Quem desaba com ele somos nós.

Lugar de memória

Foi palco de eventos artísticos, torneios esportivos, festas juninas, quermesses, formaturas, trotes, desfiles cívicos com farda de gala e banda marcial, que lhe conferiram uma aura simbólica. Salas, escadas e corredores guardam afetos, emoções e recordações de convivência, que tecem nossa identidade coletiva. No conceito do historiador francês Pierre Nora, o prédio é “lugar de memória”, uma entidade viva e que, no caso, agoniza e pode sepultar com ele nossas saudades indormidas, nossos “sonhos alados” e os vestígios de nossos passos.

– Dos passos que foram dados, nem marcas restam no chão – lamenta o poeta Ernesto Penafort, que entrou sorrateiramente no meu sonho.

Depois de insônia causada pelo telefonema do meu cunhado, sonhei de olhos abertos que, munido da espada do quinto mosqueteiro, subia as escadarias do CEA. Lá dentro, o “poeta do azul”, o ex-ginasiano Penafort, me serviu de guia. Cruzamos com fantasmas. Não eram assombrações, mas espectros do bem, sombras envoltas em nuvem de vapores densos pertencentes a diferentes gerações, que viveram anos fundamentais de suas vidas naquela que, durante décadas, foi a única instituição de ensino público do Amazonas.

– Olha quem está ali – gritou Penafort ao entrarmos no ano 1930.  

Era o aluno Mário Ypiranga com a farda de grosso cáqui cinza-escuro e o escudo do CEA – um castelo de metal. Com seus colegas, resistia na “revolução ginasiana”, quando as salas do prédio foram invadidas por soldados da Polícia para prender estudantes que haviam “morcegado” bondes. Muitos presos, alguns feridos. No dia seguinte, os ginasianos foram às ruas, colocaram pedras e passaram sabão nos trilhos dos bondes, que descarrilharam. A manifestação criou um caos tão grande, que mudou a vida política do estado.

O Diretor Geral de Instrução Pública, Agnello Bittencourt, pediu demissão em agosto de 1930, alegando que “não podia continuar a servir uma administração que autorizara o vandálico tiroteio de um templo, sendo eu parte de seu corpo docente”.  O governador Dorval Porto foi deposto em outubro. O aluno Mário Ypiranga vibrou.

Amor e memória     

A desavença com a polícia continuou.  Dez anos depois, encontramos dentro do prédio a sombra do menino Thiago de Mello, que cursava a 5ª série e narrou outra manifestação da “revolução ginasiana”, a de 1940. A cavalaria da Polícia, com uma pinimba histórica contra os alunos, invadiu uma vez mais o espaço do CEA diz-que para manter a ordem numa quermesse realizada em suas dependências. Os estudantes realizaram uma passeata e, com apoio popular, apedrejaram as casas do chefe de polícia e de políticos corruptos.

– Está tudo no jornal O Castelo do Grêmio Estudantil, mostrando como o CEA sempre se posicionou diante dos acontecimentos políticos locais e nacionais – disse Thiago, que repetiria já adulto essa conclusão no livro Manaus, Amor e Memória no qual entrevista os protagonistas desses fatos.

Thiago apresentou as sombras de alguns colegas. Raimundo Castro, o “Cavalo Velho”, puxava de uma perna, tinha cicatriz no rosto e uma mãe que um dia convidou o futuro poeta a comer supimpa rabada de agrião e suculento refresco de taperebá. José Lindoso tão distraído calçava um sapato de cor diferente em cada pé. No momento em que Thiago dizia que todos os professores eram catedráticos concursados, o Cangalha, chefe-geral de disciplina, tocou a campainha para anunciar o início da homenagem a Vivaldo Lima, já aposentado.  

– Vamos escutar o que o Vivaldo vai falar – disse Penafort.

A sombra daquele que viria a ser nome de estádio de futebol, em seu discurso, deu três sábios conselhos: 1) Quem não conhece os bairros pobres de Manaus, que os visite para aprender com a vida deles; 2) Sempre vale a pena defender a verdade, mesmo que no começo a gente pareça perder; 3) Fiquem sempre do lado daquilo que é justo e correto.

Pescador de memória

O relógio dispara celeremente ano após ano e as sombras se revezam. Paramos em 1963 ou 1964 em uma sala com cheiro do perfume Bond Street. Uma voz dava aulas de história geral sobre Maomé ou o Império Gupta, não lembro bem.

– Bom dia, jovens! – saudou o fantasma que soltava fumaça de cigarro Hollywood pelo nariz. Ele se aproximou e me colocou um óculos de grau. Comecei a ver tudo com nitidez. Era o professor de História, Manoel Octávio, que nos abriu os olhos para o mundo. Na sala alunos que já partiram: Lana de Lys, Ilmar Faria, Flávio Farias, Djalma Limongi, Glória Bezerra. Outros vivos: Helenice Garcia, Henriette Cordeiro, Lenita Arone, Arabi Amed, Ceronir Freire, Denise Benchimol, Tereza Porto Melo, Yedda Guerra, Paulo Jacob.

No mesmo ano, em outra sala, Farias de Carvalho, fundador do Clube da Madrugada, tal qual “um pescador debruçado sobre a superfície silenciosa desbotada do rio da memória” retirava do seu Baú Velho lembranças e reminiscências ali armazenadas. Declamava uma aula aplaudido por Tenório Telles, um ginasiano honorário:

“Meus mortos hão de vir no fim da tarde. / Aguçai vossos dentes, cães do tempo, / vamos comer a morte no crepúsculo”.

Para jantar a morte, fizemos romaria sala por sala. Lindalva Mota, apelidada de “Por-conseguinte-então”, ensinava lógica, silogismo, premissas. Cônego Walter comprovava que “filosofia é a ciência com a qual ou sem a qual, a gente fica tal e qual”.  Na aula de inglês, Miss Bell canta com voz gasguita God bless America, my home sweet home e jura que a democracia está no DNA dos EUANa turma de francês, o professor Miguel Duarte garante que “le lion est le roi des animaux” e capacita os ouvintes para se relacionarem com os bedéis.

Triste epílogo

Hoje inexiste funcionário denominado bedel. Mas no sonho focado nos anos 1960, Penafort conversou com bedéis que circulavam pelos corredores, entre eles Pierre Pirroquê, apelido afrancesado de Pedro Piroca, cujo irmão mais velho era Paulo – o Pirocão e o caçula Saulo – o Piroquinha, apelidos dados não por razões de grandeza anatômica, mas pela ordem de chegada ao mundo.

O chefe dos bedéis era seu Henrique, que viveu 95 anos e morava em uma edícula no terreno nos fundos do ginásio, onde criava um bode fedido de nome Castelo, mascote nas paradas cívicas de 5 e 7 de setembro. O bode com “farda de gala” abria o desfile, seguido por uma pessoa com síndrome de Down – o Bombalá considerado pelo preconceito da época como “doidinho”.  Vestido com calça “pega-marreca”, ele usava um cabo de vassoura como batuta e regia a banda marcial.  

Os protagonistas de muitas histórias estão no livro Gymnasianos de Osiris Silva, que foi presidente do Centro Estudantil Plácido Serrano em 1963. Lá ele discorre sobre os concursos literários, de oratória e de júris simulados e menciona esse humilde locutor que vos fala:

– Foi no concurso de contos que o Ribamar Bessa ganhou o primeiro lugar com o conto “Triste Epílogo”, tendo recebido uma caneta em solenidade simples”.

O título parece antecipar o triste desenlace do prédio. Se ele cair, lembranças como essas serão sepultadas sobre os escombros. A ameaça é real. O sinal de abandono é visto de fora pela vegetação que se espalha pelo teto. A natureza retoma o seu lugar diante da humana negligência – ironiza Felix Valois, ex-ginasiano. 

– “O que o governador Wilson Lima está esperando para restaurá-lo? Que o teto e as paredes caiam sobre a cabeça de estudantes e professores que há anos vêm pedindo socorro por conta do avançado grau de deterioro e insegurança?” – pergunta a professora de História e sindicalista Gleice Oliveira.

Talvez o governador bolsonarista Wilson Lima – o Vil Son – esteja praticando o “prediocídio” para apagar essas histórias, especialmente a da “revolução ginasiana” que derrubou o governador Dorval Porto. Ele confia na impunidade. Afinal, durante a pandemia comprou ventiladores hospitalares inadequados para o tratamento de pacientes com Covid-19, com sobrepreço de 133,67%, segundo o Ministério Público. Quem vendeu – pasmem – foi uma Adega de Vinho. Os ventiladores tomaram um porre e nada aconteceu. Os tempos agora parecem ser outros.

Estudantes do Colégio Estadual, o prédio vai cair se não houver reação. Mobilizem-se.

Ah! Tempo, tempo malvado. Tempo, você está nos enganando?

Referências

Agnello Bittencourt. Dicionário Amazonense de Biografias. Vultos do passado. Rio. Conquista. 1973.

Tenório Telles. Clube Madrugada. Presença Modernista no Amazonas. Manaus. Editora Valer. 2024

Thiago de Mello. Manaus: Amor e Memória. 4ª edição. Manaus. Editora Valer, 2004

Osiris Silva. Gymnasianos. Manaus. Editora Cultural. 20


Por: José Ribamar Bessa Freire*

02 de setembro de 2025

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Após 22 anos, a Câmara Municipal de Itacoatiara lança Edital de Concurso Público 001/2025


A Câmara Municipal de Itacoatiara anunciou, nesta quarta-feira (10), o lançamento oficial do Edital de Concurso Público 001/2025, marcando um momento histórico para o município. O último certame da Casa Legislativa havia sido realizado há 22 anos.

O concurso oferecerá vagas para os seguintes cargos:

Analista de Controle Interno – 02 vagas

Assistente Técnico Legislativo – 08 vagas

Auxiliar Técnico Administrativo – 05 vagas

Agente de Segurança Legislativo – 07 vagas

Copeiro – 04 vagas

Motorista – 02 vagas


Período de inscrições: 22 de setembro a 13 de outubro de 2025.

Edital completo disponível no site: https://inbrasp.org/index.php?menu=concursos&acao=ver&id=684


Durante o ato simbólico no plenário, o presidente da Câmara, vereador Arialdo Guimarães, acompanhado dos demais parlamentares, destacou a importância do certame:

“Este é um marco histórico para o nosso município, pois há 22 anos não se realizava um concurso público na Câmara. O concurso visa fortalecer a estrutura administrativa da Câmara Municipal, garantindo a seleção de profissionais qualificados por meio de critérios técnicos, reafirmando nosso compromisso com a eficiência e o bom funcionamento do Poder Legislativo”.

O edital representa uma grande oportunidade de ingresso no mercado de trabalho, reforçando o papel da Câmara como instituição comprometida com a transparência, a legalidade e a valorização do serviço público.

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Conheça a história de Teresa Cristina, a santinha itacoatiarense.

Túmulo de Santa Teresa Cristina, no Cemitério de São João Batista, em Manaus.

Teresa Cristina Baltazar Nabullsi (29 de abril de 1964 - 28 de abril de 1971) é a santa popular mais jovem de Manaus. Filha de mãe católica e pai muçulmano, nutria grande interesse por assuntos religiosos. No ano de 1971 faleceu em um acidente aéreo no Aeroporto de Ponta Pelada. A mãe de Teresa, sobrevivente, tentou ajudá-la, mas ela morreu carbonizada entre os destroços da aeronave.

Passados seis meses após o desastre, sua mãe, dona de uma pensão no Centro, recebeu a visita de um imigrante, sem dinheiro, que pediu para ficar hospedado. A senhora lhe acolheu. No outro dia, esse hóspede foi até a casa da família de Cristina para acertar os detalhes da hospedagem. Chegando no local, viu um quadro da criança e perguntou quem ela era. A senhora disse que era sua filha. Ele disse que foi aquela criança que o guiou até a pensão. A mãe de Teresa disse que isso era impossível, pois há meses a criança morrera em uma acidente aéreo. Curiosa, ela perguntou onde a encontrou. Ele disse que encontrou Teresa brincando na rua, perto de uma casa velha.

O local descrito era a antiga residência da família, abandonada após o acidente. O boato de sua aparição se espalhou rapidamente pela cidade. Um outro hóspede, com uma doença degenerativa que estava lhe tirando a visão, fez orações a Teresa Cristina, sendo curado. Nos dias de hoje, seu túmulo é bastante visitado por pais acompanhados de seus filhos e por membros de sua família, que deixam pirulitos, bombons, refrigerantes e brinquedos como pedidos de intercessão e em sinal de agradecimento. (SANTOS, 2008)

Eu conhecia a mãe da Tereza Cristina, que fazia parte da minha família, que se chamava Terezinha. Minha avó tinha um retrato dela grande na sala de sua casa e sempre fazia preces pra ela. Acho que fez até algumas pra mim enquanto estudante para eu ser bem sucedido nos estudos. Sua mãe Terezinha, contava com aflição a morte trágica de Cristina, que morreu queimada em um acidente aéreo, com destino a São Paulo. Onde houve uma pane no avião, ainda na pista do aeroporto de Manaus. E ainda conseguiram para o avião em chamas e muitos se salvaram. Mas Cristina que estava ao lado da mãe, ficou presa com o cinto do avião, que desesperadamente sua mãe, tentou tira-la más não conseguiu e foi retirada com queimaduras em todo o corpo, seu rosto e braços era visível as marcas.

Ela dizia que queria ter morrido abraçada com a filha, mas alguém a puxou com força do local do incêndio e atirou do avião, para salva-la e a menina linda de 7 anos, não teve a mesma sorte e faleceu. O acidente comoveu Manaus na época e sua mãe Terezinha ficou conhecida pelo sofrimento que carregava. E que depois, transformou o sofrimento em luta em favor de crianças doentes, dos mais pobres e necessitados em memória da Santa Terezinha.

Ainda visitei sua casa no Japiim, onde sua mãe mantinho o quarto de Cristina, intacto, como se ela ainda viva fosse, tudo preservado, com sua cama arrumada, com o quarto acarpetado com pelúcia e suas sandálias postas debaixo da cama, como se ela fosse chegar a qualquer momento e calça-las. Com a família, fui quando garoto, no inicio da década de 80 ao São João Batista visitar o seu jazigo e era esse mesmo da fotografia. E já se falava na época dos milagres, que tinham o mesmo público da Itelvina, com presença marcante de alunos e mães pedindo bençãos para seus filhos passarem de ano e cura de doenças infantis.

E colocavam muitos cadernos, livros, bombons e até dinheiro no jazigo. Lembro que a Terezinha recolhia e repassa para a paróquia da região. Ela tinha muitos seguidores e recebia doações, que ela também repassa para obras de caridade. Depois que a Terezinha, mãe da Tereza Cristina morreu, o jazigo ficou desassistido, pelo que pude perceber. Pois ano passado fui a procura de outro jazigo de um ente querido da minha família no São João Batista. E fui visitar o jazigo da Cristina e notei que não recebia uma manutenção há muitos anos, lamentavelmente, mas que percebi, que ainda recebia flores e algumas oferendas. Ao ver o local fiz uma viagem no tempo.

Depoimentos:

Me chamo Georgete Mubarac, sou natural de Itacoatiara e convivi com a Teresa Cristina, meu pai era Patrício de seu pai, ambos libaneses, lembro de passear de bicicleta com ela, após a tragédia, viemos a Manaus, meu pai, minha mãe e eu para visitar D. Teresa (sua mãe) que perdera não só a filha, seu marido também morreu no acidente daquele avião que incendiou, lembro de seu corpo com sequelas por conta das queimaduras. Seus pais tinham uma pequena pensão na rua Dos Andradas aqui em Manaus. Todas as vezes que meu pai precisava vir a Manaus, ficava hospedado lá, ele sempre me trazia por ser a única filha mulher e porque tinha a Teresa Cristina para brincar, ela era a única filha mulher da D. Teresa. Minha família ficou abalada com essa tragédia. https://www.instagram.com/georgete.mubarac/

Eu fui várias vezes aí, no cemitério São João Batista com minha avó materna, todas as segundas feiras. Conheci a mãe de Teresa Cristina. Enquanto minha avó ia ao cruzeiro ascender velas às " almas penadas ", eu ficava no túmulo de Teresa. Temos que aprender a respeitar o que cada um acredita...se não acreditarmos, o viver se tornará mais difícil do que está. Paz e Luz para todos, inclusive para os que já partiram antes de nós! https://www.facebook.com/jacqueline.taketomi?comment_id=Y29tbWVudDoxMjQ0MTYxNjM2ODIyMDk2XzU4MzgxODQzNDIyNzExNA%3D%3D&__cft__[0]=AZWdzvAbYVVwuKJelh-7QA-xRFXi-ApH_WCUEVSjL20w72FJRZsmuyrCndsp3Bql3wRBazTJTf6d5Oq2dflwcRzYlt1vhEwBAyv5Hnm_0tM8aYN9sObnw7AjxrWXPBROsZPbRPzBARSlEbNIaOyh9j3ilOZsMfeh6Lgh8pYaE_UDYg&__tn__=R*F

Fiz promessa pra Telvina! Precisa de muita nota pra passar do segundo ano e acredite, passei e nem fui pra recuperação. No outro ano, estava lá pagando minha promessa! Meu caderno já esteve entregue em seu túmulo. https://www.instagram.com/isabellevalois/

Minha mãe trabalha na rua major Gabriel esquina com a boulevard, onde ficava o prédio da Semef, ela me levava pro trabalho dela quando eu tinha uns 11 anos, sempre ia no túmulo da Teresa Cristina brincar com as bonecas dela, passava o dia brincando lá, era muito legal, fiquei quase um ano nessa rotina de segunda a sexta pela parte da manhã, pela tarde eu ia pra escola, certo dia eu furei meu pé no prego enferrujado e não falei nada pra minha mãe, fiquei muito mal febre alta, nesse dia me lembro muito bem que a Teresa ficou do meu lado sempre, brincava muito com ela, minha mãe descobriu um vermelhão no meu pé e viu a furada do prego, ela me levou pro hospital, estava infeccionada, graças a Deus que deu tempo de tomar as vacinas pra tétano e os antibióticos, em fim estou aqui pra contar minha experiência te ter visto a Teresa Cristina, ficou todo tempo do meu lado quando eu estava doente, minha mãe falou que eu ria muito e chamava o nome da Teresa quando eu estava com febre 😍 ela me ajudou e ficou comigo, acho que eu tinha uns 12 anos. https://www.instagram.com/sarrandramamede/

Curiosos e fiéis vão à sepultura da menina todos os anos. Segundo Lígia Lopes, de 39 anos, "a menina é realmente uma santa". "Venho aqui rezar por esta criança todos os anos. Minha irmã sofria de depressão, e pedi que Terezinha curasse a doença dela. Hoje minha irmã está bem. Tenho certeza que ela levou meu pedido a Deus", relatou. G1 - Fiéis homenageiam mortos considerados milagrosos no AM - notícias em Amazonas

De acordo com o Jornal do Commercio o nome da criança constava inicialmente na lista de feridos. O avião acidentado era um DC6 matrícula FAB2414. https://www.instagram.com/frger_1/

Minha mãe estava neste avião e lembra dela sempre fala sobre ela no avião. https://www.instagram.com/finkpordentro/

Quando criança conheci dona Tereza mãe dela... se dedicava a cuidar de tudo q a filha deixou, inclusive o túmulo q está abandonado e mal cuidado... 😢 triste https://www.tiktok.com/@eritoncruz1204

Eu toda vez que vou no cemitério São João Batista eu asendo vela para ela 🥰🥰 https://www.tiktok.com/@ronyperes35763

Conheço o túmulo dessa criança fica perto da quadra do túmulo do meu pai, realmente sempre tem lembranças e velas acesas no túmulo dela https://www.tiktok.com/@soniamariasantos483

A mãe de Tereza Cristina ,já falecida chamava-se Tereza e era madrinha de meu filho mais velho https://www.tiktok.com/@user3806721016581




FOTOS:
Fábio Augusto de Carvalho Pedrosa.

FONTE:
SANTOS, Fabiane Vinente dos; MAIA, Jean Ricardo Ramos. Hagiografia de cemitério: História social e imaginário religioso nas canonizações populares em Manaus. Os Urbanitas, SP, v. 5, 2008.

E Frank Chaves

Você sabia que o Estado do Amazonas já foi do Pará? Entenda a independência e o feriado de 5 de setembro!

 

5 de setembro: o dia em que o Amazonas se tornou independente do Pará. — Foto: Divulgação/Governo do Amazonas

Há 175 anos, o Amazonas deixava de ser subordinado ao Pará e se tornava uma província com autonomia administrativa, abrindo caminho para sua história e desenvolvimento.


  • Em 5 de setembro de 1850, o Amazonas deixou de ser subordinado ao Grão-Pará e se tornou oficialmente uma província do Império.

  • A emancipação ocorreu em meio a conflitos e desafios.

  • O desejo de emancipação recebeu apoio de deputados provinciais e do parlamento.

  • A criação da província também abriu a navegação do Amazonas a navios de outros países.

  • Com a nova província, o Amazonas passou a se integrar mais ao comércio internacional.



Durante décadas, o Amazonas viveu subordinado ao Pará, sem poder decidir seus próprios rumos. Em 5 de setembro de 1850, essa situação começou a mudar. A data, que passa despercebida para muitos brasileiros, é celebrada no estado como marco de sua emancipação política: foi quando o território deixou de ser subordinado ao Grão-Pará e se tornou oficialmente uma província do Império.


Nesta sexta-feira (5), o g1 relembra os 175 anos desse momento e mostra como o Amazonas conquistou voz própria na história do Brasil.


A emancipação ocorreu em meio a conflitos e desafios. Após a sangrenta Revolta da Cabanagem, que matou cerca de 25% da população local, o governo imperial, temendo perder o controle da região, passou a considerar a divisão do Pará.

O desejo de emancipação recebeu apoio de deputados provinciais e do parlamento. Em 1850, Dom Pedro II sancionou oficialmente a criação da Província do Amazonas, marcando o início de sua trajetória, segundo o escritor e pesquisador Roger Perez.

"Em 1850, nós éramos politicamente subordinados à Província do Grão-Pará, sujeitos às suas decisões e vontades. Isso ia contra o desejo natural do povo amazonense de tomar as rédeas do próprio destino. Mesmo antes do ciclo da borracha, já sonhávamos com nossa autonomia política. Queríamos decidir nossos próprios rumos, tanto administrativos quanto políticos", disse Perez.

O projeto contou com apoio dos deputados provinciais e senadores, que também discutiam a emancipação do Paraná. Na época, políticos paraenses apoiaram a criação da nova província.


O projeto contou com o apoio dos deputados e senadores, que discutiam também a emancipação do Paraná, além da do Amazonas. — Foto: Semcom

"Esse avanço só foi possível com apoio político. O deputado Tavares Bastos, da Assembleia Provincial, foi um dos articuladores que ajudaram a viabilizar a separação. Ao lado dele, se destacou João Baptista de Figueiredo Tenreiro Aranha, paraense que defendeu a criação do Amazonas", explicou.

Após a análise do Congresso, Dom Pedro II sancionou a lei que criou o estado do Amazonas em 5 de setembro de 1850. No entanto, a proposta só saiu do papel dois anos depois.

"Era um anseio muito antigo que nós realmente obtivéssemos a nossa independência do Pará. Então foi muito celebrado. A partir daí, um novo horizonte se abriu para a antiga Capitania do Rio Negro. Foi uma nova vida, realmente. É por isso que é tão celebrado, tão lembrado, porque na verdade é o antes e o depois. É antes de 1850 e depois de 1850. Tudo foi muito diferente a partir de 1850 para nós. A Manaus de 1850 era uma, a Manaus de 1900 era outra. Completamente diferente", disse Perez.

A criação da província também abriu a navegação do Amazonas a navios de outros países. Antes, o governo de Dom Pedro II restringia a circulação de embarcações estrangeiras, por interesse econômico ligado ao ouro, à borracha e às riquezas naturais da região.

Com a nova província, o Amazonas passou a se integrar mais ao comércio internacional. Produtos e mudas deixaram de ser contrabandeados, e a borracha pôde ser exportada legalmente. Isso impulsionou o desenvolvimento econômico e a circulação de riquezas no estado.


Amazonenses celebram a data como um momento de reflexão e orgulho. — Foto: Michael Dantas/SEC-AM

Hoje, os amazonenses celebram a data como momento de reflexão e orgulho. A comemoração lembra o que o estado foi, o que se tornou e o que ainda pode ser. É uma homenagem à história, à identidade do povo e às conquistas que moldaram o Amazonas, inspirando novas gerações a construírem o futuro da região.

"É uma data que marca a nossa história, que lembra quem somos e de onde viemos. Por isso, celebrar essa data é celebrar a memória do nosso povo, as nossas raízes", concluiu Perez.



Por Matheus Castro, g1 AM — Manaus

 

Consulta de opinão